Lula, o aplauso fácil e o gol contra
Tive uma professora que me encantava pelo dom da oratória. Sabia como ninguém se apropriar do sentimento da platéia e dizer o que o público queria ouvir. Sempre encantava, qualquer que fosse o auditório.
Consegui ver dois discursos seus num mesmo dia. O primeiro, para uma platéia conservadora; o segundo, para um grupo de sindicalistas. Um discurso negava o outro. Mas ambos eram brilhantes. E encantadores, deixando a platéia boquiaberta.
Recordo de minha velha professora para chegar ao presidente Lula, esse homem sedutor, capaz de encantar todas as platéias, recorrendo a expedientes de oratória simples. Sempre se vale do sentimento comum da audiência para dizer o que a maioria quer ouvir. O único problema é que Lula às vezes esquece dos limites.
Foi assim na reunião com os empresários, quando respondeu a uma pergunta de Eugênio Staub sobre as reformas que precisam ser feitas nos próximos anos.
- Staub, não desperte o demônio que dorme em mim, porque o que dá vontade é de fechar esse Congresso e fazer o que deve ser feito.
Lula jogou com o descrédito do Congresso, o conservadorismo empresarial (que no passado apoiou golpes e coisas piores) e com um certo autoritarismo que é forte na América Latina e mais ainda no Brasil, conforme revelam seguidas pesquisas do Latinobarômetro. O presidente buscou o aplauso fácil, sem olhar para a (ir)responsabilidade de sua fala.
Primeiro, o Congresso pode ser uma droga mas não pode ser excluído do processo democrático. Se algo deve ser feito, é apostar em reformas que garantam uma nova postura política. E isso nem o presidente nem o seu partido tiveram a preocupação de abraçar nos últimos quatro anos.
Segundo, o empresariado brasileiro de hoje tem inequívocos compromissos com a democracia, às vezes mais que os partidos e os políticos.
Terceiro, não cabe a um presidente (nem mesmo como gracinha ou recurso retórico) insinuar a possibilidade de fechar um Parlamento. Lula pode até avaliar que ganhou votos ao criticar o Congresso e dizer da vontade de não levá-lo em conta; pode ter somado à sua campanha, mas fez um gol contra as instituições e a democracia.
Lula precisa aprender que jogar para a platéia não é tudo. Todo cidadão deve ter um compromisso coletivo mais amplo. E um dirigente político deve ter esse compromisso acima de qualquer outro fator.
Em nome de um jogo imediatista, Lula esqueceu-se disso.
E meteu um gol contra. Contra todos.
Consegui ver dois discursos seus num mesmo dia. O primeiro, para uma platéia conservadora; o segundo, para um grupo de sindicalistas. Um discurso negava o outro. Mas ambos eram brilhantes. E encantadores, deixando a platéia boquiaberta.
Recordo de minha velha professora para chegar ao presidente Lula, esse homem sedutor, capaz de encantar todas as platéias, recorrendo a expedientes de oratória simples. Sempre se vale do sentimento comum da audiência para dizer o que a maioria quer ouvir. O único problema é que Lula às vezes esquece dos limites.
Foi assim na reunião com os empresários, quando respondeu a uma pergunta de Eugênio Staub sobre as reformas que precisam ser feitas nos próximos anos.
- Staub, não desperte o demônio que dorme em mim, porque o que dá vontade é de fechar esse Congresso e fazer o que deve ser feito.
Lula jogou com o descrédito do Congresso, o conservadorismo empresarial (que no passado apoiou golpes e coisas piores) e com um certo autoritarismo que é forte na América Latina e mais ainda no Brasil, conforme revelam seguidas pesquisas do Latinobarômetro. O presidente buscou o aplauso fácil, sem olhar para a (ir)responsabilidade de sua fala.
Primeiro, o Congresso pode ser uma droga mas não pode ser excluído do processo democrático. Se algo deve ser feito, é apostar em reformas que garantam uma nova postura política. E isso nem o presidente nem o seu partido tiveram a preocupação de abraçar nos últimos quatro anos.
Segundo, o empresariado brasileiro de hoje tem inequívocos compromissos com a democracia, às vezes mais que os partidos e os políticos.
Terceiro, não cabe a um presidente (nem mesmo como gracinha ou recurso retórico) insinuar a possibilidade de fechar um Parlamento. Lula pode até avaliar que ganhou votos ao criticar o Congresso e dizer da vontade de não levá-lo em conta; pode ter somado à sua campanha, mas fez um gol contra as instituições e a democracia.
Lula precisa aprender que jogar para a platéia não é tudo. Todo cidadão deve ter um compromisso coletivo mais amplo. E um dirigente político deve ter esse compromisso acima de qualquer outro fator.
Em nome de um jogo imediatista, Lula esqueceu-se disso.
E meteu um gol contra. Contra todos.
2 Comments:
Gostaria de ter escrito este texto. Está muito bom.
CB, eu gostaria de ter escrito qualquer texto seu.
abs
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