Gary Hart, Brasil e Bérégovoy
Em 1984, concorria à Presidência dos Estados Unidos o charmoso senador Gary Hart, democrata do Colorado. Ele seguia bem, ganhando as primárias e era até apontado como capaz de derrotar o candidato republicado, George Bush (o pai), que estava numa boa em razão do excelente desempenho do então presidente Ronald Reagan. Mas, um dia, dois jornalistas bisbilhoteiros flagraram Hart saindo da casa da amante. A matéria ganhou mídia e o pré-candidato democrata terminou saindo da disputa, derrotado.
Passados 22 anos, pouca gente – mesmo jornalistas – lembra desse episódio tão ilustrativo para a política americana quanto para a política no resto do mundo. Pena mesmo que as lembranças sejam poucas, porque se permanecessem e houvesse um comportamento de severidade, certamente alguns dos candidatos presidenciais brasileiros já teriam renunciado a essa condição.
Sem mencionar Lula, cujo governo está irremediavelmente contaminado pelo vírus da permissividade (para não usar corrupção, termo favorito da oposição) e Geraldo Alckmin, tucano metido numa saia justa da elegância conjugal e negócios mal explicados do banco estatal paulista Nossa Caixa, olhemos fixamente para o peemedebista Anthony Garotinho. Sim, ele mesmo, que parece não representar o mais do mesmo.
Garotinho, evangélico, foi denunciado, entre outras malandragens, por envolver-se com uma empresa que tem como sócio um assaltante comum, desses que pegam um revólver e levam dinheiro de uma pessoa física. Outras duas empresas beneméritas de sua campanha sonegam imposto, são uma fachada para negócios escusos. E as três firmas foram beneficiadas com milhões do governo fluminense, comandado pelor Rosinha Matheus, mulher do Garotinho.
Numa situação aceitável, o político de Campos tomaria o rumo de casa, derrotado pela vergonha de ver-se envolvido em negócios pouco ortodoxos, que, em seu caso, não seria mera irregularidade cometida por agente público que vê no Estado um butim. No caso de Garotinho avista-se um assaltante de verdade e não um assaltante semântico, ou seja, o corrupto, o homem de colarinho branco. A sujeira, pois, é bem mais visível.
Ocorre é que Garotinho segue a trilha do político típico do Brasil: acusado, indigna-se, diz-se a vítima, proclama inocência, jura santidade, faz-se uma carmelita descalça, jejua como Cristo em seus 40 dias no deserto. Age de forma tão compungida que o eleitor chega a lhe dedicar piedade e até imediato perdão.
Estaria errado em fazer de conta que "isso não é comigo?" Na lógica da política brasileira, de modo algum. Lula finge que nada viu, Alckmin idem. Na Câmara promovem-se festivais de impunidade e, pelo país afora, a bandalheira, mesmo comprovada e geradora de processos judiciais, ganha o refresco dos recursos inesgotáveis, filhos diletos da impunidade que alegremente grassa no país que se recusa a punir corruptos.
Ante o desânimo que causa essa situação anormal, resta a esperança de que um dia políticos brasileiros, às levas, tenham a coragem do ex-primeiro-ministro francês Pierre Bérégovoy, que em 1 º de maio de 1993, denunciado por ter-se beneficiado com empréstimo de 200 mil francos, a juros favorecidos, para a compra de um apartamento, deu cabo de sua vida metendo uma bala no coco.
Passados 22 anos, pouca gente – mesmo jornalistas – lembra desse episódio tão ilustrativo para a política americana quanto para a política no resto do mundo. Pena mesmo que as lembranças sejam poucas, porque se permanecessem e houvesse um comportamento de severidade, certamente alguns dos candidatos presidenciais brasileiros já teriam renunciado a essa condição.
Sem mencionar Lula, cujo governo está irremediavelmente contaminado pelo vírus da permissividade (para não usar corrupção, termo favorito da oposição) e Geraldo Alckmin, tucano metido numa saia justa da elegância conjugal e negócios mal explicados do banco estatal paulista Nossa Caixa, olhemos fixamente para o peemedebista Anthony Garotinho. Sim, ele mesmo, que parece não representar o mais do mesmo.
Garotinho, evangélico, foi denunciado, entre outras malandragens, por envolver-se com uma empresa que tem como sócio um assaltante comum, desses que pegam um revólver e levam dinheiro de uma pessoa física. Outras duas empresas beneméritas de sua campanha sonegam imposto, são uma fachada para negócios escusos. E as três firmas foram beneficiadas com milhões do governo fluminense, comandado pelor Rosinha Matheus, mulher do Garotinho.
Numa situação aceitável, o político de Campos tomaria o rumo de casa, derrotado pela vergonha de ver-se envolvido em negócios pouco ortodoxos, que, em seu caso, não seria mera irregularidade cometida por agente público que vê no Estado um butim. No caso de Garotinho avista-se um assaltante de verdade e não um assaltante semântico, ou seja, o corrupto, o homem de colarinho branco. A sujeira, pois, é bem mais visível.
Ocorre é que Garotinho segue a trilha do político típico do Brasil: acusado, indigna-se, diz-se a vítima, proclama inocência, jura santidade, faz-se uma carmelita descalça, jejua como Cristo em seus 40 dias no deserto. Age de forma tão compungida que o eleitor chega a lhe dedicar piedade e até imediato perdão.
Estaria errado em fazer de conta que "isso não é comigo?" Na lógica da política brasileira, de modo algum. Lula finge que nada viu, Alckmin idem. Na Câmara promovem-se festivais de impunidade e, pelo país afora, a bandalheira, mesmo comprovada e geradora de processos judiciais, ganha o refresco dos recursos inesgotáveis, filhos diletos da impunidade que alegremente grassa no país que se recusa a punir corruptos.
Ante o desânimo que causa essa situação anormal, resta a esperança de que um dia políticos brasileiros, às levas, tenham a coragem do ex-primeiro-ministro francês Pierre Bérégovoy, que em 1 º de maio de 1993, denunciado por ter-se beneficiado com empréstimo de 200 mil francos, a juros favorecidos, para a compra de um apartamento, deu cabo de sua vida metendo uma bala no coco.
1 Comments:
Vice, que ia ser muito suicidio. Ia ter que reativar a funeraria do Mao Santa, aquele programa Mao Na Cova - ou era Pé na Cova...
Aqui ou em Brasilia, ou em qualquer parte,ia ser um deus nos acuda!!
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