quarta-feira, maio 31, 2006

PMDB governista precisa pôr as barbas de molho

Quem fez a observação foi Lourdes Rufino: se João Henrique Sousa, Kleber Eulálio, Themistocles Filho, José Ribamar Pereira (Cabelouro), Henrique Rebelo, Marcelo Castro e Warton Santos perderem a disputa com Mão Santa na convenção do PMDB, é melhor que deixem a política, porque não sabem nada sobre o assunto.
Seja como for, melhor mesmo é que os peemedebistas governistas ponham as barbas de molho. A despeito do enorme favoritismo - e otimismo - de que estão cercados, os ressentimentos da base peemedebista com o governo do PT indicam que a batalha na convenção do PMDB pode não ser a barbada que eles esperam.
Aliás, o que este blogueiro disse na semana passada sobre Mão Santa estar fora do páreo parece com palavras de Fernando Henrique - o sociólogo presidente que pediu para esquecerem o que ele escreveu. Sim, porque rancor guardado na geladeira, como convém ao modo 'mãosantista' de fazer campanha, pode desencadear surpresas desagradáveis na convenção peemedebista

PT só aposta em Wellington no Nordeste

Está na Folha de São Paulo de hoje que o PT não aposta em vitórias nos disputas estaduais. Mesmo com Lula nadando de braçadas e tendo, em alguns Estados nordestinos índices de 7 para 1 contra Alckmin, a região não parece muito disposta a ser igualmente generosa com a raia miúda da estrela vermelha.
Diz a Folha: "No Nordeste, indica o estudo, Lula prevalece sobre o tucano Geraldo Alckmin em todos os Estados. Sua taxa média de intenção de voto roça os 70%. Mas o prestígio do presidente não é transferido aos demais candidatos petistas. Em toda a região, só no Piauí o PT julga que fará o governador, renovando o mandato de Wellington Dias".
Quem quiser saber mais, a matéria completa está no seguinte endereço: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/index.html.

terça-feira, maio 30, 2006

Perguntinha impertinente

Responda se for capaz:
Alguém ainda acredita na aliança do PSDB com o PFL?

Ou melhor: interessa a alguém a aliança entre os dois partidos?

Zózimo: Hugo deve agradecer a Firmino

Em artigo no portal 180 graus, o jornalista Zózimo Tavares faz uma boa análise da crise PFL-PSDB. E, em resumo, diz que Hugo Napoleão deveria estar agradecido a Firmino Filho. Verdade, a estratégia suicida de Firmino projetou Hugo, uniu o PFL e criou sérios problemas para o PSDB.
Isso tudo não quer dizer, no entanto, que esteja justificada a imposição do tucano. Até porque aliança se faz com ônus e bônus. Em 2002, o PFL engoliu o sapo. Agora a posição se inverteria. Mas, como diz o senador Heráclito Fortes, o tucano quer só a parte saborosa.
O artigo completo está em www.180graus.com/opiniao/artigo.asp?id=214.

segunda-feira, maio 29, 2006

Fazendo-se de fantasma

Falei há pouco com uns jornalistas (gente de redação) sobre as tais entrevistas fantasma. Não são bem fantasmas!!!
Das quatro, três são verdadeiras. Apenas uma delas foi plantada, como se fosse real, para legitimar as outras. Nessa o jornalista, de boa vontade, engoliu mosca. De fato, na crise que vive o estado, alguns políticos dizem para os ex-quase-futuros aliados que não deram as declarações, mas não desmentem nada nos jornais.
Ou seja: dizem nos bastidores que não deram as declarações, mas efetivamente deram.
De fato, tentam jogar em duas frentes: internamente, acenando com a aliança, iludindo os (im)possíveis aliados; e externamente, jogando para a platéia, criando un cenário político difícil de ser reparado no futuro.
No frigir dos ovos fica uma certeza: o veto de Firmino dentro da coligação com o PFL é mais verdadeiro que na semana passada. O que quer dizer que a coligação não vai a lugar nenhum.
Tem mais: para 100% dos interlocutores, Firmino se queixa de Hugo - sabe-se lá porque.
E Hugo reafirma que não quer ser candidato na marra, nunca quis. E nesse teatro de intrigas, deve manter mesmo a candidatura a deputado.
O problema é a reação da base, que Heráclito Fortes até agora não conseguiu conter, apesar do tempo que conseguiu ganhar retardando a viagem de Napoleão.

Entrevista fantasma

Ao que parece, a ficção vai tomando conta de alguns espaços jornalísticos do Piauí. Pelo menos é o que depreende de algumas “entrevistas” publicadas por meio de comunicação de Teresina.
As declarações põem lenha na fogueira da crise PSDB-PFL. Mas quatro dos “entrevistados” simplesmente disseram que nunca deram as tais declarações publicadas.
E tudo é construído de uma forma a garantir “credibilidade” às matérias, com declarações de gente do PFL e do PSDB ao mesmo tempo. Ou seja: os textos parecem atender à lógica jornalística do dito e do contradito.
O único problema é que os nomes citados nunca deram declaração nenhuma. De fato, as matérias publicadas só interessam aos adversários dos dois partidos, em concreto ao governo.
Esse episódio repete o da campanha de 1998, quando o Piauí viu os fatos serem manipulados graciosamente.
Mas vale lembrar o resultado: um legítimo efeito bumerangue, com a desqualificação do noticioso.

Hugo só na quarta-feira

Atendendo a um apelo do senador Heráclito Fortes, o ex-governador só desembarca em Teresina na quarta-feira. Assim, ganha mais tempo a novela da aliança PSDB-PFL.
Mas a mudança de data pode ser tempo suficiente para que sejam aparadas algumas arestas. A possibilidade de aliança não está descartada.
Mas só quarta-feira se saberá se frutifica.

Porta aberta. Talvez pra nada

O ex-governador Hugo Napoleão desembarca em Teresina daqui a pouco. Deve chegar com um tom moderado, deixando uma porta aberta à coligação com o PSDB. Nao quer ser responsabilizado pela ruptura. Mas é improvável que o cuidado renda frutos.
De fato, o ex-prefeito Firmino Filho e outros tucanos mantêm a postura de confronto. E isso deve representar o sepultamento definitivo da aliança.
Resta saber o que será feito daí por diante.
No PSDB, o caminho deve ser a chapa pura: candidato a governador e a senador do PSDB. No máximo, a vice para algum aliado interessado, como o PP.
No PFL, as dúvidas são maiores. Napoleão deve se manter como candidato a senador, mas o candidato a governador depende de muitos fatores. O primeiro, a disposição de Heráclito Fortes em atender ao chamado das bases. Outro, o resultado da convenção do PMDB.
Se Mão Santa vence, pode ser feita uma coligação branca: o senador para o governo e Hugo para o senado. Se Mão Santa perde, como é provavel, aí o PFL deve indicar canddiato a governador e a vice e buscar o apoio informal do grupo mãossantista.
Neste caso, a vice também deve ser oferecida ao PP.

Montar cenários políticos virou diversão

Campanha eleitoral animada a atual. Com a crise na aliança entre tucanos e pefelistas (que agora só existe na cabeça dos mais esperançosos e dos muito tolos) e a indefinição de sempre do PMDB, uma das diversões de quem se interessa por política passou a ser a montagem de cenários. Alguns deles colhidos no final de semana:
1. Mão Santa acerta com o PFL uma aliança. Heráclito, dono do Partido da Frente Liberal e com alguns ativos políticos no terreiro peemedebista, ajudaria o senador a vencer a convenção, com uma proposta para lá se inusitada, com Hugo Napoleão como candidato a senador.
2. Firmino desiste de ser candidato a governador, acertando uma aliança com Mão Santa, que disputaria o Palácio de Karnak. O ex-prefeito concorreria, nesse cenário, a senador.
3. Mão Santa vence a convenção do PMDB com uma chapa puro-sangue, Firmino segue candidato sozinho com o PSDB e Heráclito Fortes vai para o sacrifício no PFL. Parêntese: o senador pefelista já admite a possibilidade de ser candidato para não deixar o partido fragilizado.
Resumo da ópera: em qualquer um desses cenários quem menos tem a ganhar é o governador Wellington Dias.

Mão Santa acredita que ganha

O senador Mão Santa e seus partidários estão se movimentando para assegurar a maioria dos convencionais do partido. Ele diz que tem 200 votos na convenção. Pode ser blefe de jogador, porque todo o colégio eleitoral peemedebista soma 326 votos.
O pré-candidato tem percorrido todo o Estado com um discurso que vai da promessa de um pedaço do paraíso - o governo - até um argumento difícil de derrubar: a sua vantagem nas pesquisas. Outro componente da fala de Mão Santa é que os governistas do PMDB estão cometendo uma injustiça ao rifá-lo em favor de Wellington Dias.
Os peemedebistas das bases estão gostando do que ouvem. Razões para isso não lhe faltam, mas a maior delas é que o senador Mão Santa diz que tem chance de vencer a eleição (e tem mesmo se deixarem ele ser candidato)e que num mandato dele quem vai ter prestígio é o delegado do PMDB que lhe der voto agora.

domingo, maio 28, 2006

Silvio Mendes, o articulador

Está nas mãos do prefeito Silvio Mendes o futuro da aliança entre PSDB e PFL.
Silvio a deseja e trabalha por ela. E deve viabilizar ainda para esta segunda-feira um encontro entre Firmino Filho e Hugo Napoleão, visando a construção de uma chapa com os dois juntos.
O prefeito reconhece que há diferenças entre os dois partidos. Mas que isso não inviabiliza a união em torno de propostas maiores, de interesse do Estado.
A posição de Silvio nisso se assemelha à de Napoleão, que admite formar chapa com Firmino em função da necessidade de construção de uma alternativa de futuro para o Piauí. A divisão só seria fazer o jogo dos governantes de hoje.
Tanto o prefeito quanto o ex-governador acham que a boa política não se faz colocando a vaidade em primeiro lugar. Ao contrário, cabe agora deixar as vaidades de lado e pensar em um novo rumo para o estado.
Tão logo desembarque em Teresina nesta segunda-feira, Napoleão deve receber uma ligação de Silvio Mendes. Daí a um cara a cara com Firmino será só uma questão de horas. Ou minutos.

O IPOP e a opção de Mão Santa

A pesquisa IPOP divulgada hoje pelo jornal Meio Norte (http://www.meionorte.com/) mostra um quadro já conhecido: Wellington Dias na frente, Mão Santa em segundo e Firmino Filho em terceiro.
Há quase 8% de indecisos ou dispostos a anular ou votar em branco. Excluídos esses, os votos válidos ficam assim distribuídos:

1. Wellington Dias - 36,88%
2. Mão Santa - 29,48%
3. Firmino Filho - 24,20%

A grande pergunta é: para onda vão os votos de Mão Santa, diante da perspectiva de que seja derrotado na convenção do PMDB?
Segundo as declarações dos últimos dias, quando andou acusando Firmino de traidor e inconfiável, dificilmente votará no tucano. Mas é do senador a frase de que “nascer, morrer e votar no PT” são coisas que só se faz uma vez na vida. E em 2002 ele já votou no PT. Assim, não deve pedir votos para Wellington.
O mais lógico é que Mão Santa despeje seus votos em um terceiro candidato.
Aí vem a outra pergunta: quem?
Hoje, talvez nem ele mesmo saiba responder. Por certo está tentando construir alternativas. Uma delas, a de Heráclito Fortes. Mas aí quem se mostra pouco animado é o senador pefelista.
Nesse cenário de especulações, ainda cabe uma terceira pergunta: quanto Mão Santa consegue transferir de votos para um outro candidato a governador? Certamente não é pouco. Mas pode nem ser tanto quanto se imagina.

Uau! No PFL a base também conta

Essa ninguém esperava. Mas pela primeira vez na histórica do PFL do Piauí, a base falou sobre tema importante. E foi ouvida.
A candidatura Hugo Napoleão ao Senado surgiu da manifestação das bases, especialmente depois que Ciro Nogueira revelou em entrevista que Hugo Napoleão era o líder das pesquisas, e que todas as principais lideranças do Estado pareciam empenhadas em viabilizar a candidatura de João Vicente Claudino, ainda que agredindo a vontade popular. Foi o suficiente para deputados, prefeitos e vereadores cobrarem o lançamento de Hugo ao Senado.
O convite veio dessa pressão.
Também foi a partir da reação das bases do partido que se materializou a crise na coligação com o PSDB: essa mesma base, disposta a apoiar Firmino Filho para o governo, não aceitou o veto à decisão do PFL. Pior, muitos anunciaram que poderiam simplesmente rifar Firmino de suas alternativas.
A crise reacendeu uma chama há muito inexistente entre pefelistas: o sentimento de partido, de grupo político que pode marchar junto. E fortaleceu a posição de Napoleão, até então comodamente trabalhando sua candidatura a deputado federal.
Hoje o ex-governador é apontado como forte candidato à vaga de Senador. E não apenas pelas pesquisas que indicam uma boa liderança nesta longa corrida cheia de obstáculos. Mas, sobretudo, como resultado da crise – da qual Firmino se arrepende enormemente.
O PFL voltou a ser partido.

