quinta-feira, agosto 31, 2006

Marcha a ré

Hélio Schwartsman
Comentário no Pensata da Folha, dia 31/08/2006

Definitivamente, eu deveria desistir de abordar assuntos como eleição, que despertam reações muito mais emocionais do que racionais. Sempre que me meto a comentar temas com essa característica, vejo-me em maus lençóis: cada um lê o que bem entende --independentemente do que esteja escrito-- e chega às conclusões que já tinha. E o resultado prático disso é que eu me sinto como quem prega ao vento e ainda passo por mal educado, pois não dou conta de responder a todas as mensagens que recebo. É em nome da polidez, portanto, que tento desfazer alguns dos mal-entendidos provocados pela coluna da semana passada. Ficam as minhas desculpas a todos aqueles aos quais não fui capaz de enviar uma resposta personalizada.
Posso ser acusado de muitas coisas, mas militar pela causa tucana não é uma delas. Falar mal do PT não torna uma pessoa automaticamente peessedebista. Existem situações às quais o princípio do terceiro excluído não se aplica. É verdade que não pedi o afastamento do presidente Fernando Henrique Cardoso por conta do escândalo da compra de votos. Nem poderia fazê-lo, pois, à época (1997), não dispunha desta coluna. E, já que parece ser necessário exibir credenciais anti-PSDB a fim de obter licença para escrever o que penso, posso afirmar que, em maio de 2001, no texto "O apagar de uma era, ou o Iluminismo de FHC", disse que, se o então presidente tivesse decência, teria renunciado ao cargo depois da megatrapalhada do "apagão", a crise de falta de energia elétrica. Incompetência administrativa, infelizmente, não está entre as razões que justificam o impeachment.
Também devo rejeitar a acusação de golpista a mim pespegada. Assim como não era golpe pedir o impeachment de FHC, tampouco o é fazê-lo em relação a Lula. O "Aurélio" define "golpe de Estado" como "subversão da ordem constitucional". Ora, o afastamento do presidente da República por crime de responsabilidade está previsto na Carta. Não pode assim, por definição, ser considerado contrário à Lei Maior. E em nenhum instante sugeri que devêssemos erguer barricadas ou sair às ruas para depor Lula. A rigor, afirmei desde o primeiro instante que não acreditava que houvesse condições políticas para processar o presidente e menos ainda para tirá-lo definitivamente do cargo. Limitei-me a lamentar o prejuízo institucional que advém do fato de termos flagrado o círculo íntimo do presidente da República metido numa série de falcatruas e nada ter ocorrido. O triunfo da impunidade esfacela o ideal republicano da universalidade da lei.
Não estou afirmando aqui que o PT é mais ou menos corrupto que o PSDB. Não creio que os petistas tenham realmente feito muito pior do que seus antecessores. Acho que, em 1997, havia, sim, elementos suficientes para pedir o afastamento de FHC. Só que o fato de o tucano ter-se safado no passado não é argumento para que deixemos de aplicar a lei agora. Não estamos numa gincana da fraude na qual o benefício uma vez dado a um dos times deve ser estendido ao outro.
Numa República não é assim que as coisas deveriam funcionar. Assassinos escapam da punição todos os dias. Só que isso não é argumento para que o policial diligente deixe alguém apanhado com a faca e o cadáver na mão sair livre. Goste ou não, o agente da lei está obrigado a prender o sujeito.
Aos que me cobraram "provas", recomendo dar uma olhadela na denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que não é exatamente um tucano. Foi escolhido para o cargo pelo próprio presidente Lula e fez seu trabalho com base em dados recolhidos pela Polícia Federal, também sob comando do governo. Nas 136 páginas de seu relatório, Souza não economizou nas passagens do Código Penal. Não apenas "confirma" o mensalão como viu na ação de auxiliares do presidente indícios dos delitos de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Escreveu com todas as letras que o objetivo do consórcio criminoso era "garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores mediante a compra de suporte político de outros partidos e do financiamento futuro e pretérito das suas próprias campanhas eleitorais".
O próprio Lula em momentos de maior fragilidade reconheceu que houve desmandos. Chegou a afirmar que fora "traído" e que o partido e o governo deviam "desculpas" ao país. Temos, portanto, que o mensalão é bem mais do que o fruto do delírio de um oposicionista imaginoso. Também não acredito que os parlamentares do PT apanhados com recursos obtidos através do esquema urdido pelo publicitário Marcos Valério Souza tenham sido remunerados para votar a favor do governo --hipótese que parece meio besta. O fato é que foram agraciados com dinheiro ilegal, muito provavelmente desviado de estatais, e isso é inadmissível. Pouco importa se os montantes foram usados para saldar dívidas de campanha ou para comprar iates ou TVs de plasma. Não será restringindo as possíveis significações do termo "mensalão" que os crimes cometidos se tornarão mais palatáveis.
O que me incomoda na cada vez mais provável reeleição de Lula não é a aprovação popular a seu governo. Como todo administrador, Lula fez coisas boas e ruins. Cada eleitor é o melhor juiz do quanto houve de acertos e de erros. Preocupa-me é o novo limiar que atingimos no campo da ética. Se há uma idéia que o primeiro governo Lula consagra, é a de que todos os políticos metem a mão, cabendo ao cidadão escolher os que fazem mais coisas em favor da população. Essa é uma concepção empobrecedora. É claro que a carreira política sempre atrairá aproveitadores. Daí não se segue que apenas réprobos a abracem. E haverá tanto mais picaretas na vida pública quanto mais formos leniente na hora de julgá-los nas urnas.
Longe de mim defender uma cruzada moralista. Elas normalmente apenas escondem vícios ainda piores. Em geral as coisas andam para a frente, seja no plano da economia, dos indicadores demográficos e sanitários. Apenas em situações extremas, freqüentemente associadas a guerras e outras catástrofes, é que essas estatísticas pioram. Receio que, no caso da tolerância para com o mau comportamento de políticos, estejamos, contra a ordem natural das coisas, caminhando para trás. Não tanto porque o PT tenha se revelado um partido pior do que os outros, mas principalmente porque a legenda que simbolizava a intransigência no campo ético se mostrou um partido voracissimamente igual aos demais.

Comentário disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u258.shtml

Claudino lidera no IPOP

Está na edição desta quinta-feira (31/08) do jornal Meio Norte o resultado da mais nova pesquisa IPOP para senador. Pela primeira vez o candidato João Vicente Claudino (PTB), aparece com maior número de intenções de voto do que o principal concorrente Hugo Napoleão (PFL).
JVC aparece com 35% das intenções de voto, seguido por Hugo com 31,75%. Logo atrás estão os candidatos Freitas Neto (PSDB), com 8,97%, Ary Magalhães (PMDB), com 1,23%, e Marcus Vinícius (PMN), 1,14%. Geraldo Carvalho (PSTU), Tóim (PSL), Idelfran (PSDC), Zilton Duarte (PSOL) e Chaguinha (PCO) surgem com menos de 1%.

Ver matéria completa em http://www.180graus.com/home/materia.asp?id=70917

quarta-feira, agosto 30, 2006

A reforma que precisa ser feita

Pego carona no bom artigo do Osvaldo Júnior para seguir no tema das necessárias reformas no sistema político brasileiro.
Quando falamos em reformas, devemos sempre ter em conta que nenhuma mudança se dá em que os atores que a realiza saiam perdendo por livre e espontânea vontade. Quem reforma, reforma tentando ficar bem na foto. E quando cede alguma coisa, é porque a pressão dos contrários assim obriga – e mesmo nesse caso tenta-se perder o menos possível. Um bom exemplo é a idéia da cláusula de barreira: todos os partidos pequenos (do Prona, à direita, ao PCdoB, à esquerda) são contrários a esse dispositivo que obriga o partido a ter um desempenho mínimo.
E olha que a tal barreira, aqui, não vai excluir a representação do partido, como ocorre nas democracias mais maduras, mas tão-somente retirar benefícios como o fundo partidário.
Assim, olhando para o quadro das reformas, somente uma forte pressão desde a sociedade pode garantir uma mudança substancial na próxima legislatura. O problema é que não há essa pressão, a não ser de alguns setores acadêmicos.
No campo político, todos esperam ver como fica a contagem dos votos. Depois disso, estrebucharão conforme o resultado: os que ficarem abaixo dos 5%, contra a barreira. Os bem votados, pela barreira e, quem sabe, até pela fidelidade.
O certo mesmo é que o sistema político brasileiro tem um grave defeito a partir do sistema de partidos, um dos mais frágeis do mundo, segundo estudos de especialistas brasileiros e estrangeiros.
Vale notar alguns desses problemas mais graves:
1.. Não há fidelidade partidária. Quer dizer: os partidos sempre serão frágeis. E as promessas de campanha nunca são do partido, e sim do candidato, o que torna tais promessas textos escritos na areia. A falta de fidelidade alimenta os mensalões da vida.
2.. A cláusula de barreira (os tais 5% da votação nacional) é um arremedo. Precisaria ser mais rígida, extinguindo a representação dos pouco votados, das siglas der aluguel. A possibilidade de criar partidos e a migração alimentam os nanicos, que vitaminam a indústria do governismo muito bem remunerado com o dinheiro público.
3.. Ultra-fragmentação partidária. É um problema grave, aleijão gerado pela facilidade para formação de partidos, a falta de barreira e a ampla possibilidade de migração. E tamanha fragmentação compromete a governabilidade.
4.. A eleição de lista aberta. Ela enfatiza o personalismo e cria disputa dentro dos próprios partidos (por exemplo, Átila contra R. Sá, Nazareno contra Antonio José, Mussa contra Mainha: quem ficar na frente do outro será o eleito do partido...). Nas democracias maduras, a lista é fechada, seguindo a ordem indicada pelo partido.
5.. O financiamento público de campanhas. Seria uma forma de reduzir a força do poder econômico, ainda que esse problema não se resuma a uma questão política. O caixa 2 existe no Brasil também (e sobretudo) por um problema fiscal. Somos o país da sonegação. E dinheiro que oficialmente não existe não vai ser declarado nunca.
Tem mais: questiona-se a validade do segundo turno. Sem segundo turno, as alianças tenderiam a ser mais amplas desde a campanha e, com fidelidade, seriam preservadas no governo.
Isso gera partidos mais coesos e uma governabilidade mais sólida.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Se o sistema político é ingovernável, por que não se consegue reformá-lo?

