sexta-feira, setembro 29, 2006

Quantos serão os votos nulos?

As eleições deste ano apresentam uma desconcertante apatia. São duas as razões: de um lado, a legislação que arrefeceu o debate, favorecendo os que estão por cima da carne seca; de outro, o desencanto com a política, que já era grande e se tornou maior depois que as promessas de mudança do PT se transformaram em reiterada afirmação dos petistas de que tão-somente são iguais a todos os outros.
O resultado dessa soma é uma ampla desesperança que pode se traduzir em uma avalanche de votos nulos.
Um promotor que atua em município da região de Picos revelou ao Blog que nunca recebeu tanta consulta de eleitores sobre a forma de anular o voto.O promotor repetiu a receita várias vezes: “coloque zero e confirme, do começo ao fim”.
Note bem: esse questionamento verificou-se em uma cidade do interior, onde o poder crítico é menor, conseqüência da baixa escolaridade e da alta dependência do cidadão em relação ao poder político (e aos políticos que o controlam).
Em centros urbanos maiores, como Teresina, a tendência é que esse sentimento de desencanto seja ainda maior. E, assim, a possibilidade do eleitor optar pelo voto nulo pode ser mais ampla.
Tradicionalmente, a soma de abstenção, votos nulos e brancos fica em torno de 23 a 25%. Há quem avalie que este ano pode beirar os 30%. Se essa expectativa se confirmar, será um grande recado do eleitor.
Em concreto, o cidadão dirá que deseja uma nova política, bem distinta da praticada nos últimos anos, nas últimas décadas.