Bastidores nada ortodoxos

A guerra nos bastidores da convenção do PMDB é de embrulhar estômagos menos acostumados a coisas, digamos, de cheiro ruim. Os opositores de Mão Santa dizem que ele tem percorrido o interior do Estado fazendo promessas financeiras futuras aos convencionais, enquanto os 'mãosantistas' devolvem a gentileza da acusação, informando que os governistas já estariam cumprindo a promessa, em 'cash'.
Seja qual for a versão correta, o fato é de que não é algo que se discuta num encontro de damas o que se passa na disputa pela indicação do candidato peemedebista ao governo do Piauí.
Essa briga, aliás, deverá chegar a ser física no dia em que os peemedebistas se encontarem para selar seu destino nesta eleição.

sábado, maio 27, 2006

Bar do Mijo agora é reduto 'wellista'

Durante muito tempo, a Confraria do Bar do Mijo foi um dos mais importantes redutos tucanos da cidade. Itinerante, sempre reuniu tucanos, alguns pefelistas e nunca um petista. Em março de 1996, quando a Confraria se encontrava na Baixa da Égua (rua Benjamin Constant, Centro), Firmino Filho anunciou lá que seria candidato a prefeito. Teve gente que achou engraçado. Mas a maioria terminou votando em Firmino. Sílvio Mendes, atual prefeito de Teresina, é também um freqüentador do Bar do Mijo. Assim, a Confraria sempre foi um ninho mais tucano que de outra vertente partidária.
Pois bem, hoje, o Bar do Mijo é um reduto de seguidores de Wellington Dias.Alguns com rompante de adolescentes, dada a paixão com que se referem ao governador. O velho e bom Bar do Mijo virou um reduto 'wellista'.

Mão Santa fora do páreo

Podem apostar em João Henrique como candidato a vice-governador do Piauí na companhia de Wellington Dias. O ex-ministro tem o controle da máquina partidária, juntamente com Kleber Eulálio, Themistocles Filho e Marcelo Castro.
O quarteto fantástico do PMDB segue a passos firmes para impingir uma derrota ao senador parnaibano. Estão absolutamente certos disso, porque o organizado João Henrique sempre cultivou amizades na burocracia do partido, agindo ora com mesuras, ora com firmeza, sem nunca deixar de prestar atenção em qualquer movimento. Isso faz dele um homem respeitado na estrutura partidária. Mais que isso: admirado. Chama qualquer delegado pelo nome e sobrenome.
Com a derrota iminente, Mão Santa, claro, deve espernear. Mas são mínimas (para não dizer nulas) suas chances de sucesso num pedido de intervenção - desejo já expresso por ele. Aqui como em Brasília, o diligente João Henrique cultivou amizades e relações que lhe conferem mais poder e respeito que o senador. O ex-ministro é mais que amigo de Michel Temer, presidente do PMDB, e este não vai dar a Mão Santa aquilo que já é assim uma espécie de propriedade de um velho e bom companheiro.
Portanto, a Mão Santa resta pouco mais que espernear e procurar espaços entre os adversários da dobradinha já consolidada de Wellington Dias e João Henrique.

Cenários e hipóteses

Em uma campanha eleitoral, todos os cenários - inclusive os mais improváveis - devem ser considerados. Com efeito, a cisão da aliança PSDB/PFL pode ser vista como positiva para os dois lados.
A antecipação do segundo turno favoreceria o governador Wellington Dias, que iria para um embate direto com Firmino Filho, que contra si tem sim o peso da histórica rejeição ao PFL no eleitorado de Teresina, onde ele acha - e é razoável que assim seja - será liquidada a fatura da campanha.
Com três candidatos, a polarização pode se dissipar, favorecendo a oposição. Bom lembrar que o governador não atingiu metade mais uma das intenções de votos, o que significa que seus adversários podem alimentar o sonho de uma vitória. Numa disputa direta, Wellington certamente se beneficiaria.
O que pode acontecer, então, numa campanha em que PFL e PSDB marcham em raias próprias? O cenário mais provável é que Firmino mantenha uma boa performance na capital, conquiste eleitores pelo interior e se posicione como um postulante capaz de chegar a um segundo turno. Os pefelistas, por seu turno, garantiriam seus votos no que podemos chamar de Piauí profundo, onde também Wellington Dias vai muito bem, obrigado.
A divisão do bolo eleitoral, desse modo, se daria de forma mais equilibrada, com possibilidade de a junção dos votos oposicionistas serem em maior quantidade que os dados ao governador. Resumo da ópera: iríamos a uma segunda rodada de votação. E seria nesse momento que PFL e PSDB se reuniriam, porque a eles não restaria outro caminho a seguir.

sexta-feira, maio 26, 2006

JVC no supermercado

Começou o teatro da eleição. Hoje João Vicente Claudino foi pro supermercado com a mulher e... uma equipe de televisão.
Tudo por uma cadeira no Senado.

Vai ter cara a cara, sim

Com a rápida e eficiente ação do prefeito Silvio Mendes, vai acontecer mesmo o cara-a-cara entre Hugo Napoleão e Firmino Filho. Silvio se reuniu com um grande número de lideranças do PFL, entre elas o senador Heráclito Fortes, deputados estaduais e prefeitos. Ficou claro o desejo de manutenção da coligação.
No entendimento do prefeito, Hugo é quem diz se quer ser candidato, e a que. Pode escolher: vice, Senado, Câmara.
O próprio Firmino vai cuidar de manter um novo contato com o ex-governador. Quer acabar com qualquer mal-entendido: dizer que quer contar com o PFL e particularmente com Hugo. Quem viu Firmino ontem e hoje é testemunha do abatimento do tucano. Sem dúvida, ele não esperava os desdobramentos desse episódio. Firmino está disposto a demonstrar que não quer ressentimentos; e que deseja a unidade da aliança.
Se for preciso, estende a mão a Hugo.
Firmino sabe que suas chances são boas, mas precisa da unidade da coligação. Nesse episódio, encontrou um PFL muito mais unido do que costuma ser.
Humilde, Firmino pretende publicamente deixar claras suas intenções. E reconhecer a importância dos aliados, particularmente da candidatura de Napoleão.

Como será o cara-a-cara

Nem bem saiu essa idéia do senador Heráclito Fortes, de um cara-a-cara entre Hugo e Firmino, um humorista de plantão liga para dizer como tudo vai acontecer:
- Vai ser o Hugo de cara fechada e o Firmino de cara no chão.
É. Pode ser!

Cara a cara Hugo-Firmino

Em entrevista que concedeu agora a Maia Veloso, na TV Meio Norte (http://www.meionorte-com/), o senador Heráclito Fortes disse qual o primeiro passo para contornar a crise entre PFL e PSDB. “O primeiro passo tem que ser um cara a cara entre Hugo e Firmino. O resto é conseqüência”.
O senador acha que não se pode perder tempo e esse cara a cara deveria acontecer imediatamente, ainda neste final de semana. Quanto mais demora, pior fica. “O efeito da fagulha é dez vezes maior que a fagulha”, disse o senador-poeta. Quer dizer: a fofoca é muito mais danosa que os fatos em si.
O segundo passo apontado por Heráclito: “Trabalhar”.
O senador ainda acredita na continuidade da aliança. E na candidatura de Hugo Napoleão ao Senado, no mesmo palanque de Firmino Filho. E tem esperanças ainda maiores na vitória. Afirma que nunca viu um povo tão desejoso de votar na oposição. E, com entendimento entre os aliados e muito trabalho, a coisa toda pode se resolver.

PS.: Mesmo na Espanha, acompanhei boa parte da entrevista pela Internet. Isso é tecnologia.

O marido e o amante

O senador Heráclito Fortes gosta de falar de política através das histórias. Para dizer o que pretende Firmino Filho na coligação com o PFL, fez uma relação do tucano com a ex-prefeita de São Paulo, a petista Marta Suplicy.
Na eleição de 2000, segundo Heráclito, Marta palmilhava a periferia paulistana em companhia do popular e reto senador Eduardo Suplicy, um puxador de votos. Já nas festas e nos salões reluzentes da paulicéia, ela preferia desfrutar ao lado do seu amante francês.
Assim desejaria Firmino: percorrer as agudezas do interior de mãos dadas com o PFL e particularmente com Hugo Napoleão. Já no asfalto da capital, desfrutaria em companhia dos seus amigos tucanos.
Heráclito avisa: o PFL não vai se prestar a esse papel.

O veto continua

Cheio de dedos e claramente nervoso, o ex-prefeito Firmino Filho deu entrevista à TV Cidade Verde. Tentou colocar panos mornos na crise PSDB-PFL, resultado do veto do tucano ao nome de Hugo Napoleão. Com isso, desejava manter a esperança de aliança dos dois partidos. Na entrevista à Cidade Verde (www.cidadeverde.com), o tucano não conseguiu muito do seu objetivo.
Primeiro disse que não houve veto, coisa que todo mundo sabe que houve. Firmino explica que, de fato, convidou Hugo para ser candidato a deputado federal. Não precisava: Hugo já era candidato a deputado há muito.
Depois evitou de todo modo admitir que o ex-governador pudesse ser seu companheiro de chapa. Não cedeu à insistência de Amadeu Campos. Por fim admitiu diante de pergunta popular, mesmo assim não deixando de oferecer um perfil de candidato que não tem nada que ver com Napoleão.
O certo é que o veto existiu e continua existindo. E as possibilidades de manutenção da aliança são pequenas.

Quadrinha pefelista anti-tucana

Acabei de receber de um pefelista puro de origem uma quadrinha sobre os tucanos, com quem sempre o PFL se relacionou como em música de dupla sertaneja: entre tapas e beijos. Diz a quadrinha pefelista anti-tucana: "O Firmino não perde a mania/De querer os votos/Mas não querer a companhia".

Boataria corre solta

Numa crise como a que PFL e PSDB criaram, uma das consequências mais imediatas é a onda de boataria.
Uma delícia para quem adora fofoca, mas um transtorno para jornalistas que precisam se esforçar - e, em alguns casos, implorar - para confirmar as informações soltas como balões em festa junina.
O boato mais recente é o de que o senador Heráclito Fortes e o ex-senador Freitas Neto, que não se bicam, teriam se reunido na manhã de hoje.

Rebelião de prefeitos pefelistas contra Firmino

Robert Paes Landim, que foi secretário particular de Hugo Napoleão, lidera a rebelião de prefeitos contra o apoio do PFL à candidatura de Firmino Filho ao governo do Estado.
O prefeito de São João do Piauí já avisou que vota em qualquer um - incluindo Mão Santa - menos em Firmino. E fez essa comunicação ao deputado estadual Roncalli Paulo (PSDB), que é irmão de Sabino Paulo, conselheiro do Tribunal de Contas e cunhado do ex-prefeito de Teresina.
Pelo menos 20 prefeitos pefelistas já deram toco para o candidato tucano ao governo do Piauí.

Mão Santa se solidariza com Hugo

Vitimizado pelo que os pefelistas classificam como arrogância do tucano Firmino Filho, que vetou seu nome na disputa para o Senado, Hugo Napoleão recebeu solidariedade de onde menos esperava.
Ontem à noite, por telefone, o senador Mão Santa, ligou para Napoleão e disse que compreendia bem o momento que ele passava. Aproveitou para dar umas alfinetadas em Firmino Filho, dizendo que foi traído pelo ex-prefeito e tratado de forma arroagante.
Bem se vê que o senador Francisco ainda não deixou cicatrizar a todas as feridas do passado.

PFL sonha com Mão Santa

Na tensa reunião entre pefelistas e tucanos em Brasília, a certa altura o senador Heráclito Fortes teria batido na mesa e gritado: "Pois nessas circunstâncias, eu serei candidato".
Pode ser que seja, mas hoje o sonho de consumo eleitoral de muitos pefelistas é mesmo votar em Mão Santa. Ou, na impossibilidade disso, obter o apoio do senador.
Ontem à noite, uma animada mesa reunia, no Rio Poty Hotel, o presidente regional do partido, Mussa Demes, o deputado Leal Júnior e o senador parnaibano.