O atual sistema político brasileiro, após o último processo de centralização de poder protagonizado pelo regime militar, estruturou-se no veio das demandas democráticas reprimidas, dando vazão aos diversos interesses de grupos nacionais. Essa nova dinâmica resultou em elevado número de partidos políticos que passaram a compor o novo cenário nacional. A Constituição de 1988 revelou-se como o grande anteparo desses interesses e também como o garantidor de regras que acabaram fracionando sobremaneira a outorga depositada pelo eleitor. Dessa forma, maiorias estáveis e representativas no Congresso Nacional, necessárias à governabilidade, não são alcançadas em concomitância à escolha do representante do Executivo, tendo este que construir e reconstruir alianças para a aprovação dos itens pautados na agenda governamental, no âmbito do Parlamento. Tal fato é refletido na composição de cargos da administração direta e indireta.
Nesse contexto, alguns pontos se mostram de inquestionável relevância para o entendimento desse panorama político. O primeiro deles é detectar quais as imperfeições no atual sistema político nacional, depois, como essas imperfeições são refletidas no Executivo e quais são suas conseqüências, e por fim como essas se reproduzem e qual o caminho para aperfeiçoá-las.
Nossa primeira tarefa não é a das mais difíceis, pois há vasta literatura e um significativo consenso de que o sistema eleitoral proporcional, tal como está posto no Brasil, fragiliza os Partidos ao tempo em que induz a escolha do eleitor com base em personalidades, o que gera um ambiente de conflitos dentro da própria agremiação. Além disso, o resultado da eleição majoritária (no caso do Executivo Federal) geralmente não é refletido na composição do Parlamento, isto é, o partido que elege o Presidente da República não consegue cadeiras suficientes para compor uma maioria nas Casas Legislativas, necessitando, pois, de formar coalizão de vários partidos para governar. Mesmo com alianças eleitorais prévias para a disputa do voto, quando os partidos unem-se para ganhar musculatura, a realidade tem mostrado que novos ajustes são necessários para que se possa movimentar uma agenda de votações no âmbito do Congresso Nacional.
Isso nos leva diretamente ao segundo ponto, pois os interesses que guardam cada nova legislatura são refletidos no cenário político de costura de alianças. Indubitavelmente, a franquia de postos de poder na máquina administrativa passa a ser pedra-angular na garantia de maiorias necessárias à governabilidade; mas isso tem implicado uma dinâmica diversa aos interesses do governo federal, isto é, tem refletido lógicas das políticas municipal e estadual em detrimento das estratégias e prioridades de esfera nacional. Constata Fernando Luiz Abrucio que “o papel dos governadores continuou destacado mesmo depois de completada a passagem do poder aos civis”. E segue afirmando que “os prefeitos também aumentaram o seu poderio na Federação, numa dimensão inédita em nossa história”. E são exatamente os parlamentares os grandes mensageiros dos pleitos regionais. Essas disfunções, associadas a eventuais interesses não republicanos, comprometem o equilíbrio da gestão das políticas públicas federais. Não raro, presenciamos embates entre Executivo e Legislativo em torno da formação das leis. As Medidas Provisórias são um claro exemplo de contendas nesse campo. Assim posto, as discrepâncias advindas dessa confluência de interesses comprometem, não só uma agenda efetiva de reformas importantes, mas também geram instabilidades políticas que “engessam” o governo pois esse passa a administrar crises.
Para entendermos qual o caminho que devemos tomar, não podemos fugir do questionamento sobre a formatação do marco legal, especialmente a Constituição de 1988, quando regras para disputa política são definidas. A permissiva existência de um grande número de partidos políticos que, em sua maioria, não conformam expressões ideológicas coerentes e muito menos possuem envergadura nacional, desqualifica e descaracteriza o ambiente político, possibilitando toda sorte de enclaves. Além disso, a não formação de bases parlamentares sólidas exige, por parte do Executivo, constante repactuação e ajustes nas correlações de forças, o que consome parte das energias governamentais, além de tirar o foco nos interesses nacionais mais relevantes em detrimento de eventuais “bolhas” de conflitos políticos. Ademais, o ciclo eleitoral tem nos mostrado que a fidelidade no último ano de governo pode oscilar fortemente, principalmente quando se verificam possibilidades de vitória da oposição. Considerando que o mandato é de quadro anos, a ocorrência desses fatos, nesse curto espaço de tempo, só nos sugere um certo grau de ingovernabilidade do sistema político brasileiro.
Algumas reformas sobre as regras partidárias e eleitorais têm ocorrido. A confirmação, por parte do STF, da obrigatoriedade na reprodução de alianças feitas ao nível nacional para o plano estadual não deixa de ser um avanço. Outro progresso em destaque é a implementação de cláusulas de barreira, que serão observadas já nas próximas eleições. Entretanto, há uma distância quilométrica para uma efetiva mudança.
Curiosamente, nos momentos em que a nação brasileira discutia a implementação do Parlamentarismo - que juntamente trazia a questão do voto distrital, políticos dos mais diversos partidos e segmentos sociais não escondiam o pavor da incerteza em implementar tal sistema eleitoral. A possibilidade de se constituir distritos para a escolha de parlamentares (o que geraria profundas mudanças nos mapas regionais de poder) foi deixada no esquecimento.
Todas essas questões nos remetem à necessidade de reformas mais profundas. O que se tem visto, particularmente desde a elaboração da Constituição de 88, é que os formuladores das regras do jogo político não são atores isentos. Pelo contrário, são eles próprios (os políticos) que têm definido o quê, como e quando se deve mudar. Há quem defenda uma mini-reforma constitucional, nesse turno com pessoas alheias às arenas de disputa política. Há fortes desconfianças de que, se as regras forem feitas e refeitas por quem estiver jogando dentro do campo, o espetáculo não irá melhorar, além do que, os que estão no banco de reserva dificilmente irão participar.

Osvaldo de Deus Ferreira Júnior
osvaldodf@gmail.com
Cientista Social

domingo, agosto 27, 2006

Debate sobre ética na política

Antes tarde que nunca: começa um interessante debate sobre a ética na política. Tudo no rastro das declarações desastrosas de Paulo Betti e Wagner Tiso.
Vale ver o blog de Paulo Moreira Leite, no Estadão, assim como as matérias publicadas em O Globo e Folha de S. Paulo.
Paulo Moreira Leite:
O debate sobre os artistas que declaram apoio a Lula apesar das denúncias do mensalão vai esquentar um pouco mais. Após o comentário de um leitor, Jorge Vieira, decidi fazer uma visita ao Google. E é ali que encontro um artigo do professor José Arthur Giannotti com o título de “O dedo em riste do jornalismo moral.” Em 2001, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso enfrentava a denúncia de compra de votos para impedir a instalação da CPI da Corrupção, Giannoti, que é um dos mais respeitados e dignos intelectuais brasileiros, amigo de FHC quando ambos estudavam na Maria Antonia, saiu em auxílio do presidente para dizer que na política brasileira existe uma “zona cinzenta de amoralidade”. Referindo-se a disputa por verbas e cargos no Congresso, Gianotti disse que o “jogo competitivo sempre requer um espaço de tolerância para certas faltas.”
Na época, o PT acusou o professor de elaborar argumentos para justificar atos de corrupção. Gianotti foi crucificado no altar petista. Quatro anos mais tarde, quando o PT enfrentava o furacão do mensalão, Gianotti deu uma entrevista a editora executiva Laura Greenhalgh, do Estado de S. Paulo. “Eu me sinto vingado,” declarou.
Ver texto completo em http://blog.estadao.com.br/blog/paulo/
O Globo:
No O Globo você pode ver uma matéria que ouve dez personalidades sobre a questão. Há ampla condenação da não-ética na política, incluindo de petistas históricos, como o empresário Oded Grajew e o cientista político Wenerck Vianna. Para todos, não há como pensar um mundo civilizado sem ética.
Ver texto completo em www.oglobo.com.br. Ver a página 8.

Vale a pena ver o excelente artigo de Ruy Fabiano, postado ontem aqui neste blog.

Câmara pode renovar mais de 60%

Especialistas acreditam que vai passar dos 60% a renovação na Câmara dos Deputados. Acho a expectativa exagerada, como ocorreu em 1994, no desencanto pós-Collor e PCs. Mas vale a pena ver a reportagem abaixo:
"O índice de renovação da Câmara dos Deputados após as eleições deve chegar a 62%, segundo estimativa do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Historicamente os índices de renovação da Câmara oscilam entre 40% e 60%. Em 2002, o índice de renovação foi de 46%.
O percentual deve aumentar porque os técnicos do Diap acreditam que os eleitores devem rechaçar nas urnas os candidatos suspeitos de envolvimento com denúncias, como a máfia das ambulâncias e o mensalão.
A expectativa é que o eleitorado opte por nomes novos para tentar "limpar" a Câmara. Seria uma reação à decisão do plenário da Câmara, que negou o pedido de cassação de 11 mensaleiros, por exemplo".

