sábado, agosto 26, 2006

A cretinização da política e do eleitor

Em agosto do ano passado, escrevi um artigo em que falava da cretinização da política.
Há uma ampla cretinização no meio, que tudo considera normal e defensável. Isso se faz presente em argumentos que naturalizam a corrupção e a bandalheira. Basta observar que um dos argumentos mais fortes do PT para justificar os caixas dois e mensalões, é que isso ocorreu também em outros tempos. Se ocorreu antes, agora pode. E assim, não há porque se criticar sanguessugas, mensalões, Waldomiros, Dirceus e Delúbios.
Quer dizer: o PT, que sempre se apresentou como diferente, agora se esforça para ser igual. Porém, como na Revolução dos Bichos, quer ser mais igual que os outros. Porque se a bandalheira que ocorria no PSDB era negada e causava estragos, agora é vista como “uma coisa normal da política”. Sem conseqüências para seus autores.
Esta é a cretinização, que considera a política um mundo sujo, sem jeito e sem alternativa.
Pior é que essa cretinização passa os limite dos políticos e alcança setores da cidadania, e setores importantes da elite pensante, que cria referências – como artistas e intelectuais. Nomes como Wagner Tiso e Paulo Betti, sempre respeitados por uma postura ética, ou que pelo menos discursavam em defesa da ética, agora simplesmente dizem que ética e política são incompatíveis. E tudo bem. Mais: dizem isso em defesa da postura pouco ou nada ética do governo que apóiam, comandado por Lula (veja a postagem anterior para entender melhor o caso).
O mais triste é que esse tipo de argumento vai se naturalizando, usado por atores, por compositores, por padres e pastores que ocupam os palcos e os púlpitos na defesa aberta e sem limites da não-ética da política. Cretinamente, ao dizerem que outros fizeram o mesmo que Lula & Cia, deixam claro que roubar é normal e pouco (ou nada) se pode fazer.
Nada mais cretino. Nada mais absurdo. Nada mais danoso à construção de uma cultura democrática e participativa.