Coligação sem futuro

Um prefeito do PFL muito ligado a Hugo Napoleão - e até o final de semana ardoroso defensor da coligação com o PSDB - acaba de me dizer o seguinte: essa coligação não tem mais futuro. Por que? Porque as lideranças do partido não confiam mais em Firmino.
Disse mais: tem muitos pefelistas conversando com Mão Santa. Outros admitem votar em Wellington Dias...
Qualquer coisa, menos Firmino.

Firmino inconfiável?

Uma coisa é certa: a crise entre PSDB e PFL está aprofundando a imagem de pouco confiável do ex-prefeito Firmino Filho.
Lideranças ligadas a Wellington Dias dizem que Firmino traiu o PT em 1998. Os mãossantistas dizem que ele traiu Mão Santa em 2002. E pessoas ligadas ao empresário João Vicente Claudino se consideram traídos pelo tucano no final de 2004 (ou início de 2005, naquele episódio da Presidência da Câmara).
O ex-prefeito precisa urgentemente reverter essa percepção tão negativa.

Os números, ah os números!

Pesquisa do IPOP divulgada pelo Meio Norte (www.meionorte.com) colocam Hugo Napoleão como líder disparado da corrida ao Senado, quase 20 pontos à frente de João Vicente Claudino. A liderança de Hugo era conhecida e reconhecida. Mas surpreendeu mesmo foi a liderança de Firmino Filho, um ponto à frente de Wellington Dias.
Esses números devem deixar Firmino ainda mais acabrunhado, depois da crise que pode complicar muito seu futuro como candidato a governador. Como já havíamos dito aqui, as chances do ex-prefeito eram boas, mesmo diante do acordão alinhado por Wellington Dias com o PMDB. Hoje, no entanto, tudo é dúvida. E a coligação Firme e Forte é tudo, menos firme e forte.
Mas como já disse o deputado Luciano Nunes Filho, nem tudo está perdido. Bombeiros estão entrando de um lado e outro. O problema é que, depois dessa briga aberta, a conservação da aliança pode voltar a ser vista como a mistura de água com óleo. Como em 2002.

As intenções de Firmino

Nas próximas horas, o ex-prefeito Firmino Filho deve se movimentar entre as lideranças polìtica e tambèm em declarações pùblicas para tentar consertar a crise com o PFL. Suas declarações vão dizer se a aliança tem algum futuro. O mais provável é que o tucano mantenha o tom brando, não apenas sonhando em manter o apoio do partido como também - na impossibilidade do apoio formal - conservar a porta aberta para apoios de lideranças isoladas.
É grande o estrago da mal conduzida questão do veto a Hugo Napoleão. Firmino sabe disso.
Nos bastidores, os tucanos estão jogando a culpa no senador Heráclito Fortes - que saberia dessa posição de Firmino e não levou ao conhecimento de Napoleão. Pior, dizem os tucanos, é que Heráclito não apenas não comunicou o veto como ainda estimulou a candidatura de Hugo ao Senado.
O detalhe é que esse ataque a Heráclito nos bastidores complica ainda mais a crise.
Resta saber qual será a postura de Firmino. Dela depende o futuro da aliança Firme e Forte. Um tom sereno e conciliador pode manter um fio de esperança. Qualquer tom crítico pode ser a pá de cal definitiva.

quinta-feira, maio 25, 2006

Firmino senador?

Os acontecimentos das últimas horas sugerem mudanças muito grandes no desenho das chapas majoritárias. E um cenário que acaba de me ser soprado por um leitor deste blog me parece bastante razoável: seria uma candidatura de Firmino Filho ao Senado.
Faz sentido. Sem o PFL, Firmino fica sem chão e não vai longe na pretensão de uma temporada de quatro anos no Palácio de Karnak. Pode trocar por uma tentativa de ficar oito anos no céu de Darcy Ribeiro.
Além de uma possibilidade maior para lograr êxito, se for candidato a senador, Firmino pode, a um só tempo, dar uma pancada em três pessoas: em João Vicente Claudino, com quem não se cheira há tempos, a ponto de tê-lo, desde sempre, vetado; em Heráclito Fortes, que nega mas torcia contra ele; e em Freitas Neto, que é tucano, mas para a turma de Firmino, sempre foi pefelista.
Vamos ver se o leitor do blog, com sua arguta observação, tem razão. Nos próximos dias o desenrolar dos acontecimento dirá se esse cenário se confirma.

Reunião decisiva com Heráclito

O senador Heráclito Fortes terá amanhã uma reunião com os deputados estaduais do PFL.
Será um encontro decisivo para os rumos do partido nesta eleição. O humor dos aliados é no sentido da apresentação de uma candidatura própria ao governo. E o nome preferido é de longe o do próprio Heráclito.
A avaliação é que as chances do senador são boas, principalmente se Mão Santa não conseguir sair candidato na convenção do PMDB. A ligação de Heráclito com Mão Santa é boa desde sempre. Se entendem no atacado e no varejo. Isso significa que o PFL em geral e o lado mãossantista do PMDB tendem a seguir juntos.
Essa união deve se materializar em qualquer situação: com Mão Santa candidato, apoiado pelos pefelistas; ou sem a candidatura do senador parnaibano, que neste caso apoiaria os candidatos do PFL.

Mão Santa pode fazer a diferença

A formalização de uma candidatura rende a quem disputa as duas únicas possibilidades nesta circunstância: ganhar ou perder. Quando, porém, o ato oficial é negado por uma máquina partidária, aí o rifado ganha um caminho a mais: o da vingança.
É isso que poderá acontecer no Piauí este ano. Mão Santa dificilmente será candidato. Como sempre gostou de fazer política no corpo a corpo com o eleitor, deixando de lado a máquina partidária, que é uma atividade enfadonha, o senador certamente não levará adiante seu projeto de ser candidato a uma terceira temporada de quatro ano no Palácio de Karnak.
Mas se a caciqueria do PMDB cassa o direito do senador de ir à luta por um mandato de governo, não lhe tira algo fundamental: a popularidade, a montanha de votos de que ele dispõe. Assim, ainda que formalmente não vá disputar, Mão Santa pode fazer a diferença. O apoio dele a um candidato de oposição - que pode será até o novo escalado do PFL ou Firmino Filho separado dos pefelistas - poderá servir para mudar os rumos da campanha.
Aliás, no novo cenário que se desenha com a briga entre tucanos e pefelistas, Mão Santa ganhou ainda mais importância.

Fim de caso

Um casamento somente acontece quando os noivos estão absolutamente seguros de que a felicidade é até possível, mas não sem os percalços no meio do caminho, que inclui, entre outras coisas, a possibilidade da separação.
Foi isso que Firmino Filho não entendeu. Rompeu a aliança ainda no noivado. Vai seguir carreira solo, o que é péssimo, porque casamento é algo que somente se faz com dois.

O que diz o silêncio de Firmino

O silêncio do PSDB diz muito: Firmino Filho pensou em fazer um giro e fez um jirau.
A candidatura do tucano caminhava bem, apesar da coligação que ele diz não ser aceita pela população. Mão Santa sendo deixado fora do páreo (como é provável que aconteça), Firmino seria o grande herdeiro de seus eleitores. Mas abusou da confiança.
Peitou as lideranças do PFL, tentando ditar as decisões dentro do terreiro dos aliados. Está colhendo o que não esperava colher.
O tucano deve estar pensando muito no que vai dizer nas próximas horas.

PFL quer candidato próprio

A disputa pelo governo do estado pode ganhar mais um nome nestas próximas horas. Como conseqüência do veto de Firmino Filho à candidatura do ex-governador Hugo Napoleão ao Senado, muitas lideranças do PFL estão estimulando a cúpula do partido a lançar candidato próprio ao Palácio do Karnak. A preferência recai sobre o senador Heráclito Fortes e o próprio Hugo.
Heráclito ouviu de vários prefeitos e também de deputados estaduais que não votam mais em Firmino, mesmo que a coligação seja mantida. O senador tentar contornar a crítica, embora não esconda sua irritação com crise resultante da postura do candidato tucano. O ex-prefeito é qualificado pelos pefelistas como arrogante e prepotente, além de desrespeitoso com os aliados. O sentimento de grande parte do partido foi esboçado pelo deputado Fernando Monteiro, que em entrevista à TV disse que Firmino deu um tiro no pé e trincou a coligação.
O ex-prefeito esteve reunido ontem com Heráclito e sugeriu que o PFL lançasse como senador o ex-presidente da APPM, José Maia Filho, o Mainha. De fato, Mainha sequer tem a idade mínima exigida para o cargo, que é de 35 anos.
Os aliados do PFL trambém reclamam que o PSDB funciona como uma panelinha: fecha todos os espaços em Teresina e nas cidades onde tem lideranças fortes, enquanto exige que os pefelistas abram seus redutos para os candidatos tucanos. O veto de Firmino a Hugo foi a gota d'água numa coligação que enfrentava diversos problemas, mas que estavam subterrâneos.
Agora que tudo veio à tona, a ruptura parece inevitável. E cada um deve seguir seu rumo, com candidatos próprios.

quarta-feira, maio 24, 2006

Seu João dorme tranqüilo

A possibilidade de Hugo Napoleão ser candidato a senador tirou o sono de Seu João Claudino por alguns dias. Hoje ele dorme tranqüilo.
Do jeito que vai, falta pouco e nomeiam JVC senador eleitor. Serão 8 anos de mandato. Uma beleza. Com direito a disputar o governo do Estado em 2010, sem correr o risco de peder o mandato.
Eleito, JVC tem que agradecer muito a Seu João, grande articulador. Mas deve agradecer também à boa vontade do PT de Wellington Dias, à ala governista do PMDB e também a Firmino Filho, pelo veto à candidatura de Hugo Napoleão.

Hugo é candidato... a deputado

Dito e feito. Hugo Napoleão não será mesmo candidato a Senador. Mantém a candidatura a deputado federal. A decisão está relacionada com o veto de lideranças tucanas (leia-se, Firmino Filho) ao seu nome.
Em reunião com Firmino, Hugo repetiu o que já havia dito em entrevistas às emissoras de TV. Isto é, que não é candidato por desejo próprio, e sim por vontade do partido. Mas entende que não basta o PFL querer. Deve haver harmonia também dentro da coligação. E está longe de ser assim.
O PSDB quer o PFL como suporte no interior, sem dar contrapartida relevante. De fato, Firmino deseja entregar ao partido a vice-governadoria. E tem até o nome escolhido: José Maia Filho, o Mainha, ligado ao senador Heráclito Fortes. Os tucanos indicariam também o candidato a senador, que pode ser o ex-governador Freitas Neto.
Firmino não aceita Hugo candidato a senador, mas quer o apoio do ex-governador à sua campanha ao governo, especialmente no interior, onde mantém forte popularidade.
Diante do veto de Firmino, Hugo disse que devolve a questão ao partido. Internamente, anunciou que não tem porque disputar o Senado.
Lideranças nacionais do PFL apelaram a Hugo para não declinar da candidatura, em nome de um projeto político maior, no caso a candidatura Geraldo Alckmin. Nem isso está fazendo Hugo mudar de idéia.
O problema é que a má condução dessa questão por parte de Firmino gerou uma enorme reação entre lideranças do PFL. O veto produziu as primeiras manifestações de rompimento com a candidatura tucana, apesar da coligação.

Hugo e JVC, juntos?

Na confusão instalada na coligação PSDB-PFL, tem gente apostando numa nova possibilidade: a união entre o PFL de Heráclito Fortes e Hugo Napoleão com o PTB de João Vicente Claudino.
Interlocutores ligados aos dois lados já entabulam os primeiros movimentos. Mas nada que tenha ressonância. Pelo menos por enquanto.
A proposta seria entregar a governadoria ao PFL (ao próprio Napoleão) e manter JVC como candidato a Senador. Nos cálculos desses "articuladores" de plantão, a vice poderia ser oferecida ao PP de Ciro Nogueira. Falta agora combinar com os líderes do PFL, além de Ciro e especialmente João Vicente Claudino. Depois, combinar com o povo.
Não é um cenário fácil de se materializar, especialmente porque Heráclito e Hugo mantêm pé firme na coligação com o PSDB. Mas resta saber até onde o PSDB mantém a disposição de marchar junto com o PFL. Assim, a composição efetiva na campanha depende de como as coisas se encaminharão nos próximos dias.
E, depois da confusão de hoje, tudo pode acontecer. Tudo mesmo.
No futuro, não está descartada sequer uma aliança (formal ou informal) com os nanicos que anunciam a candidatura Benício Sampaio.