Veja texto completo em http://www.meionorte.com/noticia.asp?id=14895

sábado, agosto 26, 2006

A cretinização da política e do eleitor

Em agosto do ano passado, escrevi um artigo em que falava da cretinização da política.
Há uma ampla cretinização no meio, que tudo considera normal e defensável. Isso se faz presente em argumentos que naturalizam a corrupção e a bandalheira. Basta observar que um dos argumentos mais fortes do PT para justificar os caixas dois e mensalões, é que isso ocorreu também em outros tempos. Se ocorreu antes, agora pode. E assim, não há porque se criticar sanguessugas, mensalões, Waldomiros, Dirceus e Delúbios.
Quer dizer: o PT, que sempre se apresentou como diferente, agora se esforça para ser igual. Porém, como na Revolução dos Bichos, quer ser mais igual que os outros. Porque se a bandalheira que ocorria no PSDB era negada e causava estragos, agora é vista como “uma coisa normal da política”. Sem conseqüências para seus autores.
Esta é a cretinização, que considera a política um mundo sujo, sem jeito e sem alternativa.
Pior é que essa cretinização passa os limite dos políticos e alcança setores da cidadania, e setores importantes da elite pensante, que cria referências – como artistas e intelectuais. Nomes como Wagner Tiso e Paulo Betti, sempre respeitados por uma postura ética, ou que pelo menos discursavam em defesa da ética, agora simplesmente dizem que ética e política são incompatíveis. E tudo bem. Mais: dizem isso em defesa da postura pouco ou nada ética do governo que apóiam, comandado por Lula (veja a postagem anterior para entender melhor o caso).
O mais triste é que esse tipo de argumento vai se naturalizando, usado por atores, por compositores, por padres e pastores que ocupam os palcos e os púlpitos na defesa aberta e sem limites da não-ética da política. Cretinamente, ao dizerem que outros fizeram o mesmo que Lula & Cia, deixam claro que roubar é normal e pouco (ou nada) se pode fazer.
Nada mais cretino. Nada mais absurdo. Nada mais danoso à construção de uma cultura democrática e participativa.

Os intelectuais, a ética e a política

Por Ruy Fabiano, do Blog do Noblat

Quem se der ao trabalho de confrontar o noticiário dos encontros entre Lula e intelectuais nas campanhas de 2002 e na atual há de constatar o imenso abismo conceitual que se cavou entre um momento e outro. Em ambos, o tema predominante é o mesmo: ética na política. A sutil diferença é que, enquanto no primeiro, afirmava-se o império da ética, no de agora celebra-se o seu velório.
Sustentou-se, com a maior naturalidade, no encontro de segunda-feira passada, 21, na casa do ministro da Cultura, Gilberto Gil, no Rio, que ambas – ética e política - são simplesmente incompatíveis. O ator Paulo Betti resumiu: “Política não existe sem mãos sujas. Não dá para fazer sem botar a mão na merda (sic)”.
Em poucas palavras, a tentativa de justificar as aberrações que marcaram – e hão de marcar, história afora - o governo Lula: mensalão, caixa dois, dólares na cueca, sanguessugas etc. “Não dá para fazer política sem botar a mão na merda” – e pronto.
O compositor e maestro Wagner Tiso, autor da imortal canção “Coração de Estudante”, que embalou campanhas memoráveis como a das diretas-já e a de Tancredo Neves, no tempo em que artistas e intelectuais brasileiros iam aos palanques para pedir ética na política, informou que votará em Lula e no PT. E explicou a’O Globo (23.08):
“Não estou preocupado com a ética do PT ou com qualquer tipo de ética. Para mim, isso não interessa. Eu acho que o PT fez um jogo que tem que fazer para governar o país, entendeu?”
Ou seja, o que foi feito – e que o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, classificou, em denúncia ao Supremo Tribunal Federal, de “formação de uma organização criminosa” dentro da administração pública, com o objetivo de perpetuar no Poder o atual governo – “é um jogo que tem que fazer para governar o país, entendeu?” Não há nele, pois, nada de errado.
Errado está o procurador-geral da República, que, na sua espessa ingenuidade, ainda não entendeu que “esse é um jogo que tem fazer para governar o país”. Ou seja, a corrupção não é nem mais optativa – é imperativa. Sem ela, não há governabilidade.
Eis aí um conceito novo que estabelece a vitória definitiva do Mal no Armagedon em que se converteu a política brasileira. Wagner Tiso disse e repetiu que não quer saber de ética: está “preocupado com o jogo do Poder”. Não disse que jogo é esse, mas proclamou o acerto das alianças do PT com os antigos adversários para governar.
Entre os antigos adversários, os ex-governadores Newton Cardoso (MG) e Jader Barbalho (PA), para os quais o PT há não muito tempo pedia simplesmente cadeia. Eis o que fundamentou o mensalão: a necessidade de formar maioria parlamentar, não importa como – e de preferência da forma mais prática.
Entre atrair aliados com base em idéias – coisa trabalhosa e improvável - e atraí-los com base em dinheiro, pareceu mais simples e pragmática a segunda opção. Captou-se dinheiro na máquina estatal – impostos do contribuinte – e repartiu-se entre os aliados, formando-se um exército de mercenários no Congresso, disposto a aprovar o que o governo quisesse.
Bastava pontualidade nos pagamentos. Algo, porém, deu errado, e um dos beneficiários – o antigo adversário Roberto Jefferson, ex-tropa de choque de Fernando Collor, cujo impeachment Lula e o PT comandaram – veio a público denunciar a manobra.
Sentiu-se desatendido em alguma coisa e virou a mesa, tal como naqueles filmes de gângster em que não se chega a um consenso na hora da partilha e o tempo fecha. Lula, dias antes da denúncia de Jefferson, freqüentador assíduo do Palácio do Planalto e adjacências, considerou-o um grande sujeito, alguém a quem entregaria “um cheque em branco e, a seguir, dormiria tranqüilo”. Nada menos.
Se esse é o “jogo do Poder” – expressão genérica e imprecisa que lança um estigma fatalista sobre a condição humana -, então não faz sentido combater coisas como PCC e Comando Vermelho. Eles praticam o mesmo jogo – e até com maior transparência e objetividade. Vão direto ao assunto, sem maiores blá-blá-blás. Com eles, ao menos, sabe-se com quem se está falando.
Um dos argumentos com que se tenta banalizar o imbanalizável (vale o neologismo) é o de invocar situações análogas do passado. Chico Buarque, em entrevista à Folha, em maio, mencionava o episódio da votação no Congresso da emenda da reeleição, no primeiro mandato de FHC, como se o erro de um atenuasse ou mesmo absolvesse o do outro.
Wagner Tiso faz o mesmo, na entrevista do dia 23 passado a’O Globo. Diz: “Ninguém nunca falou do caixa dois da reeleição do Fernando Henrique”. Claro que falou. Foi tema que consumiu quilômetros de noticiário e tornou-se um dos carros-chefes do discurso eleitoral petista – e até mesmo fator de adesão de muita gente desencantada ao PT. Gente que achava que a ética estava bem defendida pelos tucanos e se decepcionou.
Basta que Tiso consulte os jornais da época, incluindo as reuniões de intelectuais com Lula, na campanha de 2002. Fernando Henrique, a emenda da reeleição e algumas das privatizações de seu governo constaram de numerosas e veementes denúncias - e o PSDB até hoje está marcado por elas.
Em nenhum momento, no entanto, ninguém veio a público proclamar que aquilo estava certo e que política é daquele jeito mesmo. Negavam-se as acusações, ainda que sem argumentos convincentes, e nessa negativa estava ao menos embutido o reconhecimento de que aqueles atos eram nefastos e não podiam (como não podem) estar presentes na vida pública.
Agora, não: diz-se que é assim mesmo, que ninguém deve se preocupar com isso, que é impossível governar “sem botar a mão na merda”, e bola pra frente. La Rochefoucauld dizia que “a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”. Pior que a hipocrisia é o escracho, túmulo da virtude, em que querem confinar a política brasileira. E isso é mais trágico que a soma de todas as ditaduras.
No horário eleitoral gratuito, Lula fala de um país cor-de-rosa, inexistente, enquanto o inacreditável Geraldo, passando por cima de todos os acontecimentos recentes que remeteram a ética para o chiqueiro, coonesta tudo, com sua plataforma miúda, que mais parece a de um candidato a vereador de Piracicaba.
Mas, como não é possível não crer em nada, o único meio de encerrar este artigo sem deixar o leitor sem saída é recorrendo aos préstimos ético-estilísticos de Millôr Fernandes: "Acreditar que não acreditamos em nada é crer na crença do descrer."
Não creio nela.

Texto disponível em
http://noblat1.estadao.com.br/noblat/visualizarConteudo.do?metodo=exibirArtigo&codigoPublicacao=24790.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Edna Nascimento denuncia censura

'Está havendo uma censura pesada à oposição', diz a candidata do PSOL, Edna Nascimento, em reportame ao portal 180 Graus. Ela acusa o PT de proibir que se fale do Governo.

"Fiz três programas eleitorais e em todos eles recebi uma notificação da Justiça Eleitoral. Isso é um absurdo. Quer dizer que eu não posso falar nada do Governo?! Se fez errado, entendo que somos nós da oposição que temos que alertar a população. Mas não estão deixando nem a gente falar. Está havendo uma censura pesada à oposição. É bom o TRE-PI reconsiderar, pois o PT quer impedir que os outros candidatos falem do Governo".
Quem faz a denúncia é candidata a governadora Edna Nascimento (PSOL), que veio ao 180graus.com para falar do assunto e se disse revoltada com a situação. "Nem mesmo falar das obras do Aeroporto de São Raimundo Nonato, que não existe até hoje, a oposição pode falar. Imagine eu, que tenho direito a 50 segundos, quando critico, tenho que dar direito de resposta sempre. Termino nunca tendo espaço. Nunca vi tanta censura prévia", ressaltou ela.
Edna Nascimento disse que queria falar da privatização que está havendo na Saúde, mas a Justiça Eleitoral "está em cima", notificando e impedindo a coligação de mostrar a realidade à população. "O empresário do Caso Sanguessuga fala de Wellington Dias, e ninguém pode falar; O Governo concede isenção milionária ao rico Grupo Claudino e ninguém pode falar. A Rádio Difusora, que tanto ajudou o próprio Wellington, foi fechada por ele. Peraí! É um absurdo tudo que vem acontecendo", desabafou.
DEBATE DA CIDADE VERDE - A candidata comentou ainda sobre a não realização do debate da TV Cidade Verde, que suspendeu seus debates por conta de uma polêmica de quatro candidatos de partidos 'pequenos' que se sentiram discriminados em se apresentar em dia diferente dos candidatos de partidos 'grandes'. "Achei ruim. O debate é sempre importante para nós, que precisamos de mais espaço. Bom foi para o candidato do Governo, que teme as denúncias levantadas ao vivo pra toda a população ver. Ele é quem tinha interesse em ver esses debates suspensos", concluiu Edna Nascimento.

