domingo, abril 30, 2006

A difícil escolha

As entidades encarregadas de defender Lula nas ruas, no caso de um eventual processo de impeachment, receberam bela grana do governo: nada menos que R$ 60 milhões, segundo reportagem de hoje da Folha. Só Lula? Pior que não. Dia 28 a mesma Folha revelava que aliados de Garotinha haviam recebido contratos somando R$ 243 milhões. E antes outra matéria mostrava interferência política na liberação de publicidade da Nossa Caixa, na gestão Alckmin.
Abaixo, um resumo das matérias e link para os textos completos.

União repassou R$ 60 mi a entidades pró-Lula
Marta Salomon e Rogério Pagnan, na Folha On line, 30/04/06:
Mobilizadas para reagir a um eventual pedido de impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva, entidades de trabalhadores, sem-terra e estudantes receberam mais de R$ 60 milhões dos cofres públicos nos primeiros três anos de mandato do presidente. O maior volume de dinheiro foi destinado ao MST e à CUT, investigados pelo Tribunal de Contas da União por desvio de verbas federais.
Texto Completo em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u78047.shtml

Aliados de Garotinho ganham contratos de R$ 243 mi no Rio
Elvira Lobato, Raphael Gomide e Sérgio Torres, na Folha On Line, 28/04/06:
Aliados de Anthony Garotinho, pré-candidato do PMDB à Presidência, criaram uma rede de supostas entidades sem fins lucrativos que movimentaram --sem licitação e por meio de empresas de fachada-- pelo menos R$ 242,8 milhões em contratos públicos com o governo do Estado do Rio, administrado por sua mulher, Rosinha Matheus.
Texto completo em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u77977.shtml

Banco estatal beneficiou aliados de Alckmin
Frederico Vasconcelos, na Folha On Line, 26/03/06:
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) direcionou recursos da Nossa Caixa para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembléia Legislativa.
Texto completo em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u76962.shtml

Gastança eleitoral é irreversível

De Lu Aiko Otta, da Agência Estado

O presidente Lula está ampliando os gastos do governo de forma irreversível. Dados do Tesouro Nacional mostram que as despesas aumentaram 14,5% nos 3 primeiros meses do ano, não por causa de obras. O que está pesando sobre o caixa federal são os gastos com a Previdência e os programas assistenciais e também a folha de pagamentos do governo.
O problema, segundo economistas, é que esses gastos não são cortáveis e ficarão incorporados à estrutura de despesas nos próximos anos. Significa que tão cedo a carga tributária não poderá cair, ou não será possível pagar todas as despesas. E, na hipótese de haver uma crise internacional, haverá pouca margem de manobra para "apertar o cinto".
Matéria completa em:
http://www.estado.com.br/editorias/2006/04/30/eco107181.xml

Um problema amplo e geral

Em comentário ao tópico abaixo, Aline questiona porque o texto só inclui uma única sigla - no caso, o PT. Simples: porque a notícia da Folha é sobre o PT. Ainda assim, o texto é explícito ao lembrar que os altos gastos, o socorro aos financiadores de sempre (empreiteiras, sobretudo) e/ou o falseamento de dados contábeis alcançam todos os partidos. Todos mesmo, do PFL ao PSTU, do PSDB ao PCdoB, do PMDB ao PDT, do PL ao PSB, do PT ao PTB.
Essa é uma praga do sistema político (e fiscal) brasileiro.
Quem observar apenas a agenda dos candidatos - especialmente as viagens de avião - vai perceber que em alguns casos os gastos declarados não cobrem nem mesmo os gastos com deslocamento. Muito menos os gastos "indeclaráveis" sob todos os aspectos.
Como disse na nota abaixo (e Aline deve concordar que não é uma crítica a ninguém, ainda que o mensalão - que existe desde sempre - tenha estourado na Era PT), o caixa dois das campanhas é um problema antes fiscal que político. Somos o país do caixa dois. E isso é uma lástima. Em qualquer governo. Era uma lástima antes. Continua agora.
E se torna uma lástima ainda maior quanto se tenta fazer de conta que o problema não existe. Ou que a militância está financiando uma campanha presidencial.

sábado, abril 29, 2006

‘Me engana que eu gosto!’

