sexta-feira, janeiro 26, 2007

Contas do Estado

Há algo de muito esquisito nas contas estaduais. Como verificar o acesso às contas é algo mais díficil que o Caminho de Santiago, fica mesmo o mistério e a esquisitice. Ou, pior ainda, a especulação com jeito de verdade.
Há quem fale em insolvência, mas isso é exagero puro.
O que existe de fato é um elevado grau de dificuldade para tocar o custeio da máquina administrativa. E essa dificuldade não é novidade. Desde antes da eleição o governo já andava com dificuldades para honrar compromissos com seus fornecedores habitais de itens como combustíveis e suporte de informática, além de telecomunicações.
Como as dificuldades não representam uma novidade, fica a dúvida sobre a extensão delas. Ademais, elevação de custeio de pessoal - face os planos de cargos e salários de 29 categorias funcionais - é algo não mensurável até aqui. Ninguém sabe dizer qual a repercussão financeira desses planos. Mas não é coisa pouca, algo capaz de complicar a vida do secretário de Fazenda, a quem cabe não o pagamento da conta, mas, sobretudo, dizer quando não poderá honrá-la.

Melhor é ficar na oposição

Robert Rios acaba de sinalizar que o melhor lugar para fazer política no Piauí é na oposição. Ele tem razão. Com tanta gente aderindo ao governo, os espaços se reduzem a ponto de não comportar a todos. O resultado é que quem fica com o governo pouco pode fazer e nada pode prometer. Na oposição, pode-se oferecer algo ilimitado, que é a esperança.
O governo grande demais e com toda essa heterodoxia ideológica corre o risco de tornar-se antipatizado pela população e, pior ainda, ineficiente para atender a enorme quantidade de demandas - não necessariamente as demandas corretas.
Como é difícil atender a todos, o governo pode se perder já no começo do caminho de quatro anos que está percorrendo. Como há gente demais a atender, haverá sempre gente não satisfeita.
O número de insatisfeitos, aliás, já é tão grande que o murmúrio dessa gente começa a virar grito ensurdecedor. Robert Rios, cuja língüa não consegue ficar quieta, é apenas mostra da barulheira. Mas tem gente quieta que faz do silêncio um grito muito maior do que o tagarela deputado estadual comunista. Um exemplo: João Vicente Claudino. O senador eleito pouco fala, mas o que ele não fala se escuta bastante.
Se há uma insatisfação generalizada, tanto pior para o PT. Para Wellington Dias as coisas seguem bem. Ele não pode mais ser reeleito e daqui a quatro anos pode tentar ser senador. Seu partido, entretanto, vai para a disputa sem o refresco da caneta companheira e, pior, com arestas irremovíveis contra os aliados de agora.