Repórter: Allisson Paixão (www.180graus.com)

Artistas repudiam declaração de Betti

Defender qualquer ética (ou a falta dela) pegou mal para Paulo Betti. E para Vagner Tiso.
Veja matéria publicada pela Folha de S. Paulo, hoje:

O reconhecimento do músico Wagner Tiso e do ator Paulo Betti, segundo quem a política se faz sujando as mãos e a ética deve ser minimizada no exercício do poder, provocou mais reações, principalmente de reprovação, por parte da classe artística.
Apoiadores de Lula, os dois afirmaram não se importar com o mensalão e desprezaram a ética na política. Ontem, Betti enviou carta à Folha, na qual diz afirmar que apenas fez uma constatação, sem dar aval a nenhuma prática.
O novelista Aguinaldo Silva, tucano e autor de "Senhora do Destino", foi crítico. "O Paulo Betti e o Wagner Tiso estão falando besteira. Eles estão se envolvendo com a merda e, quando você se envolve com a merda, você acaba sujo", afirmou. "Mas não sei se contesto o Paulo Betti. Esses artistas acham que são obrigados a ter uma posição política.
"O certo é que a desilusão com o jogo político não se espalhou apenas entre os petistas --alguns tucanos também falam em desencanto. Diz Aguinaldo: "Eu sempre votei no PSDB, até descobrir que as pessoas do PSDB estão pairando acima do próprio país que elas querem governar. Não interessa se é PSDB, PT. Todos eles estão na sua trip pessoal de poder".
"Mais tucana que petista", a atriz Nívea Maria enveredou pela mesma linha: "Em todos os partidos há pessoas que prestam e que não prestam, com caráter e sem caráter. Nunca fui petista, mas torci para que o governo do Lula desse certo". Ela condenou Betti. "Eu me surpreendi porque o Betti tinha dito que nunca mais falaria de política. Isso é sinal de que ele realmente optou por se afastar da arte", disse.
O ator Ney Latorraca, "tucano sempre", retrucou a declaração de Betti de que "não dá para fazer [política] sem botar a mão na merda". "Essa gente lutou tanto pela democracia... Não sou conivente com a afirmação dele, existem políticos e políticos, mãos e mãos. Isso vai estar na biografia dele, mas não quero julgar o meu colega, como não quero que o meu colega me julgue", disse.
Mesmo o bloco dos "apolíticos" reagiu. "A gente vive num país hipócrita, todo mundo está acostumado a fazer coisas erradas. Cada povo tem os políticos que merece. Nós precisamos ter um pouco mais de ética, e eles também", disse a apresentadora Maria Paula, 35, do "Casseta e Planeta".
Casada com o músico João Suplicy, filho da ex-prefeita Marta e do senador Eduardo, ela evitou criticar Betti e Tiso. "Cada um tem a sua ética, cada um faz o que dá pra fazer. Faço trabalho social na Rocinha. Sou apolítica, nunca fui ligada ao PT, mas tenho orgulho de fazer parte dessa família. A Marta nunca foi acusada durante os escândalos, e o Eduardo é o cara mais ético do mundo."
A atriz Elke Maravilha, que se diz anarquista, ficou indignada com as declarações da dupla de artistas lulistas. "Meu Deus, que horror! Eu tenho 61 anos, mas sou romântica, quero consertar o mundo. Levei um susto, conheço o Betti e ele fala uma coisa dessas. E o Wagner Tiso? Meus conterrâneos estão mal. Gente jovem ser burra tudo bem, mas velho ficar burro?"
Elke fez um discurso em defesa da ética. "Nunca fui petista, nunca brinquei disso. Sei que não devo explorar ninguém, não devo puxar o tapete de ninguém. Não preciso segurar uma bandeira. Todos os "ismos" nunca funcionaram".

Ver texto em http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u81950.shtml

Paulo Betti meta a mão na merda

"Não dá para fazer [política] sem botar a mão na merda".
A frase é do ator Paulo Betti. Sempre festejado por seu engajamento político, Betti meteu os pés pelas mãos e cometeu esta frase, em defesa da (não) ética do governo petista.
De fato, Betti meteu a mão na merda. Porque ser petista é uma coisa. Defender a falta de ética é outra coisa bem distinta, Paulo.
Ninguém pode querer ser partidário ou aliado defendendo o indefensável.
Ver nota publicada pela Folha em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2408200630.htm

Democracia engessada

O comentário abaixo, que faço meu, é do jornalista Zozimo Tavares, publicado no Diário do Povo:
"É no mínimo um excesso de zelo a preocupação da Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral do TRE do Piauí com as críticas ao governo do Estado e ao PT. Primeiro, a pedido da coligação que dá sustentação à candidatura do governador Wellington Dias à reeleição, a Justiça Eleitoral proibiu que, nos programas eleitorais de rádio e TV, seja feita vinculação dos mensaleiros e sanguessugas com o PT. Chega a ser inacreditável!
Daí para frente, qualquer crítica mais apimentada ou acusação ao governo tem merecido sanções pesadas da Justiça Eleitoral. Ontem, por exemplo, o TRE decidiu suspender, ainda a pedido da coligação que apóia a reeleição do governador, os programas eleitorais dos candidatos Mão Santa (PMDB) e Lourdes Melo (PCO).O Tribunal Regional Eleitoral entendeu que os dois candidatos fizeram propaganda contrariando a legislação eleitoral. Mão Santa, por exemplo, teria ofendido Wellington Dias quando veiculou em seu programa que as obras do aeroporto de São Raimundo Nonato, no Sul do Estado, estão paradas. Já Lourdes Melo foi punida por associar Wellington ao Caso Sanguessuga.
Onde está a ofensa ao governador quanto à paralisação das obras do aeroporto de São Raimundo Nonato? Há meses e meses essas obras estão não apenas paralisadas, mas completamente abandonadas. Onde está, então, a mentira? Por que o governo não mostra as obras em andamento – ou o aeroporto concluído – e desmascara a oposição? Simplesmente porque não pode. A informação veiculada no programa do PMDB é verdadeira, incontestável!
Se a oposição não pode contar com os horários da propaganda eleitoral gratuita para fazer suas denúncias, de que espaço vai dispor? É salutar a preocupação dos juízes do TRE para que a propaganda política no rádio e na TV não resvale para a baixaria. Mas, em nome disso, o que tem havido é uma superproteção ao governo do Estado. De que adianta o espaço do palanque eletrônico se ele não pode ser usado? Vive-se, na verdade, uma democracia engessada".
Ver www.diariodopovo-pi.com.br.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Crakers no site do PT


O site do PT foi invadido por crackers. Claro, os tucanos estão sob a alça de mira, apontados como responsáveis.
Os invasores tascaram a imagem aí de cima como página principal do site. Além do "Chega dessa porra", eles acrescentaram um "eu voto 45". Agora o site está em fase de "atualização". Isto, estão fazendo uma varredura para limpeza da página e retorno da comunicação normal com os internautas.

Samba do crioulo doido

Numa eleição em que a oposição se esmera em correr para os braços do presidente Lula, poderia até causar espanto a mistura heterodoxa que alguns estão fazendo em suas chapas. Mas não deve causar. Estamos assistindo a um pleito em que a ideologia ou a coerência foram deixadas de lado em favor sabe-se lá de que.
O mais acabado exemplo dessa salada com temperos que não combinam está na chapa montada pelo ex-vereador de Teresina Acilino Ribeiro. Ele vota em Heloísa Helena (P-Sol)para presidente, nele mesmo para deputado estadual, em Mão Santa para governador e para deputado federal acompanha Ciro Filho, que é do PP. Ah, como ninguém é de ferro, pede votos a senador para João Vicente Claudino.

domingo, agosto 20, 2006

Lula e a fuga dos debates

"Presidente que foge de debate mostra que prefere ficar escondido atrás de publicidade paga com o dinheiro do povo, em vez de ir para o ringue lutar em igualdade de condições".
Não, essa frase aí de cima não é do tucano Geraldo Alckmin. É de Lula, pronunciada em 1998, quando criticava FHC por não participar dos debates. A frase foi resgatada pelo Jornal do Brasil, que em editorial de hoje lamenta a ausência do presidente dos debates televisivos. Duro, o editorial chama o petista de "o presidente foragido".
Aqui cá prá nós, Lula bem poderia olhar Wellington Dias, que repetiu Hugo Napoleão (o de 2002), como governador participando dos debates.
O editorial completo está em: http://clip.jb.com.br/clip/clip.php?id=29458

Inutilidade eleitoral sobre quatro rodas

Ontem, ruas e avenidas da zona Norte foram tomadas por dois movimentos de carros. Eram carreatas de Firmino Filho (PSDB) e do candidato a senador pelo PTB João Vicente Claudino.
JVC colocou mais carros que o candidato a governador pelo PSDB, mas ambos causaram a mesma impressão: esse tipo de evento é de uma inutilidade gigantesca. Quando muito, causa o efeito inverso de irritar o motorista, que é eleitor e certamente não fica muito à vontade para votar em quem, num sábado à tarde, consegue congestionar o trânsito e impedir que ele rapidamente chegue em casa.

Tererê, o fenômeno

Nesta eleição poderemos assistir a alguns fenômenos eleitorais bastante localizados. Um deles atende pelo nome de Tererê, vereador na cidade de Parnaíba, candidato a deputado estadual e com potencial para, segundo informações obtidas por gente que conhecer aquela orla, obter qualquer coisa próxima de 15% dos votos da cidade.