Deu na Folha de S. Paulo: “A campanha militante de arrecadação de dinheiro do PT já recebeu R$ 346.415, segundo números divulgados pela CEN (Comissão Executiva Nacional). Desse total, R$ 260.926,56 foram doados por parlamentares petistas. Os R$ 85.488,44 foram obtidos por meio dos jantares e eventos promovidos pelos petistas”.
Há uma série de outras informações (confira em http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u78032.shtml).
Mas ninguém se iluda. Esse dinheiro não dá nem para fazer cosquinha em campanha de deputado federal no Piauí. Para presidente da República, então, não representa absolutamente nada. Nada mesmo! As campanhas no Brasil são absurdamente caras. Um estudo mostra que chegam a rivalizar com os custos das campanhas norte-americanas – onde a propaganda na TV é paga pelos partidos, não pelo contribuinte, na forma de dedução de impostos das emissoras. Na terra do Tio Sam, a compra de espaços na TV consome mais da metade de todo o orçamento de campanha.
Aqui ninguém compra espaço na TV, que é gratuito. Mas as campanhas custam os olhos da cara. Nenhum candidato presidencial de fato no páreo gasta menos de R$ 50 milhões. As prestações de contas mostram valores bem menores, mas elas não passam de peça de ficção, como bem mostra o escândalo do mensalão. E não adianta apostar tudo numa nova lei eleitoral para coibir esse desvio, porque este problema é sobretudo fiscal.
Somos a terra do Caixa 2. E ponto!
A divulgação do PT sobre a arrecadação é puro jogo de imagem. Para tentar passar uma idéia de que a campanha será financiada pela militância. Todos (ou quase todos) sabemos que a verdade está longe disso. O PT vai ter que financiar sua campanha com empreiteiras e outros financiadores – os de sempre, no PT e fora dele. Portanto, essa divulgação é coisa para inglês ver.
“Me engana! Me engana que eu gosto!”

Falta o candidato Pop

Toda eleição tem um candidato que absorve os votos daqueles eleitores ao mesmo tempo críticos e desapegados de um compromisso político mais estreito; eleitores que terminam votando em alguém que tenha se destacado por uma ação diferenciada. Para deputado federal, Heráclito Fortes já colheu esse tipo de fruto no distante 1986. Mais recentemente, isso aconteceu com Wellington Dias, em 1998, e com Trindade e Afonso Gil, em 2002. Esse tipo de eleitor busca um nome que tenha um trabalho a ser recompensado.
Falta um candidato que canalize esse tipo de sentimento em 2006. Para alguns, pode ser Hugo Napoleão. Para outros, falta sobretudo um nome que tenha ressonância mais forte entre os jovens.
Bom, se a questão é o público jovem, tem o Marco Peixoto. Sim, o homem do Piauí Pop, que nos últimos três anos andou visitando boa parte dos colégios de Teresina, sob as bênção de São Cineas e do Planeta Música. E que realizou um evento indicutivelmente de sucesso, com amplo apoio e reconhecimento entre os jovens. Um evento que diferencia o Piauí.
Assim, uma coisa ninguém pode negar: o Marcos é Pop.

Em tempo - O Peixotão não apenas é pop. Ele também tem filiação partidária, o que assegura as condições para uma candidatura real. Mais precisamente, é filiado ao PSDB desde quando, nas asas da Micarina original, alguns amigos pensaram em lançá-lo candidato a prefeito de Esperantina.

sexta-feira, abril 28, 2006

Vote: o candidato do PP

Quem você acha que o PP indica para compor a chapa de Firmino Filho? Lembre-se, o candidato vai ser indicado pelo presidente do partido, Ciro Filho.
Abaixo, algumas alternativas:

( ) O próprio Ciro Nogueira Filho
( ) Ciro Nogueira, pai de Ciro
( ) Iracema Portela, mulher de Ciro Filho
( ) Júlio Arcoverde, amigo-irmão de Ciro Filho

Faça sua opção por um dos nomes acima ou por um outro nome que você acha que tem mais chances de ser o escolhido.
Dê sua opinião no comentário abaixo.

Sagrada Familia política

A política do Piauí é mesmo uma grande família.
E não estamos falando apenas do “filho de Seu João”. Há o irmão do Nazareno, o filho do Zé Nery, o irmão e o afilhado do Mão Santa, a mulher do Zé Leão, o filho do Tapety, a filha do Zé Rodrigues, o irmão do Jesualdo, o filho do Gaspar.
Há aqueles que se identificam por herança de patrimônio político e de nome, como Ciro Filho, Leal Júnior e Luciano Filho.