Fofocada e queimação

Está começando a ficar animada a campanha no Piauí.
Mas quando todos esperavam troca de fogo entre adversários, o tiroteio foi dentro do mesmo lado, da coligação encabeçada por Firmino Filho. E é tanto tiro que começou a temporada de fofocas.
Um aliado de Firmino me mandou um e-mail dizendo que Hugo Napoleão estava desistindo da candidatura para ao Senado para favorecer João Vicente Claudino. Bobagem: os fatos (em especial as declarações dos próprios tucanos) mostram que carece de sentido esse tipo de fofoca.
Por outra parte, um pefelista diz que Firmino quer um candidato ao Senado fraco para favorecer o mesmo João Vicente. Também é bobagem: pelo que avalio, o ex-prefeito não agregaria nada com isso.
O tiroteio tem uma razão de ser: a união entre PFL e PSDB é complicada pelo histórico de confronto entre eles. Juntaram-se em 2002 e o povo não entendeu. Agora, a assimilação seria mais naturalizada, sobretudo depois de quatro anos juntos na oposição; e depois de alianças ainda mais esdrúxulas e antinaturais feitas pelo PT. Mas ainda tem muita gente que não engole - especialmente as lideranças tucanas que temem pelo insucesso eleitoral.
O problema é que o insucesso pode se tornar mais palpável sem o apoio do PFL.
Com certeza, Wellington Dias deve estar morrendo de rir.

Benício, a 3ª via do coração

Na confusão em que se transformou a campanha no Piauí, Benício Sampaio quer ser a terceira via eleitoral. Sem Mão Santa, e diante de possíveis reações dentro da coligação PSDB-PFL, Benício quer ser o nome lembrado pelos descontentes.
Já tem até um dos motes da campanha, contra as maquinações de bastidores, tanto no lado tucano quanto no do governo: "Sem essa de acordão, Benício no coração".

Coligação de Firmino em risco

O cenário eleitoral se mostra cada vez mais risonho para Wellington Dias: a coligação encabeçada por Firmino Filho tropeça e tropeça. Agora o problema é a escolha do candidato ao Senado.
Firmino quer ter poder de veto na escolha do PFL, concretamente, não quer a companhia de Hugo Napoleão. E a reação é forte dentro do quadro pefelista. O argumento do tucano é que Hugo não soma à candidatura em Teresina, reduto decisivo para as possibilidades de vitória do ex-prefeito.
Hugo já havia dito que não seria candidato sem unidade. Por isso mesmo, ontem se reuniu com lideranças do PFL e declinou do convite para ser candidato ao Senado. Mas não adiantou. Deputados e prefeitos do partido já avisaram que o querem candidato; e se o PSDB impõe vetos, o PFL simplesmente vai despejar votos noutro candidato ou cruzar os braços.
Assim, o desdobramento pode ser terrível para a coligação. E mais especificamente para Firmino, que preservaria os votos na capital mas perderia muito no interior.

terça-feira, maio 23, 2006

O senador Alberto Silva e a importância do silêncio como meio de comunicação

Os jovens jornalistas do Piauí - e os velhos ou mais ou menos velhos, como este blogueiro que vos escreve - deveriam conversar com o senador Alberto Silva. Longamente. Não sobre as idéias mirabolantes do senador, que ficariam melhor se pensadas por um romancista do realismo fantástico latino-americano. Nada de idéias do senador. Melhor será pedir que discorra sobre os tempos em que era proibido por um decreto nunca escrito de falar da única emissora de TV do Piauí, a TV Clube, no final dos anos 70 e início dos anos 80.
Alberto Silva recorria à Justiça para ter direito de ir à televisão. Uma entrevista sua tinha a força de um acontecimento fenomenal. Repercutia por semanas. Suas palavras ecoavam como uma música maravilhosa para uma audiência que se via obrigada a ouvir o som monocórdio das declarações oficiais e oficiosas.
Alberto era silenciado também nas rádios e nos jornais da cidade. Falar sobre ele era um pecado que não se permitia à mídia manietada pelo poder estabelecido, que ele sabidamente chamou de oligarquia, como se dela nunca tivesse feito parte.
Vitimizado, sem voz, Alberto Silva se transformou no esteio de todos aqueles que lutavam contra aquele estado de coisas. Era uma espécie de Davi sem voz enfrentando o Golias dono da Babel.
O que ninguém no governo que calava Alberto Silva entendia é que comunicação não é somente aquilo que pode ser verbalizado ou assentado em papel. O silêncio imposto acaba por se transformar em uma ferramenta de comunicação como enorme poder. Costumo dizer que informação negada é como água que se represa sem o devido cuidado: ela encontrará um meio de sair, de libertar-se, de cumprir o seu papel, que é o de chegar aos ouvidos e olhos das pessoas. Foi assim que aconteceu com Alberto Silva: de tanto negarem a ele falar para as pessoas, suas palavras ganharam uma força descomunal. Pior: eram ouvidas como verdade absoluta.
Pois bem, dito isto, aconselha-se aos jovens jornalistas falar com seus editores para evitar que caiam nessa esparrela de não permitir que se noticie as coisas mais amplamente ou que se invente informações dentro das redações. Isso acontece muito durante campanhas eleitorais. Essas verdades inventadas costumam ter seu DNA longe das redações. São monstrengos gestados em gabinetes. Não servem ao jornalismo, porque o tornam ruim, partidário, comprometido sabe-se lá com que diabos. Pior: emburrecem a atividade jornalística.

A idéia do Roberto John

Quando era presidente do Sindicato dos Jornalistas do Piauí, em 1989, Roberto John Gonçalves da Silva teve uma idéia brilhante: a de colocar na Constituição estadual, que estava sendo escrita, uma proibição expressa para que o Governo não pagasse cotas financeiras de patrocínio aos veículos de comunicação.
O dispositivo constitucional está lá na Carta estadual, por obra e graça de Roberto John.
Se foi cumprido algum dia são outros quinhentos reais.

Arimatéia errou o alvo

Hoje, em sua coluna, o jornalista Arimatéia Azevedo publicou o seguinte: "O governo de Lula está acuado. Os bandidos fazem ameaças de todos os lados.
Marcola ameaça jogar uma bomba no Congresso Nacional e Daniel Dantas manda seu tarefeiro doméstico, o senador Heráclito Fortes, dar recado dizendo que vai divulgar o dossiê da Krohl".
Arimatéia errou o alvo.
O governo Lula não precisaria de Heráclito para fazer o que Arimatéia disse que o senador fez.
Na verdade, o governo não tem um homem como Heráclito, que possui aquele "savoir-faire" que tanta falta faz aos petistas.

segunda-feira, maio 22, 2006

Lula nada de braçadas no eleitorado rural

Estive no final de semana no povoado Pedras, município de São João do Sóter, interior do Maranhão. Para chegar, uma aventura. A estrada pavorosamente ruim não comporta um transporte decente. Assim, vai-se num pau-de-arara, caminhão adaptado para transportar pessoas e cargas, que, neste caso, tratam-se da mesma coisa.
Fui atendendo a uma instuição. Uma tia idosa, de 72 anos, mora naquele rincão, afastada de tudo, menos, claro, da tranquilidade que o campo oferece.
A viagem deveria servir tão-somente para verificar se minha tia estava bem de saúde. Fora a pressão arterial desregulada, tudo corre bem com a velha senhora.
Aproveitei que estava lá para aferir sem qualquer cientificidade o que semanas atrás me dissera o jornalista Marcos Teixeira acerca do gigantesco apoio das populações rurais ao presidente Lula. O que pude medir é que Lula tem apoio quase unânime. É um assombro.
Já no caminho, no pau-de-arara que me levou até Pedras, fiz uma enquete com as 12 pessoas que estavam comigo. Não ouvi nenhuma declaração de voto em favor de outro candidato que não fosse Lula. Uma mulher jovem, de uns 35 anos, defendeu Lula e chamou Fernando Henrique Cardoso de cachorro. Ela também comparou o ex-presidente ao caricatural personagem de um deputado do programa A Praça é Nossa, que nunca fala, apenas balbucia.
Conversei com pelo menos 20 pessoas. Todos votam em Lula. Para eles, o presidente é uma espécie de benfeitor, é alguém que fez mais pelos pobres que qualquer outro governante brasileiro. Aliás, alguns creditam ao presidente a estabilidade econômica do país.
Lula nada de braçadas no mar de eleitores mais pobres. É uma covardia em relação a Geraldo Alckmin, seu único opositor com mínima chance.

domingo, maio 21, 2006

Partido, que é isso?

A entrevista de João Vicente Claudino ao site www.portalaz.com.br traz algumas coisas interessantes. Uma das que mais sobressai é a que releva o leque de apoio que diz contar. O filho de Seu João tem apoio de gente dos mais distintos partidos, entre eles PSDB e PFL. Surpresa? Nenhuma! Essa é a realidade da política brasileira. Triste realidade.
No Brasil não há partidos institucionalizados. Nas democracias mais avançadas, os partidos funcionam como interlocutores políticos com a sociedade. Nada a ver com nossa realidade particular. No Brasil, os partidos funcionam quase tão somente como legitimadores de candidaturas: como ninguém pode ser candidato independente, o candidato a algum cargo se filia a um partido e registra a candidatura. Os partidos não têm candidatos; de fato, os candidatos têm partidos.
Estudiosos do mundo inteiro mostram essa como uma das graves fragilidades do sistema político brasileiro. Escândalos como o do mensalão são subprodutos dessa relação débil. Na campanha, cada candidato cuida de si - e quando chega no Congresso, ou no governo do Estado, faz do seu mandato uma conquista pessoal. E assim negocia o posto, a filiação partidária e o diabo a quatro. Negocia sobretudo o diabo a quatro.
Até 2002, o PT era considerado uma exceção nesse cenário de mediocridade. Hoje, nem PT nem ninguém. Como diria o PT de outros tempos, é tudo farinha do mesmo saco.
E a democracia que se exploda!

A fantasia de substituir Firmino

Virou comentário de analista político, mas parecia até coisa da cozinha do Karnak, interessada em baldear o cenário da oposição. Pois é: segundo o comentário, o ex-governador Freitas Neto estaria chegando dos Estados Unidos para dizer se aceita substituir Firmino Filho como candidato ao governo do PSDB. Pura fantasia. Não sei de quem, mas pura fantasia.
Primeiro que nao há questionamento sobre a candidatura de Firmino dentro do PSDB, muito menos dentro do PFL - que tenta encontrar um rumo e decidir se apresenta Hugo Napoleao como candidato a Senador ou se apenas coloca um nome para a vice. Segundo, as pesquisas indicam que nem de longe nenhum nome dos dois partidos tem melhor performance que Firmino. Personifica um perfil jovem, dinâmico, experiente etc.
Nada contra o ex-governador Freitas. Mas certo mesmo é que uma fatia do PSDB torce para que Hugo não aceite ser candiato ao Senado. Porque, aí sim, Freitas pode ser o nome indicado.
Fora isso, é tudo sonho de uma noite de verão. E que sonho!

Frase da Semana

"Quanto à campanha de senador, eu acho que político às vezes, as pessoas perguntam assim porque que o senhor não começa, um determinado candidato começa como vereador e vai subindo. Eu não entendo que em política exista essa escala".
Joao Vicente Claudino, en entrevista ao Portal AZ (www.portalaz.com.br)

sexta-feira, maio 19, 2006

Uma esquina do tempo na política

A eleição de 2006 no Piauí é uma esquina do tempo. Há uma disputa entre dois fazeres políticos que se afastaram do modo de agir de políticos mais velhos - para não dizer antiquados, ultrapassados, de um tempo que não deixa saudades.
A disputa direta entre Wellington Dias e Firmino Filho representa muito mais do que uma refrega eleitoral. Eles fazem parte de uma geração que começou efetivamente a fazer política sob o regime democrático da Constituição de 1988. Nenhum combateu a ditadura militar. São administradores que governaram sob a égide de uma conquista da democracia brasileira - a responsabilidade fiscal.
Eles estão deixando para trás, até por razões biológicas, o que é velho. Mão Santa, Freitas Neto, Alberto Silva, Hugo Napoleão e até Heráclito Fortes são luminares de um fazer político que está dando lugar a gente mais jovem, que aceita sim fazer acordos, mas que adota posturas e abordagens diferentes para agir como agentes públicos eleitos.
Qualquer que seja o eleito, é difícil imaginar uma campanha eleitoral em que se empregue práticas antes muito aceitas. Conchavos e compadrismo tendem a dar lugar a um diálogo mais direto com o eleitor. Há de se indagar sobre como ficam as lideranças políticas do interior, que exercem forte influência em suas bases. Simples: em vez de conduzir eleitores como manada, o líder local passa a desempenhar um papel de logística, sendo um replicador das idéias de seu candidato, fazendo com que o convencimento em favor delas se mantenha e se expanda.
Eis aí um cenário em que políticos senis não avançam porque acham que um bate-papo coronelista resolve a parada. Esses políticos vivem uma fase outonal, somente sobrevivendo que perceberem que precisam se reciclar ou, no caso de muita gente do PFL, se virem-se compelidos a marchar, ainda que a contragosto, ao lado de um político que não segue o padrão Petrônio Portella de ir para uma campanha.