Conversa com meu pai

Acordei há uma hora e meu pai, do topo de seus 83 anos, fez-me uma pergunta simples e de resposta ainda mais elementar. “Quem faz mais pelo Brasil: os políticos ou o que trabalham?”. “Os que trabalham”, respondi. “Então por que os políticos vivem dizendo que vão fazer isso, que vão fazer aquilo?”. Não obteve resposta, porque, ato imediato, completou: “Porque não têm o que dizer ou sabem o que fazer. Quem faz mais pelo Brasil é o lavrador que planta e colhe duas quartas de arroz, não ganha quase nada e ainda paga a parte do governo. E faz mais pelo Brasil sem nem saber que está fazendo”.
De fato os políticos não fazem grande coisa pelo Brasil. Faltam-lhes condições para tal, sobretudo considerando que a maioria na disputa se considera, uma vez eleitos, donos de um cofre de onde podem sacar – em alguns casos saquear – quanto quiserem para gastar como bem entenderem.
Temos entre nós candidatos que se forem postos num cargo executivo levarão o Erário à bancarrota. Gastarão tanto e tão mal que sua gerência ruinosa será como uma praga de gafanhotos, uma espécie de perda da safra de batatas da Irlanda, aquela que produziu um milhão de mortos e fez os antepassados de John Kennedy mudarem-se para os Estados Unidos.
A percepção de meu pai ajuda também a compreender que numa eleição, por mais que o eleitor queira sonhos, melhor é vender-lhe a realidade sem muitos efeitos especiais. Talvez seja conveniente que os políticos assumam compromissos em vez de fazer promessas, assegurem aplicar bem o dinheiro público, deixando para trás um pedido velado de autorização para que simplesmente gastá-lo desenfreadamente.

sábado, agosto 19, 2006

Alckmin com pimenta

Perdidinho da Silva na corrida pelo Planalto, Geraldo Alckmin resolveu apimentar o programa eleitoral no rádio e TV.
É o que diz o glob de Josias Sousa, na Folha on-line.
O objetivo é melhorar a intenção de votos e, quem sabe, viabilizar o segundo turno. Até aí, tudo bem. O problema é que essa estratégia deve ser coloca no ar em duas semanas, segundo o glogueiro.
Se for assim, será mais uma bobagem do Geraldo: em mais duas semanas, a campanha estará sacramentada. E nada mudará mais o quadro.
Ver mais informação em:
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2006-08-13_2006-08-19.html#2006_08-19_02_42_50-10045644-0

O não-efeito da propaganda

A nova pesquisa do Ibope, divulgada ontem, revela o de sempre: Lula vai muito bem, obrigado. E Alckmin (quer dizer, Geraldo) vai mal das pernas. O petista tem 47% das intenções, contra os 21% de Alckmin, configurando vitória no primeiro turno.
Alguns jornais analisaram que esse resultado mostraria que o horário eleitoral gratuito não alterou o quadro da disputa. Nem poderia: a pesquisa foi realizada de 15 a 17, portanto nas primeiras emissões da propaganda. Não houve tempo para ter efeito.
Mas, a bem da verdade, a experiência das quatro primeiras campanhas presidenciais do Brasil redemocratizado mostra que o horário eleitoral não muda o cenário de antes (histórico bem distinto das disputas estaduais). Na corrida pelo Planalto, todos os que lideravam antes de começar a propaganda chegaram vitoriosos ao final da disputa. Foi assim com Collor, duas vezes com FHC e depois com o próprio Lula.
Quem mais demorou para chegar ao topo das pesquisas foi Fernando Henrique, em 1994, que superou Lula no mês de julho, um mês antes do horário eleitoral. Collor, em 1989, era líderes desde os primeiros meses do ano e chegou vitorioso em dezembro. Em 1998, FHC nunca esteve ameaçado por Lula, assim como este nunca chegou seriamente a ser ameaçado pelos adversários de 2002, sequer quando Ciro cresceu em agosto e logo foi bombardeado pela mídia.
Isto significa dizer que a eleição presidencial é decidida por um forte componente da imagem, que por sua vez atende a um conjunto de fatores, em especial a soma de atores que apóiam o candidato. Desses atores, um dos mais representativos é a mídia, que por sua vez atende às vozes de outros setores de muita influência, como o grande empresariado. A mídia ajuda a construir um cenário de representação para a política, projetando ou criando problemas para os candidatos.
Não quero dizer que a mídia faz e desfaz. A mídia também é feita, construpida pelo jogo de interesses que determina um certo agendamento e enquadramento da política e dos políticos. E assim é que “elege” os seus protegidos.
FHC calou a mídia para manter sua perspectiva de reeleição. Lula não conseguiu calar, mas sempre teve boa fatia da esfera midiática, em especial a Rede Globo, que nunca deixou de falar dos mensalões da vida, mas teve especial empenho em mostrar um “novo Brasil” e um “presidente diferente” bem ao feitio da estratégia palaciana. Assim, Lula chegou à campanha com uma inequívoca identidade com o brasileiro mais simples que se vê representado naquele sujeito que, apesar da poupa formação (como Lula gosta de destacar) chegou à presidência. E tem a gratidão dos que se beneficiam dos programas assistenciais do governo.
Esse cenário é a base da popularidade de Lula. E o suporte de sua estratégia de reeleição.

Mais sobre a pesquisa Ibope:
http://www.estadao.com.br/ultimas/nacional/eleicoes2006/noticias/2006/ago/18/343.htm

quarta-feira, agosto 16, 2006

Hugo e João Vicente disputam

A TV Clube divulgou hoje dados da pesquisa do IBOPE, agora com intenção de votos para senador. Hugo Napoleão mantém a liderança, mas por margem pequena: tem 30% das intenções de voto, três pontos à frente dos 27% de João Vicente Claudino. O terceiro, bem mais atrás, é Freitas Neto, com 17%.
O resultado mostra o que todo mundo já sabia: a disputa pela vaga ao Senado será mesmo entre Hugo e João Vicente.
O primeiro dia de propaganda eleitoral dos candidatos ao Senado também deu esse tom. Hugo fez um programa azeitado, curtinho e denso. Claudino seguiu esta linha. Já Freitas fez um discurso, demasiado técnico, sem graça.

terça-feira, agosto 15, 2006

O brasileiro é de dreita

Pesquisa Datafolha revela que 47% do eleitorado brasileiro se define com sendo de "direita". Outros 23% de "centro" e apenas 30% de "esquerda".
Apesar de menos da metade se definir como de "direita", é esmagadora a maioria que adota posições geralmente associadas ao conservadorismo, como a condenação ao aborto, às drogas e a defesa de medidas mais duras de combate ao crime.
A pesquisa mostra que são contra a descriminalização da maconha 79%. Do aborto, 63%. Outros 84% defendem a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos e 51% querem a instituição da pena de morte.
Os percentuais gerais acima não diferem muito mesmo isoladamente em cada um dos grupos de eleitores ("direita", "centro" e "esquerda"). Exemplo: entre os que se dizem de "esquerda", 87% (mais do que a média) são favoráveis à redução da maioridade penal.
Ver pesquisa em http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u81324.shtml.

Wellington de bem com o IBOPE

A TV Clube divulgou a primeira de três pesquisas que o IBOPE realizará para a afilaida Globo. Deu Wellington Dias na cabeça: o candidato do PT tem 46% das intenções de voto, seguido de Mão Santa (PMDB), com 33%, e Firmino Filho (PSDB), com 11%. A pesquisa foi divulgada durante apresentação do programa Piauí TV 2ª Edição.
Dos outros candidatos, Edna Nascimento (PSOL) e Major Avelar (PSL) aparecem com 1%, cada, e Pastor Macedo (PMN), Lourdes Melo (PCO) e Jonas Moura (PSDC) tiveram menos de 1%.
A pesquisa foi feita entre os dias 12 e 14 de agosto e ouviu 812 eleitores em 40 municípios piauienses. Num eventual 2° turno, a simulação de votos entre Wellington Dias e Mão Santa ficou em 52% contra 40%, respectivamente e na simulação entre o petista contra Firmino Filho deu 63% versus 28%.

O show para a pobreza

Começou o show da propaganda eleitoral. No primeiro dia, Lula e Alckmin caminharam pelo mesmo caminho, embora com discursos diferentes. Lula adotou o estilo emocional, sem dúvida mais ajustado à TV e principalmente ao seu perfil. Alckmin (o Geraldo, lembre-se) apareceu com um tom mais técnico.
Mas ambos têm um foco único: a pobreza, o segmento menos esclarecido. Lula apostou na mistura das raças e na apresentação de feitos que atendem aos menos favorecidos. Alckmin focou especialmente nos nordestinos. Usou e abusou dos migrantes que ajudaram a fazer a grandeza de São Paulo. Assim, focava ao mesmo tempo nos nordestinos que habitam SP e nos que ainda estão no Nordeste e fazem a festa da popularidade de Lula.
De fato, os dois apostam no segmento que, em tese, é mais vulneável, que demora mais a cristalizar sua opção de voto. O eleitor mais esclarecido tem suas preferências definidas. E o programa de rádio e TV adianta pouco. Com o segmento popular a coisa é diferente. E é nisso que os dois apostam.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Começa o show da TV

A campanha no Piauí aguarda dois fatos nesta terça-feira, ambos marcos da disputa deste ano: primeiro, a pesquisa do IBOPE, a ser divulgada pela Rede Globo, sobre a corrida ao governo do Estado; segundo, a propaganda no rádio e TV, onde alguns (como Firmino Filho) jogam suas mais fundas esperanças.
Quanto à pesquisa, terá um valor de verdade, depois de um mundo de sondagens com números desencontrados.
Quanto à propaganda, o que veremos é um jogo de ficção, uma construção discursiva de personagens que em geral apenas têm relação com a realidade. Tanto a auto-louvação como o ataque do adversário se edifica a partir de discursos que procuram levar à percepção de um determinado posicionamento – isto é, moldam um personagem; ou formatam um produto, para ficar nos termos caros ao marketing.
Por isso as campanhas são tão comumente chamadas de “teatro” eleitoral.
No palco piauiense, pode-se fazer algumas previsões de postura dos candidatos na propaganda eleitoral.
Wellington Dias tentará se manter no papel de bom moço, senhor da ética e baluarte das transformações do Estado. Pelo menos no início, vai mostrar obras, obras e obras. E povo feliz, feliz, feliz. Até começar a levar pancada e mudar de tom.
Mão Santa tende a falar a partir do povo, a “voz rouca das ruas”, e desancar o governo petista. Vai mostrar sanguessugas, mensalões, isenções milionárias, promessas ditas e não cumpridas. Isto é, apresentará um outro (e bem distinto) Wellington, que além de não ter nenhum compromisso com a ética, é traidor. Mas também deve se preparar para as pancadas que levará.
Firmino Filho manterá seu script técnico, como conhecedor (e realizador) de um modelo administrativo diferente. Estará sereno, equlibrado. Provavelmente, não dará espaço às pancadas em algum adversário: deve se manter light, tanto para tentar ser o diferente (quem sabe, encanta o eleitor e vai para o segundo turno) como para manter as portas abertas para alianças num segundo turno em que o PSDB fique de fora.
À parte os protagonistas, deveremos ver:
Lourdes Melo batendo pesado e cedendo muitos direitos de resposta.
Edna Nascimento criticando, mas sem bater tão forte.
Os demais estarão fazendo figuração. Uns, funcionando de escada para os protagonistas. Escadas bem remuneradas.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Presente de W. Dias aos Claudinos