As coisas fáceis dos políticos


Curioso como os políticos têm uma enorme capacidade de facilitar as coisas.
Garotinho, o candidato do PMDB a presidente, recebeu dinheiro altamente suspeita para sua “campanha” a presidente. Quando veio à tona a denúncia de que até um assaltante (daqueles que usam armas e arriscam a vida) era sócio de uma das empresas caridosas com irmão Garotinho, o evangélico político tratou de devolver a grana.
Para quem precisou receber uma bolada de R$ 600 mil para sair pelo Brasil querendo o butim planaltino, parece fácil demais que rapidamente a mesma quantidade tenha aparecido para ser devolvida aos contribuintes.

quinta-feira, abril 27, 2006

Sim, Dirceu dizia a verdade

A imagem aí do lado é a capa da revista Veja de 10 de março de 2004. Protagonista do primeiro grande escândalo do governo Lula – aquele do Waldomiro –, Zé Dirceu dizia que não deixaria o governo. Pensava-se que era birra de alguém que não queria larga o osso. Agora vemos que Dirceu dizia a verdade. Verdade verdadeira. O homem deixou de ser ministro, deixou de ser deputado. Mas não deixou de ser governo. E, mais de dois anos depois, é quase tão poderoso quanto antes, comandando a campanha de Lula à reeleição.Dirceu não largou o osso, mesmo! E que osso!

O estranho motivo do voto

Conversando com uma amiga teresinense, ela manifestava suas opiniões sobre a política e sobre seus candidatos preferenciais. Hoje, votaria no Silvio Mendes até para papa, tão encantada está com o prefeito. Não sabe ainda em quem vota para governador, mas tem certeza que não vota em Mão Santa. Quanto à presidência, não tem muita convicção, mas acha que terminará votando no Lula. Por um motivo singelo: ele deve ter mais quatro anos, como o FHC teve.
Ao analisar o governo petista, ela é dura: acha que tem muita roubalheira, que Lula colocou uma gangue na Esplanada. Mas acha que todos fazem o mesmo. E como acha que Lula é a cara do Brasil, pode simplesmente votar nele, ainda que tenha boas informações sobre Alckmin.
As motivações dessa minha amiga - uma pequena empresária que pode tranquilamente ser colocada no rol de pessoas com maior discernimento sobre a realidade - são as mesmas de muita gente. Principalmente quanto à malversação dos recursos públicos: muitos acham que quem chega ao poder tem um certo direito de dar uso privado ao que é público. Isso explica, por exemplo, porque Mão Santa tem tanto apoio, apesar dos muitos problemas de seu governo, no campo da probidade.
Isso também explica porque, apesar de mensalões e outras coisas do gênero, Lula tem índice tão elevado, e um índice de aceitação acachapante entre os setores mais populares, onde esse tipo de pensamento é tão presente. Nada a ver, portanto, com as críticas de Daniela Mercury e Caetano Veloso, que pedem para que não se vote outra vez em Lula precisamente pelo mar de corrupção. Muita mais distante ainda das reclamações de Lima Duarte, que lastima a glorificação da ignorância.
Sem dúvida, Lula está de um lado criando uma identidade com o segmento mais popular. E, de outro, agradando a elite econômica como nenhum outro governo conseguiu. Além disso, tenta agendar os meios de comunicação com denúncias de corrupção contra os adversários. È uma forma de igualar o perfil: você diz que eu faço, eu digo que você faz a mesma coisa.
A contradição não importa. Importa que rende votos.

quarta-feira, abril 26, 2006

Estrelas contra estrela

Mais uma voz do mundo artístico contra Lula. Desta vez foi Daniela Mercury, que em show em Lisboa bateu forte no governo petista. Em apelo direto aos muitos brasileiros presentes, disse mais: votar contra Lula é o troco que o povo deve dar contra o mar de corrupção na Era Lula.
Antes de Daniela, Caetano Veloso já havia batido muito pesado, mostrando sua frustração com Lula e sua turma. Para Caê, é uma tremenda burrice votar outra vez no PT. O mesmo pensamento foi manifestado por Lima Duarte, em entrevista à Folha, quando criticou Lula especialmente por fazer a apologia da ignorância.
Vale lembrar, Lula foi o queridinho do mundo artístico por quatro eleições. Claudia Raia e Marília Pêra eram exceções em 89, assim como Regina Duarte, em 2002. O grosso do estrelato - sobretudo o da TV Globo, a Hollywood brasileira - perfilava com Lula.
As vozes de Daniela, Caetano e Lima Duarte podem ser tomadas como isoladas. O problema é que não aparece voz em defesa. E os artistas funcionam como instituições, vozes que geram referência e legitimam comportamentos.
Agora é acompanhar os fatos para saber se outras estrelas do universo artístico vão anunciar o divórcio com a estrela vermelha.