Estão inventando uma terceira via

O lançamento da candidatura de Benício Sampaio (PDT) ao governo do Estado tem as digitais do ex-senador Freitas Neto. Ele está em Nova York, mas a movimentação é típica dele. Benício seria uma espécien de terceira via para os eleitores que não querem mais do mesmo, ou seja, votar nos perfis de grande similaridade representados pelo governador Wellington Dias (PT) e o ex-prefeito Firmino Filho (PSDB).
Benício, cuja única experiência política foi um curto mandato de 13 meses como senador, poderia capitalizar os descontentes de todos os lados. Essa possibilidade, aliás, está expressa nas declarações do deputado Elias Ximenes do Prado, que andou insinuando que o senador Mão Santa, já quase um não-candidato, poderia votar no candidato pedetista.
Faz sentido que Freitas Neto e Mão Santa estejam sim inventando essa terceira via. Os dois estão em partidos que não lhe abrem espaços e, sem isso, precisam mostrar o tamanho eleitoral este ano, sob pena de perecerem.
Vamos esperar a campanha para ver se Benício Sampaio decola e leva consigo os políticos enjeitados.

quinta-feira, maio 18, 2006

A morte do purismo petista

Em 1982, candidato a governador do Piauí pelo PMDB, Alberto Silva foi à Universidade Federal do Piauí para discutir suas idéias (sempre muito além do que comporta o orçamento) com estudantes.
Na platéia estavam muitos dos que hoje militam na política. Mas havia três jovens jornalistas: Magno Cerqueira, Paulo de Tarso Moraes e Roberto John Gonçalves da Silva. Os três militantes do PT davam expediente no Jornal da Manhã, dos irmãos José e Jesus Elias Tajra.
Alberto foi hostilizado por parte da platéia, que gritava: "Não, não, não. Não vem com essa não. Fascista é fascista, nunca é oposição". Era um grito petista contra o candidato que enfrentaria Hugo Napoleão, fina flor do que o PMDB chamou sabiamente (do ponto de vista publicitário) de oligarquia. Mas Alberto tinha sido governador indicado pelos militares no pior momento do regime. E os petistas sabiam disso e fizeram aquele protesto pontual.
Passaram-se 24 anos desde aquele protesto na UFPI. Alberto Silva não mudou nem um pouco. Ele permanece sendo um político que pensa em usar dinheiro público para realizar grandes obras (algumas delas de duvidosa eficácia), mantém intocável a sua biografia de conservador e certamente faria tudo de novo, inclusive apoiar um movimento militar que varreu para o lixo o direito do cidadão votar livremente.
Nesse intervalo de tempo (quase uma geração) quem mudou foram os estudantes que gritavam contra Alberto Silva, chamando-o de fascista. Roberto John, hoje secretário de Estado num governo do PT, está em Brasília. Sua voz não ecoa com a mesma força juvenil para dizer não ao velho cacique peemedebista que ele achava a encarnação do diabo autoritário. Como ele, tantos outros petistas mantém um silêncio obsequioso em relação aos movimentos para formar uma chapa em que a ideologia purista do PT será definitivamente enterrada. Sem direito a choro.
As eleições de 2006, como podemos ver, levam para uma cova rasa o que os petistas tinham de mais caro, que era a sua pureza ideológica. Esta morreu de uma patologia com nomes variados, mas que pode ser definida com uma palavra inusual: despudor.

Que vantagem, Wellington!

No final do jogo de xadrez da política piauiense, Wellington Dias parte com vantagem. E que vantagem!
Atraiu fatia expressiva do PMDB. É, a um só tempo, um tiro de morte na candidatura Mão Santa, e um golpe poderoso nos sonhos tucanos.
A inviabilização da candidatura Mão Santa significa dizer que a campanha deste ano, como a de 2002, deve ser definida no primeiro turno. Simples: é um segundo turno adiantado, com apenas dois candidatos com chances efetivas. O eleitorado se dividirá entre Wellington Dias e Firmino Filho.
De partida, Wellington acumula maior força. Cabe a Firmino, agora, arregaçar as mangas e correr contra o tempo e a favor dos votos.
A Mão Santa restará o papel desempenhado em 2002: despejar voto num candidato que não é o do seu partido, embora agora não por escolha, mas por pura falta de opção. Além disso, a eleição vai medir o poder de Mão Santa em transferir voto para um candidato que em outros temos empolgou seus aliados; hoje, não mais.

Um senhor desembargador

O Tribunal de Justiça do Piauí se enriquece com a posse de Fernando Carvalho Mendes na vaga de desembargador.
Dr. Fernando é reto, discreto e conhecedor do Direito como poucos. Consegue juntar o rigor técnico e a sensibilidade humana numa só pessoal.
Ganha o Tribunal. Ganha muito a Justiça do Piauí.

terça-feira, maio 16, 2006

Cláudio Bastos, um exemplo para o Ministério Público do Piauí

Em Beneditinos, o promotor de Justiça Cláudio Bastos conseguiu uma vitória importante contra o nepotismo. A juíza da comarca acatou pedido dele em ação civil pública e determinou o afastamento dos parentes nomeados pelo prefeito e pelo presidente da Câmara.
Bastos tomou a iniciativa de propor a ação há cerca de dois meses. Depois que ele abriu o caminho, a Procuradoria-Geral de Justiça resolveu determinar que os prefeitos fossem notificados a demitir a parentada. Uma medida respaldada na Lei Orgânica do Ministério Público, mas tímida diante da necessidade de se tirar parentes do serviço público.
A atuação de Cláudio Bastos deveria servir de exemplo para o Ministério Público do Estado do Piauí, instituição que parece ainda não ter feito a sensacional descoberta de que o seu papel é ser advogado da sociedade, para defender os interesses coletivos, sem se importar com o governante de plantão.

Solidão política

Olho o movimentar das pedras do tabuleiro de xadrez da política piauiense e percebo que quem tenta ser muito esperto termina ficando sozinho. Passa a viver numa grande solidão política. Tanto fazem para atingir esse objetivo que espantam aliados antigos e potenciais aliados futuros.
Um senador e um ex-senador piauienses, atualmente no jogo político, sabem muito bem do que se está falando aqui.

Alckmin é a vítima mais famosa da barbárie paulistana

Geraldo Alckmin é a mais notável das vítimas produzidas pela onda de violência que tomou conta de São Paulo. Foi o governo dele quem ficou feito parvo enquanto os bandidos ditavam as regras, matando, assustando, deixando a cidadania em pânico.
Improvável que os atos de selvageria deixem de respingar na imagem do ex-governador de São Paulo. Difícil que a morte de gente de bem, policiais que cumpriam o dever, não venha a assombrar a campanha do tucano como fantasmas insistentes.
Melhor para Lula, que vive falando a tolice do crime como resultado da pobreza. Ele pelo menos pode dizer que combateu a criminalidade distribuindo sua bolsa-esmola a milhões de miseráveis.

Corrida aos votos de Hugo

Conhecida a decisão de Hugo Napoleão de ser candidato a senador, começa uma nova correria: a corrida pela atração das lideranças antes comprometida com a candidatura de Hugo a deputado federal. São muitos os prefeitos e ex-prefeitos, que agora passam a ser disputados a tapa.
Nomes referencias nesse time são os de Gustavo Medeiros, prefeito de União, e Roberth Paes Landim, de São João.

segunda-feira, maio 15, 2006

Promessa é para ser cumprida

O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, fez uma defesa simples e irretocável da decisão do boliviano Evo Morales de privatizar as empresas de gás. Em entrevista à TV espanhola, Chavez disse: “Morales está cumprindo promessa de campanha, como fez Zapatero. Zapatero prometeu, se eleito, retirar as tropas espanholas do Iraque; e cumpriu. Morales prometeu privatizar as empresas de gás. E cumpriu”.
Morales foi eleito muito por isso: por oferecer uma perspectiva de defesa de interesses nacionais, onde o gás sempre foi a discussão mais importante.
Não quero dizer se é ou não uma medida adequada, ou se traduz um atrasado modelo de Estado. O que quero dizer é que promessa de campanha é para ser cumprida. Infelizmente, essa não é a regra na América Latina – e de modo especial no Brasil. Pior: o eleitor não faz da promessa um compromisso a ser cobrado, como se prometer o irrealizável fosse uma esperteza consentida (e autorizada) ao político no afã de se eleger. Como se prometer fosse uma coisinha inocente, sem efeito.
Vamos lembrar a última campanha presidencial, particularmente do vitorioso, Lula.
Lula prometeu criar 9 milhões de empregos, ou algo assim.
Nem de longe chega a esta marca. E nem por isso será cobrado como presidente, sequer como candidato em busca da reeleição.
Lula prometeu um choque na área social.
Muito longe disso. Se houve choque foi no econômico: chocou Deus e o mundo com uma política econômica mais conservadora que a liberalíssima Era FHC.
As promessas impossíveis só deixarão de existir quando acontecerem duas coisas: 1) quando o eleitor deixar de legitimar os “milagreiros” (ou irresponsáveis) que prometem o impossível; 2) quando, no caso de “engolir” uma determinada proposta, punir aquele que não fizer o que prometeu.

domingo, maio 14, 2006

Xadrez político quase no fim

Esta semana será decisiva para a conformação do cenário eleitoral deste ano no Piauí. Três grupos fazem os movimentos finais do equilibrado jogo de xadrez: o lado governista, comandado pelo PT de Wellington Dias; o grupo de mais clara oposição, com Firmino Filho à frente; e o PMDB, meio oposição, meio governo. O PMDB pode decidir muita coisa, especialmente para Wellington Dias. Sem o apoio do partido, o projeto de reeleição de Dias perde muita força.
Dentro do PMDB, o nome com força eleitoral é Mão Santa. Mas quem tem o peso da balança é João Henrique: ele pode decidir os rumos da sigla – e a uma só vez o futuro de Mão Santa e Wellington Dias.
Na oposição, Firmino Filho respirou aliviado com a decisão do PFL de, enfim, apostar na candidatura de Hugo Napoleão ao Senado. Ela fortalece muito a chapa, que ainda precisa ver qual o destino do PP de Ciro Nogueira. A idéia é entregar ao grupo de Ciro o posto de vice-governador. Mas os “progressistas” podem seguir para qualquer um dos três lados – e assim o rumo do partido é capital para Firmino.
Mão Santa quer primeiro ser candidato, vencendo a disputa interna. Depois, quer atrair aliados. Entre eles o PP. Uma candidatura Mão Santa com o PP seria um perigo. Por seu lado, Wellington com parte do PMDB mais PP e o PTB (leia-se JVC), seria poderosíssimo.
Traduzindo todo esse embaralhado cenário para bom português, significa dizer que as alianças eleitorais deste ano ainda estão abertas. E as possibilidades são amplas, muito amplas, podendo favorecer (ou prejudicar) qualquer das partes. Tudo isso a um mês das convenções.
A sorte é que todo o suspense deve terminar esta semana. A primeira jogada importante já foi dada: Hugo é mesmo candidato a senador. O próximo lance será a definição de João Henrique, quer dizer, do PMDB. Em seguida Ciro Nogueira encerra o jogo.
E aí, sim, com todas as coalizões fechadas, começa a campanha.. Enfim!!!

Sim. O Senado, sim!

O ex-governador Hugo Napoleão fez ouvido de mercador para os conselhos contrários à sua candidatura ao Senado. Ao invés de escutar alertas quanto ao poder do PJC, preferiu escutar a voz das pesquisas. Quer dizer, os sussurros das ruas. E na avaliação popular, Napoleão tem ampla folga sobre o segundo e terceiro colocados (que nem serão candidatos: Freitas Neto e Alberto Silva)
Está decidido: será mesmo candidato ao Senado.
É certo que ainda vai espera os resultados de umas pesquisas específicas, sobre as quais terá pleno acesso. Mas deve anunciar a candidatura quarta-feira.

Firmino agradece - Era tudo o que Firmino Filho queria. Firmino tem um bom perfil e boa aceitação popular, mas estava meio só na campanha. Um palanque de uma perna só. Com Hugo ganhar um bom suporte popular, além do envolvimento mais forte do PFL. Se conseguir atrair o PP de vez, aí terá um palanque bem assentado.