A matéria está no www.180graus.com:
"Dois decretos assinados pelo governador Wellington Dias (PT) asseguram a duas empresas do Grupo Claudino uma isenção fiscal de mais de R$ 1,3 milhões por mês. O primeiro decreto, de número 11.591, com data de 23 de dezembro de 2004, beneficia à Socimol, indústria de colchões.
O outro (decreto 11.641, de 15 de fevereiro de 2005), beneficia à indústria de roupas Guadalajara, fabricante do jeans Ônix. As empresas fazem parte do conglomerado da família do candidato a senador de Wellington, João Vicente Claudino (PTB).
A renúncia fiscal é de dez anos para cada empresa. Desde que recebeu esse privilégio, o Grupo Claudino já deixou de recolher aos cofres públicos cerca de R$ 22 milhões, valor bastante significativo em um Estado que arrecada R$ 100 milhões de ICMS. Em dez anos, os benefícios gerados aos Claudinos chegarão a cerca de R$ 200 milhões, a preço de hoje.
O decreto apresenta diversas irregularidades. Primeiro, que não há manifestação do conselho fazendário sobre isenção de impostos, ainda mais em quantidade tão expressiva. Segundo, esse tipo de matéria deveria ser submetida à apreciação da Assembléia Legislativa. Além disso, a medida do governador petista é um flagrante desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.
"Qualquer matéria que signifique renúncia fiscal tem que passar necessariamente pela Assembléia Legislativa", explica o economista César Fortes, ex-secretário de planejamento do Estado. Fortes acrescenta que a apreciação da Assembléia é para o governo justificar essa renúncia, mostrando que o dinheiro que deixará de receber não produz impacto negativo nas contas do Estado. O ex-secretário diz ainda que a punição para esse tipo de delito incide sobre o próprio governador responsável pela medida, podendo implicar inclusive na perda de mandato.
O governo argumenta que a isenção concedida às empresas da família Claudino é para evitar que o grupo tire as indústrias daqui para outros estados. A atitude é no mínimo suspeita, tendo em vista a relação política de Wellington Dias com os Claudinos. Além de João Vicente ser o candidato a senador que faz chapa com Dias, o patriarca do grupo, João Claudino, tem se empenhado pessoalmente na campanha do governador à reeleição, colocando como questão de honra fazer o governador e eleger o filho para o Senado.

Benefício prejudica o povo
A renúncia fiscal oferecida pelo governador Wellington Dias ao grupo empresarial da família de João Vicente Claudino produz impacto significativo nas realizações do governo. Os R$ 1,3 milhão mensal que os Claudino deixam de recolher aos cofres públicos poderiam garantir a construção de 140 casas populares a cada mês.
O que já deixou de ser arrecadado até agora, desde a assinatura dos decretos por Wellington Dias – cerca de R$ 22 milhões – já poderia ter permitido a construção de um conjunto habitacional de 1.660 casas, beneficiando diretamente uma população em torno de 7 mil pessoas. Esse valor poderia ainda garantir o salário mínimo a quase 4 mil trabalhadores, cálculo que joga por terra o argumento do governador de que o decreto seria uma forma de garantir o emprego das pessoas que atuam na Socimol e Guadalajara, evitando que as empresas família de João Vicente deixassem o Piauí.
A intenção dos Claudinos de retirar suas empresas do Estado só ficou conhecida com o decreto go governador, que usa este como principal motivo para assinatura da renúncia fiscal por dez anos que garantirá à família de João Vicente mais de R$ 200 milhões".

Confira a matéria em:
http://www.180graus.com/home/materia.asp?id=69577

Debate influencia mais que propaganda

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, afirmou hoje que o resultado da eleição presidencial ainda não está definido. As pesquisas de intenção de voto apontam para o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria chance de vencer no primeiro turno se a eleição fosse hoje.
"A maior parte do eleitorado começa a tomar contato agora com o processo eleitoral. O favoritismo de Lula nesse momento não significa que a eleição já está decidida", disse Paulino, que participou nesta quinta-feira de um bate-papo sobre pesquisas eleitorais.
Paulino disse que existem fatores que podem alterar o resultado final das urnas. "Hoje, Lula é o franco favorito e, se fosse hoje, venceria no primeiro turno. Mas as participações em debates, entrevistas e no horário eleitoral podem modificar o quadro", afirmou.
Na opinião do diretor do Datafolha, a participação nos debates tem um peso maior na formação do voto do eleitor do que o horário eleitoral gratuito de rádio e TV, que começa na terça-feira (15). "Acredito que as participações ou ausências em debates e entrevistas me parecem ter uma importância maior do que o horário eleitoral gratuito.
"Além disso, Paulino afirmou que o resultado das pesquisas reflete o momento da coleta de dados. "A possibilidade de reversão do quadro está sempre presente. O eleitorado está avaliando os candidatos e o faz a partir das informações que recebe. As pesquisas mostram a situação de momento.
"Sobre a possibilidade de as entrevistas ao "Jornal Nacional" prejudicarem os candidatos, Paulino afirmou que todos têm de estar preparados para responder a qualquer pergunta. "Em uma democracia, um candidato deve estar preparado para responder qualquer pergunta. Não me cabe avaliar o desempenho dos candidatos, mas captar a opinião dos eleitores.
"Alckmin, Lula e HeloísaPara o diretor do Datafolha, a vantagem de Lula e o avanço da candidata do PSOL, Heloísa Helena, é efeito das primeiras aparições dos dois nos veículos de comunicação e do efeito comparativo. "Nesse primeiro momento, de apresentação dos candidatos, Lula e Heloísa Helena estão agradando mais ao eleitorado do que Geraldo Alckmin [candidato do PSDB à Presidência].
"Na avaliação de Paulino, Alckmin precisa mudar seu discurso para conquistar o eleitorado. "Alckmin precisa afinar mais o seu discurso em relação aos anseios do eleitorado."Em relação à preferência e à boa avaliação de Lula, Paulino afirmou que o presidente é beneficiado pelo efeito dos programas sociais entre a população de baixa renda. "Já investigamos fartamente as razões de voto e de avaliação do governo Lula. Constatamos que os benefícios sociais oferecidos pelo governo federal à população de baixa renda são fundamentais para a sustentação de Lula nesses níveis de avaliação.

Ver matéria completa e links em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u81255.shtml

Os presidenciáveis no JN

As entrevistas dos candidatos à presidência da República no Jornal Nacional têm destacado um nome: William Bonner.
Bonner, coadjuvado por Fátima Bernardes, tem colocado os entrevistados contra a parede. De forma incisiva, mas elegante. Vale a pena conferir as entrevistas, disponíveis no site da Globo.
Também é importante ver as matérias que avaliam o desempenho dos candidatos, quesito em que Lula abusou pelo tanto de erros cometidos. Nesse ponto, como nas pesquisas, Alckmin é segundo.
É bom dar uma espiada nas entrevistas agora, porque há um compromisso dos entrevistados de não usarem as entrevistas nos programas eleitorais.

Lula
Vídeo: http://gmc.globo.com/GMC/0,,2465-p-M519544,00.html
Matéria: http://oglobo.globo.com/jornal/pais/285220738.asp

Geraldo Alckmin
Vídeo: http://gmc.globo.com/GMC/0,,2465-p-M519544,00.html
Matéria: http://oglobo.globo.com/online/pais/plantao/2006/08/07/285179409.asp

Heloisa Helena
Vídeo: http://gmc.globo.com/GMC/0,,2465-p-M519544,00.html
Matéria: http://oglobo.globo.com/online/pais/plantao/2006/08/08/285190467.asp

Cristóvão Buarque
Vídeo: http://gmc.globo.com/GMC/0,,2465-p-M519544,00.html
Matéria: http://oglobo.globo.com/online/pais/plantao/2006/08/09/285204304.asp

O debate de Wellington

Wellington Dias foi o melhor no debate desta noite na TV Meio Norte.
Foi um debate morno que sentiu falta das estocadas inocentes e (por isso mesmo) ferinas da candidata do PCO, Lourdes Melo. No mar calmo, sobressaiu a firmeza do governador, que respondeu serenamente às perguntas.
Claro, causou risos na platéia ao dizer que seu governo não responde a nenhum escândalo - um comentário corajoso para quem há apenas uma semana foi notícia nacional por ter o nome envolvido no esquema dos sanguessugas. Também tangenciou das indagações dos adversários sobre a isenção dada por Wellington ao grupo Claudino, da família de João Vicente, seu candidato a senador.
O decreto não pe fácil de explicar. Assim, Wellington evitou explicações. Foi assim que se saiu bem.
Firmino manteve o tom técnico, mas sem encantar. E Mão Santa partiu para um embate com o Wellington, apontando diretamente mentiras proclamadas e promessas não cumpridas pelo governador.
Os demais são figurantes. Edna Nascimento só consegiu se sobressair no comentário final, quando, usando Torquato Neto, disse que é hora de desafinar o coro dos contentes. Foi seu melhor momento.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Fábrica de pesquisas

A campanha deste ano está produzindo um mundo de institutos de pesquisa, cada um com número mais discrepantes.
O resultado tem sempre a cara do freguês: o pessoal do PT traz debaixo do braço números favoráveis a Wellington Dias, assim como a turma de Mão Santa ostenta índices que colocam o senador na dianteira. Da mesma forma, Seu João tem sempre uma nova fornada de números que apontam o crescimento ou mesmo o liderato do herdeiro do Paraíba.
HORA H: Apesar dos números que cada um carrega, uma pesquisa em especial está sendo aguarda. É a do IBOPE, a ser divulgada pela TV Clube (e Rede Globo) no dia 15, terça-feira.
Números que aparecerão com o aval da voz de William Boner, em pleno Jornal Nacional.
Pelo menos até agora, essa sondagem está sendo aguardada como sinônimo de verdade.
Depois, será outra coisa: quem estiver atrás sempre achará uma forma de depreciar o resultado.