O voto pré-definido

O ex-governador Geraldo Alckmin corre contra o histórico das eleições presidenciais brasileiras. Desde 1989, o vitorioso do pleito final sempre esteve na liderança das intenções de voto desde muito cedo. Quem chegou mais tarde à liderança foi FHC, em 1994: passou de Lula em julho. Collor liderava mais de um ano antes da votação, o mesmo acontecendo com FHC em 98 e Lula em 2002.
Isso quer dizer que a campanha no rádio e TV teve para os líderes a função de manter votos.
Alckmin tem a favor o fato de só ter entrado na disputa agora, como ocorreu com FHC em 94: até deixar o ministério, no início de abril, os nomes apontados como adversários de Lula eram Maluf e Antônio Brito - as pesquisas mostrando viabilidade de Maluf, que acabou desistinto para seguir prefeito de São Paulo. O Real (mais um monte de bobagem do PT) fez a balança pender para FHC naquele ano.
Este ano, o nome tido como viável na disputa contra Lula era Serra, que saiu do páreo não pela prefeitura de SP, mas por obra e graça das querelas tucanas. Agora Alckmin vai ter que mostrar suas próprias ferramentas porque não há Real à vista. Quando muito, há os escândalos do governo Lula, sem dúvida um forte discurso para o período de campanha no rádio e TV. Resta saber se isso vai funcionar, se ainda haverá tempo para conquistar tantos votos que faltam.

No Piauí: No cenário local, a estabilidade das intenções de voto nao é a mesma. Basta lembrar de 94, quando Atila liderava com folga e Mão Santa sequer era levado a sério pelos corregionários. Em 2002, Wellington nem de longe pensava em concorrer ao governo. Concorreu e ganhou.
Agora é ver o rumo dos fatos. Principalmente da soma de atores políticos, onde as lideranças regionais têm influência bastante expressiva.

A charge aí de cima é do Ique, publicada pelo JB (www.jb.com.br)

terça-feira, abril 25, 2006

Há obras e obras

Foi a manchete do jornal Meio Norte de hoje: Wellington vai encerrar seu governo com 5.400 obras.
O próprio governador contabilizou em entrevista na véspera, para Maia Veloso, um total de 5.300 obras em 223 municípios do Estado. Ótimo. Numa campanha de reeleição, garante votos em todos esses lugares, onde qualquer alma com mais de 16 anos e um título de eleitor será capaz de aferir a existência de uma obra do governo petista. Claro como o dia: pelos números informados, o atual governo executou, em média, até agora, 23,67 obras em cada cidade piauiense.
A oposição está esperneando diante do fato divulgado pelo governador. Besteira. Deveriam esperar pela campanha eleitoral para usar esse fermento burocrático que espalhou obras pelo Piauí com grau de facilidade bem próximo àquele que Cristo teve para multplicar pães e peixes.
Seja como for, parece razoável considerar que o número de obras enumeradas pelo governador é um indicativo forte da pauta da campanha. Wellington Dias caminha por uma estrada que muitos trilharam com relativo sucesso: a do político tocador de obras. Se bem que esse caminho é perigoso, porque obras em passado recente rimavam com empreiteiras e estas com descaso (para dizer o mínimo) com dinheiro público.
Resta aos opositores ou escolher a mesma pauta ou seguir uma trilha em que o governador não consiga obter tanto êxito.

Um espaço democrático

Abrimos aqui um espaço para tentar abordar as eleições deste ano, tanto no cenário nacional quanto no foco local piauiense. Porquê? Muito simples: eleição é o momento para manifestação dos cidadãos. E o Blog é o espaço mais democrático que encontramos hoje, um local para exercício da cidadania, de forma individual ou coletiva.
Então aqui juntamos as duas coisas: um espaço cidadão e exercício democrático.
E será sobretudo um espaço plural, com a participação de vários cidadãos - a maior parte jornalistas -, com as mais distintas visões ideológicas e do fazer político. Assim, queremos transformar este espaço numa miscelânea de notas sobre a campanha de 2006, um conjunto de informações que buscam uma certa objetividade mas que inevitavelmente será conflitante. E assim, no choque de visões e na pluralidade de informações, desejamos contribuir com o processo eleitoral.
Se ao final de tudo tivermos conseguido despertar um mínimo de debate e produzido um mínimo de sentido crítico a uma dúzia de pessoas, teremos atingido nosso objetivo.
Queremos assim que você também seja parte deste palanque aberto, democrático, cidadão.