Outro partido, o PPP

Recebi um e-mail de um nome influente da política piauiense. Chegou via e-mail (fenelonrocha@globo.com) fazendo considerações sobre a força do PJC, o Partido do João Claudino. Diz que Seu João é grande, sua força enorme e merecida pelo trabalho que realizou e realiza. Mas faz uma observação: maior que PJC é o PPP. Isto é, o Partido do Povo do Piauí.
Acrescenta que a política do Piauí rejeita os pratos feitos.

O Tamanho do PJC

Uma perguntinha:
Qual é o tamanho do PJC - o Partido do João Claudino?
Certamente não é pequeno, que Seu João sempre cultivou muitas e sólidas amizades.

sábado, maio 13, 2006

Frase da Semana

"O governo Lula é violento com o caseiro, para acobertar a corrupção e fraquinho, fraquinho para defender os interesses do Brasil"
Geraldo Alckmin, dia 12/05, em Salvador, sobre a crise com a Bolívia
Ver mais: www.estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2006/mai/12/69.htm

Sem essa de Senado?

Apesar dos excelentes números nas pesquisas, tem gente aconselhando Hugo Napoleão a não entrar para o Senado. Tudo porque, segundo dizem, o PJC – ou seja, o Partido do João Claudino – é maior do que PFL e PSDB juntos. Digo, o PFL e o PSDB excluidos os integrantes do PJC que estão lá só pro forma.
Na segunda-feira saberemos se o recado foi levado em conta. Ou se Napoleão fez ouvido de mercador.

Péssimo Congresso ajuda Lula

A história do Congresso é cheia de escândalos. Mas poucas vezes tantas estiveram tão concentrados em uma mesma legislatura. Desde 2003, sobraram escândalos, onde se destacam o do mensalão e o das ambulâncias, intercalados por um monte de impunidade. Foi pizza de deixar italiano com inveja.
E esse péssimo Congresso é uma bênção paras as pretensões de Lula, em busca de um segundo mandato.
O governo do PT também foi duramente alvejado por um monte de escândalos, alguns deles cabeludos, revelando uma sede de poder sem limites. E de novo o mensalão ocupa o lugar de “estrela” da maracutaia, envolvendo o grosso da cúpula petista.
Tantos escândalos seriam suficientes para minar as pretensões de reeleição de Lula. Mas não. Há um Congresso que matiza as referências relacionadas ao governo.
As principais críticas a Lula estão dentro do mesmo Congresso, que hoje não desfruta de imagem positiva. Muito longe disso. E aí as críticas perdem força, por mais fundadas que sejam.
Assim, entre um escândalo que enlameia o governo Lula e outro que emporcalha o Congresso, tudo se resume a um jogo do sujo falando do mal lavado. E o povão vai ficando com aquele que pelo menos tem carisma.

sexta-feira, maio 12, 2006

Abdias Silva, uma referência

Em janeiro de 1986, tive uma primeira conversa com o jornalista Alexandre Garcia, então diretor da TV Manchete. Nesse encontro, recebi uma proposta de trabalho. E também ouvi manifestações de paixão. Depois das primeiras palavras e de minha identificação como piauiense, Garcia entabulou a pergunta: "Você conhece o Abdias Silva?"
Claro, conhecia o Abdias de ver seu trabalho, da referência como piauiense da gema e jornalista sem reparos. Mas Alexandre conhecia muito mais. Foi seu colega no jornal do Brasil, e fez dele uma referência. Tornaram-se compadres. Mais que isso, tornaram-se amigos. E quando Alexandre falava de Abdias falava com paixão. Dupla paixão: a do jornalista que reconhecia o exemplo, e a do amigo que não deixava de enxergar as qualidades do extraordinário ser humano.
Abdias foi mestre de muitos. Paulo José Cunha, outro piauiense que passou pela velha escola do JB, pode falar horas e horas do trabalho desse mestre que tinha prazer em moldar talentos. Esse trabalho ele fazia naturalmente, dando dicas, orientando condutas, oferecendo o exemplo.
Abdias Silva se foi. Mas segue dentro de cada jornalista que ama e luta por esta profissão.

Tá ou não tá acertado?

Deu no blog do Josias Souza, da Folha: "PSDB e PFL acertam data do anúncio da coligação".
Pelo título, pode-se pensar que a candidatura de Geraldo Alckmin enfim se organizou e que a novela da aliança com o PFL vai chegando ao fim. Nada!
Não tem nada de acertado. Nem data. Nem mesmo lugar. Basta ver o texto do blog:
"O tucano Geraldo Alckmin acertou a data do anúncio formal da coligação do PSDB e do PFL em torno de sua candidatura. Será no próximo dia 26 de maio, uma sexta-feira, ou 29 de maio, uma segunda. Decidiu-se também o local: será no Estado do candidato a vice de Alckmin, a ser escolhido na próxima quinta-feira, em eleição prévia do PFL.
Se o vitorioso nas prévias pefelistas for o senador José Agripino Maia, líder do PFL no Senado, a aliança será celebrada no Rio Grande do Norte. Se for o senador José Jorge, o anúncio ocorrerá em Pernambuco. Em qualquer das hipóteses, contará com a presença de Alckmin e das principais lideranças dos dois partidos".
Isso é que é esclarecer tudo nos míííínimos detalhes.
Para ver a matéria completa, vá no endereço abaixo:
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2006-05-07_2006-05-13.html#2006_05-11_22_58_24-10045644-0

quinta-feira, maio 11, 2006

Lula deixa de liderar lá fora

A política externa era uma das poucas coisas elogiadas no governo Lula. Era! Nao é mais.
Hoje o grande líder da América Latina é Hugo Chavez, o presidente da Venezuela. Lula ainda fala pela força do Brasil, a maior economia da América do Sul. Pessoalmente perdeu importância.
E isso repercute, como na reportagem do The Economist, importante jornal inglês.
O título da reportagem é revelador: "A diminuição do Brasil". Sobre a reunião da Cúpula Europa-América, o subtítulo acrescenta que "O presidente do Brasil, Lula da Silva, foi humilhado por Hugo Chávez, da Venezuela"
Diz mais: "Muitos brasileiros reclamam que seu presidente está se tornando um espectador irrelevante em seu próprio quintal". Segundo a reportagem, a resposta do presidente Lula à nacionalização das reservas de petróleo e gás da Bolívia foi "débil".
Veja ampla reportagem da Folha sobre o texto do The Economist no endereço abaixo:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u107621.shtml

Bispo Rodrigues, o repaginado

Acabei de conversar com a Lis Melo, que tem elevado bom gosto e a extremada competência para as artes gráficas.
Ele disse que o Bispo Rodrigues, aquele bandido deputado (ou seria deputado bandido?)preso na operação Sanguessuga estava muito diferente de quando batia ponto na Câmara e na igreja do Bispo Macedo.
Sim, de fato, o homem apareceu repaginado. Trocou aqueles ternos horríveis e cabelo gomalinado por um estilo casual chic, com cabelos em tons mais claros. Era outra pessoa, apesar das algemas.
Lis tem uma opinião: o Bispo Rodrigues se disfarçou de gente bonita para iludir os eleitores do Rio de Janeiro.
Faz sentido.

O Senado e o PFL

O PFL do Piauí vive um momento esquisito: não tem candidato a governador, fechou uma aliança com o PSDB e faz de tudo para não levar adiante um projeto que o conduza ao poder.
O partido está no chove-e-não-molha para a indicação de candidato a vice na chapa de Firmino Filho e seus dois mais caciques atualmente - Mussa Demes e Heráclito Fortes - parecem fazer corpo mole na escolha de um candidato a senador.
Pelo que se percebe, a caciqueria pefelista não quer um candidato a senador que atrapalhe a vida do empresário João Vicente Claudino, já determinado como o nome que fará companhia a Wellington Dias na disputa por uma vaga no Senado.
Como nada se define, a candidatura de Firmino Filho segue sendo uma obra de um homem só. Sim, porque os caciques pefelistas parecem mais interessados em salvar a pele e as amizades. Poder mesmo, parece que preferem deixar para 2010. Seguem a trilha dos tucanões federais, que estão fritando Alckmin em óleo quente.

Voto de protesto à vista

Enquanto avaliava se seria ou não candidato ao Senado, o deputado Ciro Nogueira mandou realizar pesquisas qualitativas e quantitativas. E as qualitativas revelaram a possibilidade de voto de protesto. Especialmente para o Senado, haverá voto de protesto.
O motivo é simples: a disputa está sendo montada de maneira artificial, agredindo a lógica das diversidades políticas, que por sua vez representam as diversidades de sentimento do eleitor. O Piauí conhece bem o que pode representar esse tipo de armação.
Na eleição para o governo de 94, o eleitor esperava um confronto entre Hugo Napoleão e Wall Ferraz, mas acabou sendo entre Átila Lira e Mão Santa. Deu o inesperado: Mão Santa, com uma boa parcela de votos de protesto. Caso como o de José de Freitas em 2000 ou mesmo a disputa pelo governo em 2002 revelam que o povo não engole passivamente o "prato feito". Daí a expectativa de votos de protesto nas eleições deste ano, sobretudo para o Senado.
Pode haver ainda mais voto de protesto pelas expectativas frustradas. Há um segmento importante da cidadania que vem brigando por mudanças há décadas. O PT sempre prometeu ser esta mudança. Não foi. Nem de longe. E assim deixa órfão e desiludido um número bastante razoável de pessoas.
E daí pode surgir outra quantidade importante de votos de protestos.

Ciro e o esquema pró-JVC

Num momento em que todos os políticos andam pisando em ovos e cultivando o medo, o deputado Ciro Nogueira teve a coragem de dar uma entrevista aberta. Falando ao Portal AZ (www.portalaz.com.br), ele não evitou os temas polêmicos. E foi direto ao ponto fundamental da composição de todas as chapas desta eleição no Piauí: o enorme esforço de João Vicente Claudino (com o suporte e coordenação de Seu João e mais o apoio de governistas e pefelistas) para ser candidato sem um adversário viável.
A candidatura de JVC é o principal problema para composição tanto da chapa de Firmino Filho como da coalizão de Wellington Dias.
JVC sabe de seus limites como candidato: tem um suporte de recursos excepcional. Mas falta um apelo popular robusto. Enfrentando um candidato robusto, pode ficar a ver navios.
O PT faz o jogo deçe, e negocia vice, negocia candidaturas para estadual e federal. Só não negocia a vaga de Senador - esta é para JVC.
Na oposição, a cúpula do PFL aceita ficar com a vice e abre mão de quase tudo. Menos da decisão de não colocar alguém de peso na disputa pelo Senado. O único problema é que a entrevista de Ciro deu nomes aos bois. Ou melhor, número aos bois, mostrando que Hugo Napoleão lidera com folga as pesquisas, seguido de Freitas Neto e Alberto Silva. Nesse quadro, alguns pefelistas estão exigindo a candidatura de Napoleão.
É ver se essa idéia será assimilada. Sim, porque tem o JVC. Lembram?

Roberto Freitas. Por méritos

Nao há nenhuma garantia que venha a ser escolhido ministro do STJ, mas a participação na lista tríplice para escolha do novo ministro do tribunal já é uma vitória do advogado piauiense Roberto Gonçalves de Freitas Filho. E chega à disputa final por um critério fundamental: méritos.
Roberto tem amplas credenciais técnicas e reconhecimento nacional. Entre outras coisas, foi presidente da associaçao brasileira de defensores. E tem uma conduta ética acima de qualquer comentário.
A lista - que além de Roberto Freitas é integrada por um advogado do Rio e uma de São Paulo - vai agora para as mãos do presidente da República. Cabe a ele decidir qual dos três vai substituir o ministro José Arnaldo da Fonseca, aposentado no ano passado.
Se Roberto chegar lá, ganhará o Piauí, pelo reconhecimento. Mas ganhará sobretudo o STJ e a Justiça brasileira.

Desculpas - Pode ser pela distância. Pode ser por aqueles mistérios da Internet. Mas não participei do blog nos últimos dois dias por problemas de acesso. Volto hoje com os devidos pedidos de desculpa.

quarta-feira, maio 10, 2006

Choro sentido, verdadeiro

Num país que despreza a educação, a ética e a probidade, é de se lamentar com choro sentido e prolongado a morte do educador Flávio Marcílio Rangel, diretor do Instituto Dom Barreto, uma escola que seguramente produziu algumas das melhores mentes do Piauí.

segunda-feira, maio 08, 2006

Cristiano Machado versão século 21

Mesmo de longe - e bem de longe - é possível perceber com a clareza do dia que o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, candidato tucano a presidente da República, é uma espécie de Cristiano Machado do século 21.
Aliás, para chegar a essa condição ele conta com o luxuoso auxílio de José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati, Aécio Neves e de todo o PFL, incluindo o do Piauí, que localmente parece se esforçar com o mesmo interesse em relação a Firmino Filho.

