sábado, junho 03, 2006

Corrupção, o grande desafio

Não sei se a advertência veio da pessoa mais idônea, mas é muito pertinente o alerta do Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld: a corrupção é uma ameaça à democracia na América Latina.
Minha dúvida está no fato de que os Estados Unidos hoje não são um grande exemplo em matéria de probidade (ainda que esteja léguas à frente de nossa América Latina). Tampouco são exemplo eloqüente de democracia, pelos menos nesses últimos quatro anos, com permanentes agressões aos direitos essenciais do homem dentro e fora de suas fronteiras.
Mas Rumsfeld está coberto de razão ao dizer que a corrupção tem um caráter corrosivo aqui na nossa região. De fato, corrói a dignidade das pessoas, corrói as esperanças do cidadão, corrói a legitimidade dos governantes, corrói a eficiência administrativa. Corrói, sobretudo, a crença das pessoas no próprio sistema democrático, que no final das contas vai dando ao povo muito menos do que o esperado; e menos ainda do que devia.
Esse descrença vai sendo afirmada a cada momento, seja nas permanentes revoltas em países como Bolívia e Equador, seja no comportamento verificado particularmente nas eleições, em todos os cantos. Nos países onde o voto não é obrigatório, o efeito mais concreto é o baixo comparecimento às urnas, muitas vezes abaixo dos 50% (como na Colombia, há uma semana). No caso do Brasil, o eleitor revela seu protesto votando nulo ou em branco. Ou escolhendo um nome, digamos, anti-sistema. Não é por acaso que, de eleição em eleição, vamos encontrando os Qüém-Qüém da vida, como a mais clara manifestação de desconforto do cidadão com o quatro atual das coisas.
Este ano, na eleição presidencial, o protesto parece atender pelo nome de Heloísa Helena. Vai receber alguns votos convictos, ideológicos. Mas vai receber especialmente o voto da indignação; o voto de quem viu a senadora não se submeter às normas e reagir ao esquemão, sendo voz poderosa contra a corrupção e a falta de ética.
Heloísa Helena conquistou o respeito de muitos. Bem ao contrário de um número bem maior dos seus pares.

Para ver texto completo sobre as declarações de Rumsfeld, acesse:
http://www.estadao.com.br/ultimas/mundo/noticias/2006/jun/03/17.htm