Inteligência contra o terror

A luta contra a violência (no Brasil e no mundo), passa pela inteligência, como já dissemos em comentário anterior.
Se São Paulo não conseguiu se antecipar a nenhuma das três ofensivas do crime organizado na guerrilha urbana local, Londres deu já dois exemplos de competência. É verdfade, foi surpreendida num primeiro atentado terrotista, mas abortou dois outros. O último, desmontado hoje, poderia ser devastador.
A intenção dos terroristas era destruir nada menos que dez aviões com destino aos Estados Unidos. Poderiam matar tanta gente quanto no atentado às torres gêmeas. Ou mais.
A policia britânica monitora como pode a pouco visível rede de contatos de organizações como Al Qaeda. Apesar disso, conseguiu desmontar o esquema e evitar a tragédia.
No caso do crime organizado no Brasil, os criminosos são bastante conhecidos. A maior parte está dentro dos próprios presídios do Estado. Ainda assim, a polícia brasileira consegue ser supreendida.
Uma lamentável demonstração de incompetência.

Para ver mais sobre os atentados desmontados pela polícia londrina, ver:
Folha: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u98847.shtml
Globo.com: http://oglobo.globo.com/online/mundo/mat/2006/08/10/285207096.asp

De óculos escuros

Mão Santa venceu sua primeira eleição, em 1994, com o ineditismo de seu nome e a originalidade de sua ação publicitária.
Com um “slogan” simples e direto (“O Piauí em boas mãos”) contrapôs-se ao sistema político dominante que ele e seu grupo político fez ver ao eleitor como corrupto e ultrapassado. Foi uma vitória avassaladora e sem precedentes.
Mas o que era novo rapidamente envelheceu. Em pouco tempo, Mão Santa e tudo o que em torno dele gravitava ficou senil, posto que rapidamente se estabeleceu uma enorme distância entre prática e discurso. Ainda assim, com programas sociais populistas e um certo charme pessoal para lidar com a parcela mais pobre do eleitorado, o senador se manteve bem posicionado no mercado eleitoral. Tanto assim que venceu uma disputa difícil para o Senado em 2002.
Nesta atual campanha, Mão Santa não é novidade e amarga um segundo lugar na corrida pelo Palácio de Karnak, com o agravante de que tem elevada taxa de rejeição. Diante disso, o que fazer? Esperava-se uma ação publicitária melhor dirigida, com mensagens adequadas ao público-alvo e, principalmente, sem erros.
Ao que parece, entretanto, a campanha publicitária do senador padece de problemas de foco. O exemplo mais claro disso é um cartaz da campanha em que Mão Santa aparece de óculos escuros.
Num país em que o eleitor busca no político aquela sinceridade que somente pode ser revelada olho no olho, lentes escuras não são a melhor pedida para quem quer convencer as pessoas de seus sinceros propósitos.

quarta-feira, agosto 09, 2006

O poder do voto nulo

O jornalista Zózimo Tavares faz um interessante comentário sobre duas campanhas publicitárias endereçadas ao eleitor. Uma, do TSE, pede que o eleitor participe na escolha dos novos governantes. Outra, da MTV, estimula o voto nulo.
"Na MTV, a peça observa que se o voto nulo existe, por que então desprezá-lo? Isso é um fato. Afinal, se o voto nulo está lá é para ser usado por alguém", observa Zózimo.
Vale a pena ver o artigo completo em: http://www.180graus.com/opiniao/artigo.asp?id=265

Voto facultativo
Nessa discussão, vou um pouco mais além.
O voto nulo não pode ser tomado como uma manifestação de alienação, de pouco interesse pela política. Ao contrário, deve ser enxergado como um ato de claro proteto, uma manifestação de amplo descontentamento com o fazer político que alcança os mais disntintos partidos e candidatos.
Exatamente por isso deve-se levar em conta a possibilidade do voto facultativo. Boa parte dos eleitores gostaria simplesmente de não participar do pleito, não dando seu voto para ninguém. Até porque o voto é obrigatório, mas o voto nulo não conta. É como se fosse um voto inexistente.
Daí, muitos eleitores tomam dois caminhos: anulam simplesmente (e tornam esse voto inóquo) ou optam por um voto de protesto que muitas vezes não fica evidente.
Veja-se o caso da eleição de Teresina, em 2004. Quem-Quem somou um bom punhado de votos. Não eram votos em Quem-Quem, mas voto em ninguém, ou melhor, um voto que evitava tanto Silvio Mendes, quanto Adalgisa e Flora Isabel. Isso certamente será evidenciado na votação de Quem-Quem para deputado, quando ficará longe da performance de 2004. Esperemos.
Nesta eleição presidencial, o Quem-Quem tende a ser Heloísa Helena. Os votos ideológicos que fazem a opção por essa candidata bem à esquerda são uma pequena minoria. A maioria dos votos que vão sufragar a combativa senadora alagoana são de eleitores que não se sentem à vontade nem com Lula, nem com Alckmin. Eleitores que buscam um pouco de dignidade na política, longe dos escândalos e coisas tais.
Se é assim, é bastantre razoável que o eleitor possa ter a opção de não votar.

terça-feira, agosto 08, 2006

Lula cresce e Alckmin cai

A piada parece que vai se transformando realidade: chuchu cresce para baixo.
Pesquisa do Datafolha (www.datafolha.com.br) confirma o crescimento de Lula e a queda de Geraldo Alckmin. Segundo os dados, divulgados hoje pelo Jornal Naciuonal, Lula subiu de 44 para 47% das inten;'oes de votos. Alckmin caiu de 28 para 24%, aumentando a diferença de 16 para 23 pontos. Heloisa Helena subiu de 10 para 12%. É pouco para levar a disputa para uma segunda rodada.
Os números confirmam a tendência já diagnosticada por outros institutos. E deixa o segundo turno cada vez mais longe. A maior parte dos analistas apostam na reeleição do presidente já na primeira volta eleitoral.
JOGO DURO: As esperanças de Alckmin estão depositadas na propaganda eleitoral gratuita - que nunca reverteu o quadro de uma disputa eleitoral desde 1989. O tucano deverá jogar pesado no rádio e na TV, resgatando os esqueletos do armário petista. Escândalos como o de Waldomiro/Cachoeira, Mensalão e Sanguessuga serão exibidos à exaustão.
Mas tudo isso pode produzir resultados pouco significativos.
Lula tem muita gordura a perder. Além disso, os escândalos não produziram efeitos significativos nos últimos três anos, apesar da insistência da oposição. Agora, as denúncias podem não apenas serem vistas como "mais uma"; podem ser enxergadas tão somente como um recurso eleitoral, período onde todo mundo bate em todo mundo. Ou, pior, podem ser vistas como um simples ato de desespero do tucano.

Ver dados completos da pesquisa na Folha On-Line:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u81170.shtml

Violência e falta de inteligência

O caos de São Paulo está demonstrando duas tragédias a uma só vez: primeiro, a absurda banalização da violência, com demonstração do enorme poder dos grupos do crime organizado; segundo, a completa ausência (ou incompetência) dos serviços de inteligência dentro da área de segurança pública.
Os governos federal e estadual têm sido incapazes de antecipar-se às ações dos chefões do crime organizado.
Não resta dúvida, os atentados promovidos pelos criminosos são um sintoma do desconforto dos grupos que formam a “elite” da criminalidade. Se tudo estivesse às mil maravilhas para o crime, não precisariam as ações de guerrilha verificadas ontem mesmo. De fato, diversas instituições (governo, juízes, ministério público) têm atuado de forma razoavelmente sintonizada, estreitando o campo de ação da bandidagem, antes tão livre.
Ainda que haja essa ação decidida e continuada, há um lado capenga: não há serviço de inteligência realmente relevante. Foram três grandes ações nos últimos dois meses com cerca de 200 mortos, sem que a polícia tivesse a capacidade de perceber que algo dessa magnitude fosse acontecer. São ações grandes demais para não serem percebidas por serviços de inteligência que queiram ser tomados como tal.
Os fatos desses últimos dias mostram que de inteligentes esses serviços têm muito pouco. E têm muito mesmo de incompetência.
Para desespero da população.

domingo, agosto 06, 2006

Deve-se dar esmola?

A pergunta aí de cima é o título de um comentário de Daniel Piza, em seu blog no Estadão.com (http://blog.estadao.com.br/blog/piza/).
A propósito dessa discussão, ele escreve o seguinte:
"Em jantar com amigos ontem, o assunto surgiu: deve-se ou não dar esmola? Aqui onde moramos o número de famílias sem-teto é cada vez maior e fica difícil não lamentar tanta miséria, principalmente diante das crianças. Mas também sabemos que muitos adultos, que às vezes se fingem de pais, obrigam os meninos a vender, ficam com o dinheiro, gastam em bebida e quase nada dão a elas.
Em outros casos, o dinheiro dado pelas nossas consciências culpadas é tal - meninos de rua já me confessaram ganhar mais que R$ 30 por dia, o que dá um "salário" mensal maior que alguns professores ganham por aí - que fica difícil oferecer outra forma de vida a essas pessoas, que não à toa não querem trocar a rua por abrigos e acabam gerando mais filhos para ter mais chances de ganhar esmola. Há também os que fazem malabarismos ou vendem balas, logo a esmola seria uma espécie de retribuição ao seu esforço, ao fato de que - aparentemente - não optaram pelo crime, ainda que os produtos sejam em geral piratas e o comércio de rua prejudique a loja ao lado que paga seus impostos ou até o camelô que é cadastrado pela prefeitura.
Outra opinião é a de que se deve dar comida em vez de dinheiro, e por isso vemos tantas famílias às portas dos supermercados. Mesmo assim não estamos ajudando a perpetuar a situação? Enquanto isso, o poder público se exime de fazer sua parte.
O que você acha?
"
Acrescento uma pergunta: você acha que essa discussão é coisa de paulista que não conhece a realidade dura do sertão nordestino ou é uma discussão realmente pertinente?
Faça seus comentários.