Temporada de demissões

O Ministério Público do Piauí está notificando prefeitos e presidentes de Câmaras Municipais a demitirem parentes. É uma boa iniciativa que certamente resultará numa onda de desemprego consanguineo.
Como primeiro resultado da notificação do "Parquet", a Associação Piauiense de Municípios tem aconselhado juridicamente os prefeitos a seguirem a orientação de afastar os parentes.
Isso porque o MPE já avisou que vai ingressar com ação civil pública contra os prefeitos. Eles podem responder por improbidade administrativa. Há farta base constitucional em apoio a uma ação desse tipo. Melhor: como quem denuncia (o MPE) e quem julga (O Judiciário) foram compelidos a cortar primeiro a carne familiar, é líquido e certo que judicialmente a guerra dos prefeitos contra o nepotismo está irremediavelmente perdida.
Aliás, a primeira derrota nessa guerra perdida pode ser sofrida pelo prefeito e o presidente da Câmara Municipal de Beneditinos, que estão sendo processos pelo promotor da cidade, Cláudio Bastos, que pede na Justiça a demissão dos parentes dos dois.

Fala, Marcus Peixoto

Cinco perguntas para Marcus Peixoto, o publicitário criador da Micarina e do Piauí Pop. Marcus sempre esteve perto da política, mas nunca como político. E agora em 2006?

1. Quais são seus planos para este 2006 político?
Objetivamente, tenho um plano pronto e acabado que nao é político: fazer e fazer bem feito o Piauí Pop. Antes de um compromisso comigo e com os patrocinadores, é um compromisso com a comunidade. Não me permito decepcionar.

2. Mas pode ou não pode sair a candidatura a deputado federal?
Olha, não posso dizer que não abraçaria uma candidatura. Mas não fiz esse projeto, não tenho esse sonho. Fico feliz por meu nome ter sido lembrado pelo blog e mais feliz ainda das pessoas terem recebido muito bem essa lembrança.

3. Você já conversou sobre isso com o PSDB?
Não. Alguns amigos, uns do PSDB e outros sem vínculo com o partido me fizeram sondagens e estimularam. Mas não discuti isso com profundidade. Estou muito envolvido com o Piauí Pop para pensar noutra coisa.

4. O que precisaria para ver o Marcus candidato?
Precisaria muitas coisas. A primeira de todas, votos (risos). Sinceramente, para ser candidato precisaria que esse não fosse um projeto do Marcus, mas de muito mais gente. Uma candidatura pessoal não contribui com a sociedade. E creio que a sociedade já está cheia dos oportunistas. Não quero ser mais um.

5. Falando como tucano, dá para pensar em vitória?
Ainda estamos muito longe das eleições e todos têm possibilidades: Mão Santa, o governador e Firmino. Especificamente quanto ao Firmino, vejo como um perfil muito positivo: é jovem, experimentado, tem idéias muito claras para mudar o Estado e é muito trabalhador. Além disso, é popular. Portanto, tem todos os ingredientes para ser vitorioso. Quanto a mim, não há candidatura. Pelo menos por enquanto (risos).

Artigo premonitório?

No dia 31 de maio do ano passado, no site www.vocehoje.com.br, em tom de blague, publiquei um artigo intitulado A invasão da Bolívia. Mas o que era piada virou assunto de Estado ou da ausência do Estado, já que Lula agiu como um cão caído de caminhão de mudança, não sabendo o que fazer diante de um ato de força contra uma empresa brasileira. Repito-o aqui porque o tema, a despeito de não ter relação direta com a eleição, certamente será muito explorado pela oposição ao presidente:

"A INVASÃO DA BOLÍVIA

A Bolívia é uma espécie de não-país. Embora lá exista uma população, um governo, uma Constituição, um Congresso e um Judiciário, sinceramente é difícil acreditar na existência da Bolívia. Parece lenda, uma coisa imaginada por algum escritor inventivo, como Gabriel García Márquez. Na Bolívia existem os cocaleiros. São índios pobres que cultivam folhas de coca, mascadas nas alturas andinas como se fossem chicletes. As folhas produzidas na Bolívia têm seu valor agregado pelo refino em outro não-país, a Colômbia.

Apesar de ser um não-país, a Bolívia tem aquele charme que encanta os esquerdistas. Foi lá, por exemplo, que morreu o idolatrado guerrilheiro Ernesto Che Guevara, tomado por um delírio típico dos anos 60, de fabricar um mundo novo a partir de uma mistura de idéias que não funcionavam e lirismo juvenil.

O charme boliviano agora é encarnado por um certo Ivo Morales, líder dos cocaleiros, que conseguiu mobilizar os pobres de seu país contra as empresas de petróleo – entre as quais a Petrobrás, responsável por 15% de toda a riqueza produzida por lá, que é coisa pouca, menos do que produz o Ceará, que não teve a sorte de concentrar reservas de gás natural, mas deu um pouquinho menos azar com seus políticos.

Como resultado da mobilização de Morales e seus índios alugados (figura que Gabriel García Márquez usa em um de seus contos), a Bolívia acaba de nacionalizar as suas reservas de gás natural. Além disso, estabeleceu uma lei com pesada tributação sobre a prospecção de hidrocarbonetos. Não sem razão, os donos do dinheiro preferem não investir um centavo nos Altiplanos, com medo de perder tudo.

Donos da bola, os bolivianos resolveram mudar a regra de um jogo no qual eles poderiam ganhar mais se mantivessem as coisas como elas estavam. Em vez disso, preferiram seguir por uma regra que, na prática, estatiza e nacionaliza tudo. Num país dominado por uma elite branca e corrupta, que sempre manteve os índios em seu devido lugar (a pobreza secular e absoluta), estatização e a nacionalização combinam com roubalheira e concentração de renda. Sem poupança própria, os bolivianos correm o risco de tornar real aquela figura de linguagem do alagono Djavan: “...sabe lá o que é morrer de sede em frente ao mar?” ou mesmo morrerem de fome sobre um gigantesco tesouro. E, pior: manter a elite cada vez mais rica, porque ela disporá dos mecanismos para favorecer a si, e somente a si, na exploração das riquíssimas reservas de gás natural e petróleo.

Ao agir dessa forma, o governo boliviano, sob pressão do populista Morales e de outras forças nacionalistas e populistas, contraria os interesses brasileiros. O gás natural necessário no Brasil vai se tornar mais caro. A indústria brasileira que tanto precisa desse insumo energético terá que adiar seus planos de expansão de fábricas por todo o país – o nosso Piauí incluído.

Como os interesses brasileiros foram contrariados nas atuais circunstâncias da sempre instável Bolívia, não seria de toda má a idéia de Norbelino Lira de Carvalho, engenheiro, escritor e inventor de saídas para situações as mais complicadas. Norbelino defende a ocupação militar da Bolívia, para restabelecer a ordem jurídica anterior, que resguarda os interesses da Petrobrás. Mas há um problema de legitimidade: como o Brasil também não é dos melhores no respeito aos contratos, ficaria difícil justificar o uso do dinheiro do contribuinte para mandar nossos soldados ocuparem La Paz. Norbelino, porém, acha que os soldados brasileiros precisam de uma ação militar de verdade, em que haja real interesse do país – não aquela coisa de ir para o Haiti evitar que os haitianos se matem ou desembarcar no Timor Leste para assistir ao parto de mais um país pobre. Faz algum sentido mesmo: ir para a Bolívia, defender os interesses brasileiros por lá (pode até usar a velha desculpa de defender a democracia etc.) e ainda por cima dar aos militares uma experiência verdadeira".

Lenda vira verdade

Nos anos 70, quando ser comunista era um pecado capital, dizia-se uma piada sobre dois velhos caciques políticos piauienses, Waldemar Macedo, que já morreu, e José de Castro, que está vivo e muito vivo.
A piada consistia em afirmar que quando os comunistas tomassem o poder no Brasil, Macedo e Zé de Castro seriam os primeiros da fila no novo regime, se apresentando como vermelhos de primeira hora.
Bem, os comunistas não chegaram ao poder e, no caso piauiense, nem são tão comunistas assim. Mas o tom vermelho tomou conta do poder no Brasil e no Estado, ainda que em nuances bastante suavizados e com um forte pendor para a ortodoxia monetarista, longe do socialismo real clássico da economia planificada.
E o que aconteceu além disso? Waldemar Macedo não pôde se apresentar à fila como um vermelho convicto. Zé de Castro, muito ao contrário, cerra fileiras ao lado petista, através de seu filho Marcelo Castro e do genro, Sebastião Ribeiro, dirigente local do Dnit. Ambos são do PMDB, mas falam com paixão juvenil sobre o PT.

Prévias, PT e Ciro

As prévias internas dos partidos, utilizadas para escolha de candidatos, são um recurso democrático. Mas são mais que tudo um enorme esforço de propaganda e antecipação das campanhas efetivas.
As prévias são uma marca das campanhas dos Estados Unidos – e com elas surgiu a idéia de campanhas permanentes: os partidos fazem campanha para as prévias e depois para as eleições reais. E assim, nunca deixam de fazer campanha.
Não por acaso Marta e Mercadante ocuparam espaços e mais espaços de mídia nas últimas semanas. E ajudaram a desviar o foco da crise petista. No Piauí, no início de 2000 o então pefelista Ciro Nogueira foi sugerido a propor uma prévia no PFL. Ciro pensava em ser candidato a prefeito. Mas não necessariamente disputar a indicação. Não aceitou a idéia de prévia e ainda desistiu da candidatura – que voltaria a abraçar já no final de agosto. Quando Inês era morta há muito...

domingo, maio 07, 2006

O batom na cueca

O ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, abriu a boca. Disse que o esquema de valerioduto era uma ação deliberada do comando petista, que tinha como projeto arrecadar R$ 1 bilhão. E que há diversos Marcos Valério. Pereira disse mais: que Lula mantinha o comando do partido. Claro, repetindo as primeiras estratégias de Roberto Jefferson, disse que o presidente não sabia de nada.
Entenda: Lula comandava mas não sabia.
A frase acima tem dois elementos que costumam não andar juntos: comandar e desconhecer.
Os petistas estão dando pouca importância às declarações de Pereira, entre eles o próprio Lula, para quem Pereira simplesmente tem o direito de dizer o que bem entenda. Lula disse mais: que está no final de semana e só vai tomar pé das coisas na segunda-feira, “quando volto a trabalhar”.
Lula tem razão quando diz que Pereira tem o direito de falar o que bem entende. Mas não devia diminuir a importância das declarações. Melhor seria se ouvisse ao sempre lúcido senador Suplicy, para quem o fato merece de Lula mais atenção, inclusive um pronunciamento formal sobre o mensalão e outros tais.
Até porque quem conhece esse tipo de coisa sabe que uma declaração como a de Pereira pode ser só a primeira. Outras devem vir em seguida. Com o risco do ex-secretário mostrar a cueca com a marca de batom. Sim, porque até agora é só o que falta.

Os petistas somem

Em avaliação preliminar, é muito baixo o nível de comparecimento dos petistas à prévio que o PT faz em São Paulo, para escolha do candidato ao governo.
A baixa participação repete o desaparecimento dos militantes do partido. Não custa lembrar, em 2004, o que mais chamou atenção nas campanhas do partido (especialmente no dia da votação) foi a ausência dos militantes. Em todo o Brasil - talvez com exceção de Fortaleza, onde o PT local lutava contra as imposições do governo nacional do PT -, não havia bandeiras, nem camisetas, nem empolgação em um quadro inteiramente diverso do que costumava acontecer até 2002.
Pelo jeito, a militância perdeu o tesão. Por algo deve ter sido!

sexta-feira, maio 05, 2006

Tucanos tomam um rumo

Sem essa de repetir Átila Lira: o comando nacional do PSDB preservou o comando da campanha presidencial nas mãos de Luiz Gonzalez, o marketeiro de Geraldo Alckmin. Assim, sai de cena o pernambucano Antonio Lavareda, que foi o pesquisador oficial dos tucanos desde 1994.
A decisao dá unidade à campanha. Que estava para lá de desarticulada, sem rumo mesmo.
Agora, é correr contra o tempo e a desvantagem nas intenções de voto. Porque a vantagem de Lula é enorme. E com o suicídio da candidatura Garotinho, deve ter ficado ainda mais confortável.
Traduzindo: Gonzalez tem que mostrar muito serviço.

