sexta-feira, outubro 06, 2006

Prefiro acreditar em Papai Noel

Tenho recebido agora mais amiúde artigos de gente que defende o presidente Lula. A maioria fala de um confronto idéológico entre esquerda e direita. Chega a ser engraçado como essa gente enxerga esses fantasmas maniqueístas. Alguns me parecem que estariam melhor se houvesse uma máquina do tempo e fossem todos enviados para o Chile em 1973, para cobrir o bombardeio do Palácio de la Moneda.
Os artigos encaminhados a mim também atacam a imprensa, como editoriais de O Estado de S. Paulo e da Folha. Outro desperdício, porque os editoriais e artigos destes jornais "de direita" são melhor escritos que os artigos do pessoal "de esquerda", em geral carregados de vícios, de equívocos e de idéias manipuladas sobre o que é certo e o que é errado.
No rol das tolices ditas pelos que alimentam essa patética teoria conspiratória de direita contra o presidente Lula, existem aqueles que falam que a rede Globo "comprou todo mundo", numa clara demonstração de desconhecimento: a Globo não compra, a Globo vende. E vende para qualquer um que esteja apto e disposto a comprar. Ou comprá-la.
Portanto, esse teoria conspiratória contra Lula é algo ridículo. Pessoalmente, prefiro acreditar em outra lenda criada pela "direita": o Papai Noel. Pelo menos ele não é raivoso, não fica dizendo besteiras inacreditáveis a adultos racionais.
E só para que não me venham dizer que a "direita" malvada, perversa, que nada ganhou no governo de Lula, faz tudo para vê-lo fora do poder, segue abaixo um trecho de um artigo de Clóvis Rossi, publicado quarta-feira passada na Folha de S. Paulo:
"Disse Lula: "A única frustração que eu tenho é que os ricos não estejam votando em mim. Porque eles ganharam dinheiro como ninguém em meu governo". Uma frase, duas revelações, ainda que uma desnecessária. Primeira revelação (conhecida): os ricos é que realmente ganharam dinheiro em seu governo. Logo, a imagem de "pai dos pobres" é pura demagogia.
Os números dão razão a Lula: R$ 110 bilhões para remunerar os detentores dos títulos da dívida pública (todos ricos, alguns podres de ricos) e apenas R$ 7 bilhões para o Bolsa Família, destinados aos pobres entre os pobres. A segunda revelação é o incontido desejo, típico em novo rico, de ser querido e amado pelos "velhos ricos". Não há mal nisso. É humano. O mal está em apresentarem-se, ambos, como se fossem de plástico".