Começou baixaria da grossa

Quem achava que a baixaria estaria restrita ao horário eleitoral gratuito no rádio e TV, enganou-se. O jogo sujo na campanha eleitoral do Piauí começou bem mais cedo que o imaginado.
Por enquanto, a baixaria tem elegido como alvo principal as candidaturas de Hugo Napoleão e de Mão Santa.
Especialmente Hugo tem sido alvo de panfletos difamatórios e boatos repetidos.
Os panfletos são distribuídos à luz do dia, por garotos que recebem um trocado para fazer o jogo sujo que os autores reais têm vergonha de assumir. Se a Polícia Federal quiser descobrir, tem o caminho desenhado na própria rede de distribuição.
Hugo também vem sofrendo sistemáticos boatos. O mais comum diz que ele vai desistir de ser candidato a senador. O pior é que tem jornalista dando ouvidos aos boatos, esquecendo que toda informação merece e exige um mínimo de checagem. E exige fontes concretas (ainda que essas fontes fiquem no resguardo do sigilo profissional).
Há um colunista que já divulgou por três vezes esse mesmo boato.

BOATEIRO MÓ: Nas rodas dos bares da cidade, os boatos contra Hugo e Mão Santa têm nome e sobrenome. E cargo: o autor seria um ilustre policial quer ocupou cargo no primeiro escalão do governo. Tem mais: já foi aliado de Mão Santa. E também esteve muito próximo de Hugo em 1998.
Quem o conhece sabe: fazer maldade é sua principal especialidade.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Rondônia dá um belo exemplo

Em uma operação que investiga a venda de setenças judiciais e desvio de verbas públicas, a Polícia Federal prendeu o presidente do Tribunal der Justriça e da Assembléia Legislativa de Rondônia. A ação policial, chamada "Operação Dominó", não deixou pedra em pé: são 23 prisões, incluindo pelo menos mais nove deputados estaduais, a mulher do preidente do Tribunal e outros juízes e desembargadores.
Todos são acusados de participar de uma quadrilha especializada em monte de falcatruas: desvio de recursos públicos, corrupção, peculato, extorsão, lavagem de dinheiro e venda de sentenças judiciais.
Cá prá nós, se a moda pega Brasil afora, a fila de pedras de dominó no chão vai ser grande.
Veja matéria completa em:
www.estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2006/ago/04/64.htm

O PT e a cultura do denuncismo

O presidente Lula, bombardeado com munição de grande calibre na esteira de escândalos como mensalão e sanguessugas, reclama que há uma cultura do denuncismo no Brasil. Diz mais: aqui se criou uma mentalidade segundo a qual o homem público é desonesto a priori.
Lula tem razão no diagnóstico. Mas não em porque reclamar.
Foi exatamente o PT o principal construtor dessa mentalidade, aliado por uma imprensa que muitas vezes se vale de qualquer denúncia para chegar a objetivos distantes do desejado aperfeiçoamento democrático e da boa gestão dos recursos públicos.
Em mais de 20 anos na oposição, o PT se especializou em denunciar. Denunciou muita gente com base em documentos fartos e acusaões fundadas. Mas também lançou na lama a honra e a imagem de muitas pessoas que nada deviam no cartório.
Agora Lula e petistas - incluindo alguns do Piáuí - reclamam das pancadas que levam. E fazem da reclamação (escudada numa pouco crível idéia de perseguição política e preconceito) a principal defesa em relação a escândalos robustos e muito palpáveis, tal como o que envolve a licitação de ambulâncias.
O envolvimento de um integrante do diretório nacional do PT, o ex-candidato ao governo do Ceará, José Cirilo, já é evidente demais para que a defesa seja unicamente a desculpa de perseguição política. Em outros tempos, um episódio como esse seria suficiente para o PT falar em impeachment e promover uma ampla mobilização popular. Agora, no governo, tenta colocar panos mornos em tudo.
Essa postura não combina com o discurso histórico do PT. Tampouco com o desejo de aperfeiçoamento da administração pública e da democracia brasileira.
De fato, o PT deve muitas explicações ao respeitável público. As desculpas não cabem mais.

Governador do PI forjou licitação, diz Vedoin

Deu em O Estado de S. Paulo:
O empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, uma das principais empresas da máfia das ambulâncias, afirmou ontem que teve três encontros com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), para tratar de suposto direcionamento em um processo de licitação.
Os encontros teriam ocorrido no gabinete da Casa Civil do governo do Estado, em 2003 e 2004. Na época, Dias queria comprar 143 ambulâncias e dispunha de um crédito do Ministério da Saúde de R$ 11 milhões.
As revelações de Vedoin foram divulgadas ontem pelo deputado Júlio Delgado (PPS-MG), sub-relator da CPI dos Sanguessugas, que participou do longo interrogatório a que o empresário foi submetido na sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. "Ele (Vedoin) não falou em dinheiro, mas disse que houve negociação e direcionamento", contou Delgado. "Houve a tratativa de direcionamento", reforçou o parlamentar.
Treze integrantes da CPI estavam presentes à sessão fechada. O advogado Otto Medeiros acompanhou o empresário. O relato de Vedoin, considerado decisivo pela CPI, foi gravado. "O depoimento oferece provas robustas contra vários parlamentares", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). "Provas essas que, sem sombra de dúvida, vão ensejar a cassação dos parlamentares."
A empresa de Vedoin funcionava como pivô de um esquema de venda superfaturada de ambulâncias, compradas por prefeituras com verbas do Orçamento da União. Há pelo menos 90 parlamentares envolvidos de alguma forma na fraude - eles foram notificados para se explicarem à CPI -, suspeitos de apresentar emendas ao orçamento para beneficiar o esquema em troca de propina. A fraude passou a ser investigada no Congresso depois que, em maio, a Operação Sanguessuga da Polícia Federal prendeu 46 acusados.
Diante das informações de Vedoin, o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE), quer que a subcomissão encarregada de investigar a participação de integrantes do Executivo siga trabalhando sem recesso a partir do dia 10, ao contrário do restante da comissão. Segundo ele, também já há motivos para pedir a quebra do sigilo bancário de parlamentares e assessores.
HOTEL - Vedoin citou detalhes sobre as reuniões que teria tido com o governador do Piauí. Indicou até o hotel em que ficou hospedado em Teresina no período em que os encontros teriam ocorrido. O empresário afirmou à CPI que o pregão eletrônico implantado pela central de compras do governo do Piauí "é totalmente vulnerável".Por meio de sua assessoria, o governador do Piauí afirmou que "não participou de qualquer acordo para direcionamento de licitações para a compra de ambulâncias".
A Coordenadoria de Comunicação do Estado esclareceu que a licitação foi realizada em pregão eletrônico. A secretária estadual de Saúde, Tatiana Chaves, informou que a Planam participou do pregão, apresentou preços mais baixos para fornecimento de sete UTIs móveis. "Mas não contratamos a Planam, não conheço Luiz Vedoin", afirmou a secretária.
Vedoin reafirmou negociações que teria mantido na Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul, Estado comandado por Zeca do PT, para igualmente negociar a venda de ambulâncias. O governador rechaçou qualquer suspeita de irregularidades, disse que as licitações em seu Estado são feitas também por pregão eletrônico e que vai processar o empresário.
Segundo Jungmann, a CPI também deve investigar negociação não concluída de um empréstimo que a Planam tentou no Banco do Nordeste (BNB). Segundo ele, Vedoin contou que a soma seria usada para uma obra superfaturada de R$ 18 milhões que seria realizada na Bahia. O negócio não saiu do papel. "Há necessidade do aprofundamento dessa investigação."
"O governador do Piauí, Wellington Dias, reitera as informações de que o Estado não comprou ambulâncias da empresa Planam e não fez qualquer tipo de direcionamento de licitação para compra de ambulâncias. Em face da conotação eleitoral dada a estes fatos e a repetição da veiculação dos mesmos, o governador Wellington Dias ajuizará ação de reparação por danos morais e à sua imagem em decorrência das afirmações caluniosas proferidas pelos investigados."
http://www.estado.com.br/editorias/2006/08/04/pol-1.93.11.20060804.22.1.xml

Campanha e Governo, a mistura

Deu na coluna de Zózimo Tavares: o governador Wellington Dias fez uma reunião com secretários para avaliar devia continuar a entregar ambulâncias depois do escândalo dos Sanguessugas, onde o nome de Dias se vê envolvido.
Na reunião estava Silvio Leite, que não é secretário, e sim um dos fazedores da campanha eleitoral do governador.
O fato mostra o quanto se mistura a ação do governador com a ação do candidato.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Infidelidade e interesses eleitorais

Fenelon Rocha disse logo abaixo que a marca registrada da política brasileira é a infelidade partidária. Tem razão quando assim fala. Trata-se de algo tão absolutamente normal que até um vocábulo da língua portuguesa surgiu como resultado da traição: cristianização.
Porém, o comentário de Fenelon não se completa sem uma observação que ele, aparentemente esqueceu ou não considerou relevante: não se tira candidatos a deputado do páreo porque ele subiu no palanque adversário.
A questão é matemática. Como a eleição no Brasil é proporcional e os votos nominais são somados num balaio de cada partido, para daí se determinar o tamanho das bancadas, eliminar candidatos é a mesma coisa que reduzir o número de votos e as chances de fazer maior quantidade de deputados.
Portanto, além das ponderações já feitas por Fenelon Rocha, fica mais essa para os leitores refletirem.