Wellington repete Firmino

O governador Wellington Dias repete Firmino Filho, que por sua vez imitou FHC.
Em 1998, FHC fez uma ampla coligação para esvaziar as oposições. PMDB, PFL, PP (à época PPB), PTB... Todos, formal ou informalmente, estavam apoiando a reeleição do presidente. Em 2000 foi a vez de Firmino fazer a mesma coisa na disputa pela reeleiçao em Teresina: para não ter a oposição do PMDB, entregou a vice. E fez uma ampla calizão que deixou somente o PT do outro lado - sim, só o PT, porque a candidatura tardia de Ciro Nogueira à prefeitura foi só pra constar.
Agora, novamente em um esforço pela reeleição e também falando com a força de ser governo (recursos! recursos!), Wellington repete a estratégia dos tucanos: tenta a aliança mais ampla possível para deixar a oposição o mais desminlingüida possível.
Essa é a razão do esmorecimento da candidatura de Ciro ao Senado. Wellington e Seu João estão jogando pesado. O primeiro para fragilizar Firmino e Mao Santa, adversários certamente perigosos, ainda mais dentro de uma coligação forte. O segundo, para não ter nenhum candidato viável contra JVC.
Até agora, o jogo está funcionando. Mas é Ciro quem faz a próxima jogada.

É o fim:
Acabou-se a candidatura de Garotinho à presidencia.
E a qualquer outra coisa - nem ele nem Rosinha poderão ser candidatos a nada, já que a governadora seguiu no cargo.
Mas, ficando aqui na Terrinha: alguém ainda acredita na candidatura Ciro Nogueira ao Senado?
Façam suas apostas, senhores...

quinta-feira, maio 04, 2006

Quanto vale

Né por nada não, mas o deputado Ciro Nogueira está vendendo caro o passe.
Quem dá mais? Quem dá mais?

Garotinho perde peso e voto

Após três dias de greve de fome, Anthony Garotinho perdeu 2,3 quilos de pesso.
As perdas em voto, certamente, foram muito mais significativas.
Essa greve é o famoso tiro no pé. Ou no juizo.

O otimismo de Firmino

O candidato do PSDB ao governo do Estado, Firmino Filho, é pura animação. No comitê de campanha, ninguém é mais otimista: anima os aliados, conta piadas agradáveis, é afável com todos. Parece viver o melhor momento. O ânimo é tanto que parece até que lidera as pesquisas de intenção de voto.
Mas são precisamente as pesquisas o motivo do otimismo do tucano. Não se pode negar que Firmino é um ótimo analista de pesquisas, talvez o único político do Piauí que saiba interpretar o conjunto de dados em forma de números, olhando as entrelinhas. Sabe, por exemplo, que numa eleição não basta o número bruto da intenção de voto: outras variáveis são determinantes.
Foi por esse entendimento, e por saber ler os dados, que apostou em Silvio Mendes e não em Freitas Neto para a prefeitura de Teresina. Estava certo! Simples: índices como rejeição conta muito, assim como a expectativa do povo - sobretudo em relação ao perfil que deve ter o ocupante do cargo em disputa.
Na fotografia das pesquisas que recebe, Firmino está muito bem em todos os itens fundamentais da formação do perfil de um bom governantes: é jovem, é visto como administrador competente, como dono de boas propostas para a transformação do Estado, não se mostra vulnerável em nenhum segmento do eleitorado e é percebido como honesto. Isso tudo dá uma base popular fundamental para quem deseja disputar uma eleição.
No quesito apoio político, que as pesquisas não avaliam, Firmino acredita ter um suporte bem consistente na capital e no interior. A soma geral que o tucano faz tem como resultado o otimismo. Um otimismo que, aliás, contagia seu entorno.
Agora, é cuidar de contagiar o povo.

Alckmin pode aprender com Átila

O deputado piauiense Átila Lira pode ensinar muita coisa ao candidato do PSDB à presidência, Geraldo Alckmin. Principalmente, Átila pode mostrar a forma mais fácil de perder uma eleição. Não que seja algo que um candidato deva aprender. Mas pode dizer algo de como ganhar uma disputa.
Em 1994, Átila era franco favorito. Nem Mão Santa acreditava que podia vencer. Mas Átila, à época no PFL, abriu mão do comando de sua própria campanha, espremido por lideranças muito mais expressivas. Ficou assistindo o circo pegar fogo. Neste 2006, passa algo parecido com Alckmin.
O ex-governador de São Paulo é candidato de um partido que tem muita gente que se considera acima dele. Tasso, FHC, Serra e talvez até Aécio Neves olham o candidato de cima pra baixo. Quase com desdém.
Um exemplo é o comando operacional e estratégico da campanha. Tasso já empurrou goela abaixo a assessoria de Antonio Lavareda, que não se bica com Luiz Ganzalez, o marketeiro de Alckmin. Lavareda e Gonzalez são craques. Mas se não se entendem no campo pessoal, nada deve funcionar. Gonzalez já deu indicações que, desse jeito, pode simplesmente deixar o barco.
De fato, Alckmin não manda em quase nada da campanha. O ex governador não planejou o início da campanha, é certo. Vacilou feito! Mas tampouco a direção do partido tomou qualquer iniciativa.
E a base tucana vai ficando desgostosa. Os eleitores também: os números do presidenciável do partido despencam inclusive em São Paulo, deixando Lula crescer no principal reduto do país, que deveria ser a fortaleza do tucano.
Uma boa iniciativa de Alckmin seria chamar Átila, perguntar tudo o que aconteceu na campanha de 1994. Depois, fazer tudo ao contrário. Quem sabe, assim emplaca.

quarta-feira, maio 03, 2006

Garotinho e o Carne Assada

Para ser levado a sério pelo nobre e distinto público, político quem que se levar a sério. Digo isso a propósito da greve de fome de Garotinho. O ex-governador do Rio faz papel ridículo. E não fica barato esse tipo de gesto.
Brincar com o sentimento do povo tem limite.
E digo isso lembrando de uma histórica da Costa Rica. Lá, um candidato a deputado considerado eleito resolveu fazer um desafio na TV: se não conseguisse a eleição, atearia fogo no próprio corpo, em plena praça principal de São José, a capital do país.
Resultado: contra todas as previsões, perdeu. Foi comido pela porca.
Provocando que era amador – isto é, não era político – resolveu cumprir a promessa. Foi para a praça, se lambuzou de gasolina e acendeu o fogo. Foi salvo pelos bombeiros, que estavam de prontidão. Mas daí por diante ganhou um apelido: Carne Assada.
A sorte de Garotinho é que o fim de sua greve de fome não está nas mãos do povo. Cansado de ver político brincando com sua paciência, o povo poderia tentar ver até onde iria a seriedade da greve do ex governador.
E aí, tal qual o ridículo Carne Assada, Garotinho bem poderia pagar caro, morrendo de inanição.

As entrelinhas do fato

Não é por nada não, mas Zózimo Tavares parece até o Ronaldo no ataque do Real Madrid: está jogando sozinho, em matéria de análise política - essa coisa de olhar pros fatos e ler as entrelinhas. Olhar pra trás, enxergar o hoje e divisar o amanhã.
Paulo Fontenele faz falta, para fazer a tabelinha com ZT.

O vice da Assembléia

Política é assim: todo mundo se divide entre o interesse geral e o particular. Sendo que a maioria pensa mesmo é no particular, estando dentro ou fora do governo. Não por acaso, Wilson Brandão era o candidato a vice sonhado por quase todos os deputados estaduais de PSDB, PFL e PP. Talvez só o próprio Wilson pensasse diferente.
Por que essa preferência? Seria por que ele pode se converter num vice melhor que Mainha ou Jesualdo?
Nada disso. Isso nunca esteve em questão. Wilson sempre foi o candidato sonhado porque todos estavam de olho em seus redutos. Não custa lembrar, nas eleições passada ele chegou perto dos 40 mil votos. ninguém imagina que tenha menos que 25 mil este ano.
Se emplacasse como vice, deixaria um enorme espaço aberto, que seria ocupado quase totalmente pelos candidatos de partidos aliados.
O problema é que o cálculo da aliança encabeçada pelo PSDB é outro: Firmino precisa de maior suporte no interior, especialmente no sul do estado. Isso significa um nome da região e maior estreitamento com os prefeitos. É o que dá asas ao nome de Mainha, que além de tudo tem as bênçãos de Heráclito Fortes.
E, em sendo assim, muitos deputados sonharam; mas poucos fizeram questão de expor seu sonho.

Vice pesa no final

O pouco caso na escolha de um vice na chapa governista pode ser desastroso para os planos petistas. Não faz muito tempo o então prefeito Firmino Filho ficou preso à Prefeitura de Teresina, olhando o cavalo do Governo do Estado passar, selado, por medo de entregar o município ao seu vice Marcos Silva.
Hoje sabemos que Firmino Filho poderia derrotar Hugo Napoleão naquelas eleições, mas, à época, o prefeito não sabia como estaria o município após seis meses de administração de Marcos Silva. E se o Marcos não o apoiasse para o Governo? E se fizesse uma administração desastrosa que refletisse sobre Firmino Filho? E se Firmino perdesse a Prefeitura e o Governo, o que seria dos Tucanos?
De "se" em "se", o Prefeito Criança abortou o seu vôo tucano sobre o Karnak.
Caso Wellington Dias queira concorrer ao Senado, no final de um segundo mandato, ele terá de entregar o cargo ao seu Vice. Que nome poderá livrar o Governador da síndrome de Firmino?

(Este texto é a primeira contribuição do Américo)

Gary Hart, Brasil e Bérégovoy

Em 1984, concorria à Presidência dos Estados Unidos o charmoso senador Gary Hart, democrata do Colorado. Ele seguia bem, ganhando as primárias e era até apontado como capaz de derrotar o candidato republicado, George Bush (o pai), que estava numa boa em razão do excelente desempenho do então presidente Ronald Reagan. Mas, um dia, dois jornalistas bisbilhoteiros flagraram Hart saindo da casa da amante. A matéria ganhou mídia e o pré-candidato democrata terminou saindo da disputa, derrotado.
Passados 22 anos, pouca gente – mesmo jornalistas – lembra desse episódio tão ilustrativo para a política americana quanto para a política no resto do mundo. Pena mesmo que as lembranças sejam poucas, porque se permanecessem e houvesse um comportamento de severidade, certamente alguns dos candidatos presidenciais brasileiros já teriam renunciado a essa condição.
Sem mencionar Lula, cujo governo está irremediavelmente contaminado pelo vírus da permissividade (para não usar corrupção, termo favorito da oposição) e Geraldo Alckmin, tucano metido numa saia justa da elegância conjugal e negócios mal explicados do banco estatal paulista Nossa Caixa, olhemos fixamente para o peemedebista Anthony Garotinho. Sim, ele mesmo, que parece não representar o mais do mesmo.
Garotinho, evangélico, foi denunciado, entre outras malandragens, por envolver-se com uma empresa que tem como sócio um assaltante comum, desses que pegam um revólver e levam dinheiro de uma pessoa física. Outras duas empresas beneméritas de sua campanha sonegam imposto, são uma fachada para negócios escusos. E as três firmas foram beneficiadas com milhões do governo fluminense, comandado pelor Rosinha Matheus, mulher do Garotinho.
Numa situação aceitável, o político de Campos tomaria o rumo de casa, derrotado pela vergonha de ver-se envolvido em negócios pouco ortodoxos, que, em seu caso, não seria mera irregularidade cometida por agente público que vê no Estado um butim. No caso de Garotinho avista-se um assaltante de verdade e não um assaltante semântico, ou seja, o corrupto, o homem de colarinho branco. A sujeira, pois, é bem mais visível.
Ocorre é que Garotinho segue a trilha do político típico do Brasil: acusado, indigna-se, diz-se a vítima, proclama inocência, jura santidade, faz-se uma carmelita descalça, jejua como Cristo em seus 40 dias no deserto. Age de forma tão compungida que o eleitor chega a lhe dedicar piedade e até imediato perdão.
Estaria errado em fazer de conta que "isso não é comigo?" Na lógica da política brasileira, de modo algum. Lula finge que nada viu, Alckmin idem. Na Câmara promovem-se festivais de impunidade e, pelo país afora, a bandalheira, mesmo comprovada e geradora de processos judiciais, ganha o refresco dos recursos inesgotáveis, filhos diletos da impunidade que alegremente grassa no país que se recusa a punir corruptos.
Ante o desânimo que causa essa situação anormal, resta a esperança de que um dia políticos brasileiros, às levas, tenham a coragem do ex-primeiro-ministro francês Pierre Bérégovoy, que em 1 º de maio de 1993, denunciado por ter-se beneficiado com empréstimo de 200 mil francos, a juros favorecidos, para a compra de um apartamento, deu cabo de sua vida metendo uma bala no coco.